tag:blogger.com,1999:blog-37075680040860237322024-02-19T03:19:19.648-08:00BLOG DO PADRE CÍCERODaniel Walkerhttp://www.blogger.com/profile/13137424418058559442noreply@blogger.comBlogger74125tag:blogger.com,1999:blog-3707568004086023732.post-3959097482789678602019-03-25T08:16:00.003-07:002019-03-25T08:16:40.319-07:00Juazeiro do Norte, a fé que construiu um mito - Professor José Urbano<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVQqElcM_PNbzbM6rhsQZFrT48HmOBjrPeQqeMS2PQvFzieVqbuFKs84GwlBZbgqylucZ3q7uNRsGKe7Mo_xQKTKQjAJchwIWfY2lm6RFnH4w3-MsgA1vnHbIXj9RcNhw_tocq3RIU2Vcj/s1600/image.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="627" data-original-width="265" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVQqElcM_PNbzbM6rhsQZFrT48HmOBjrPeQqeMS2PQvFzieVqbuFKs84GwlBZbgqylucZ3q7uNRsGKe7Mo_xQKTKQjAJchwIWfY2lm6RFnH4w3-MsgA1vnHbIXj9RcNhw_tocq3RIU2Vcj/s320/image.jpeg" width="135" /></a></div>
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Quando nos debruçamos sobre o estudo da formação social do nordeste, temos uma elenco de personagens que moldaram a identidade desta região do Brasil. Buscando memorizar a partir do século XIX, encontramos Antônio Conselheiro e sua Canudos, no sertão da Bahia; Antônio Silvino, Lampião e Corisco em destaque no cangaço; a musicalidade de Luiz Gonzaga e o multi facetado Cícero Romão Batista. Denomino este último personagem como a matriz religiosa do catolicismo nordestino, porém um homem que merece ser visto em 4 faces: o sertanejo anônimo até os 21 anos, assim como milhões de outros de sua época; o seminarista inquieto que tornou se Padre e foi arrebanhar cristãos no sertão do Cariri; o carismático articulador que deu independência ao povoado de Juazeiro do Norte, tornando-se o seu fundador e líder supremo; e o homem que tornou se Mito até os nossos dias. A vida deste personagem se prolongou por 90 anos, longevidade que o favoreceu para realizar tudo o que planejou, ou até mais do que havia sonhado. Órfão de pai aos 18 anos, se viu na responsabilidade de - mesmo imaturo - dividir com sua mãe a tarefa de garantir a sobrevivência, bem como a moral da família, composta por sua matriarca, duas irmãs e uma criada. Plenamente vocacionado para a evangelização, aos 21 anos é admitido como seminarista na distante Fortaleza, capital do seu Estado. Com recursos mínimos, apoio de um importante coronel, Cícero passa 5 anos estudando, longe da família. Retorna ao seu reduto sertanejo, para ser um padre como tantos outros naquela região. Mas seu perfil o molda em ser alguém fora do comum. A partir de um polêmico fenômeno - suposto milagre - vê a sua popularidade alcançar as fronteiras do estado. Questionado pelo seu Bispo, D. Joaquim Vieira, se acirra um tensionamento que nada tem de cristão, nos quesitos perdão, tolerância, caridade. Transpõe a hierarquia católica e as fronteiras do Brasil, e vai para o Vaticano, explicar-se ao Papa Leão XIII. Excomungado pela igreja e venerado pelo povo, Cícero só se fortalece a cada diversidade que enfrenta. Envolvido em causas sociais, rompe o século XIX e na aurora do século XX, desmembra o Juazeiro da cidade do Crato, firma o Pacto dos Coronéis, unindo 16 chefes políticos em torno do seu nome, e planilha a estrada do sertão ao litoral, criando as condições do apoio popular necessário para governar ou influenciar todo o estado do Ceará. Num polêmico ato, no ano de 1926, recebe Lampião, outro mito, no seu reino encantado do Juazeiro. De fala simples, sabedoria ímpar e carisma angelical, seus azulados olhos permitem uma visão futurista daquela sociedade. Extremamente hábil em suas falas, o padre desfaz qualquer barreira entre o pastor e o seu rebanho, o que denomino “jeito caseiro de evangelizar”. Somando essas habilidades com a visão política do médico Floro Bartolomeu, assistido pelo libanês Benjamin Abrahão, seu secretário particular, auxiliado pela governanta Beata Mocinha, e como devota Maria de Araújo, a beata da hóstia que sangrou, o padre cria um time seleto de personagens que, sob seu comando, imprimem sua marca indelével no coração dos seus Juazeirenses, além dos milhares de romeiros à sua época. Cícero Romão transitou entre política e religião com a mesma habilidade, acima do seu tempo e muito além dele. Fundador da cidade, foi Prefeito, Vice Governador do Ceará, Deputado Federal...títulos passageiros, nada comparável ao mito que se tornou até os nossos dias. Explicar ou entender o referido personagem? Ainda não, em sua totalidade. Uma face de cada vez. No monumento maior, do alto da colina que abriga sua gigantesca estátua de 25 metros de altura, dia e noite, o simbolismo do mito contempla sua Juazeiro, e tem aos seus pés uma multidão diária de conterrâneos, romeiros, beatas, estudiosos, católicos, ateus, jornalistas e todos aqueles que querem conhecer o mito sertanejo e seu maior milagre: a capacidade de se eternizar na história e na memória do povo. Viva Juazeiro do Norte, sua cultura e sua gente, guiada pelas mãos do seu Padim Cícero Romão Batista. História, fé e ação com a marca genuinamente nordestina.</div>
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Prof. José UrbanoDaniel Walkerhttp://www.blogger.com/profile/13137424418058559442noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3707568004086023732.post-73364465663813824312018-08-28T10:19:00.001-07:002018-08-28T10:19:20.101-07:00PADRE CÍCERO E A PARAÍBA Por Junior Almeida<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgU43D7dcHr-Wye2uue6HU-lWiaeeCnoov9cpGRL_1zuTHZ0aD4m0gIGWTN5Q0AUqH4xYVH4Uv4QHogGg-C0C8XF6GEzA5cOASQUo38MazAvjqep_sQRgYsAlhtvc0Cyc2rILeVCATZZlHx/s1600/40265962_1649474431831056_1500091764206206976_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="460" data-original-width="360" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgU43D7dcHr-Wye2uue6HU-lWiaeeCnoov9cpGRL_1zuTHZ0aD4m0gIGWTN5Q0AUqH4xYVH4Uv4QHogGg-C0C8XF6GEzA5cOASQUo38MazAvjqep_sQRgYsAlhtvc0Cyc2rILeVCATZZlHx/s320/40265962_1649474431831056_1500091764206206976_n.jpg" width="250" /></a></div>
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Zabelê é um pequeno município do Sertão da Paraíba, próximo a Monteiro e que faz divisa com o Estado de Pernambuco. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -IBGE- a sua população em 2010 era de apenas 2.075 habitantes distribuídos numa área territorial de 109 km2. O religioso holandês João Jorge Rieltveld, 15º padre do vizinho município São Sebastião do Umbuzeiro, a quem Zabelê pertencia, defende que quando a localidade ainda era uma fazenda, essa ficou abandonada depois da morte do seu proprietário José Raposo em 1850, sendo ocupada anos depois por negros recém-libertados pela Lei Áurea de 13 de maio de 1888. Conta-nos o padre Jorge que quatro famílias dos antigos escravos tomaram posse das terras. Eram elas: os Martins, os Raimundo, os Alves e os Baltazar.</div>
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A ocupação teria sido aconselhada pelo Padre Cícero Romão Batista, que passou por Zabelê em 11 de fevereiro de 1898, quando ainda eram terras de São Sebastião do Umbuzeiro. Além da orientação às quatro famílias desamparadas, ocorreu outro fato em Zabelê envolvendo o Patriarca do Juazeiro. Foi assim: Ao chegar à localidade, Padre Cícero encontrou uma mulher grávida, e fez o sinal da cruz em sua barriga. Poucos dias depois veio ao mundo um bebê natimorto. O povo do lugar entendeu o gesto do padre como uma visão dele do que estava por vir. E disseram: “morto, porém, batizado”.</div>
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Ainda naquela região outra passagem envolvendo Padre Cícero é contada. O quarto padre de São Sebastião do Umbuzeiro foi o pernambucano de São José do Egito, Antônio Francisco de Barros Ramalho (1882-1952), que ficou à frente da Igreja local de 1920 a 1922. Ele dizia para quem quisesse ouvir que reconhecia em Padre Cícero um sacerdote muito inteligente, mas nunca um santo. E fazia mais: quando os devotos do “Padim” levavam o seu retrato para que Padre Antônio benzesse, ele mandava que os fiéis o rasgassem, dizendo ser aquilo uma infantilidade.</div>
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Antes de ir para Umbuzeiro, o religioso ficou à frente da construção da matriz de Monteiro, mas algo não estava certo. Toda vez que se construíam as paredes da torre da igreja, essas desabavam. Isso aconteceu por várias vezes. O povo não entendia o que estava acontecendo, e o Padre Antônio resolveu ir ao Juazeiro, na esperança de ter uma resposta para tal mistério. Lá chegando encontrou Padre Cícero rezando com a multidão. Em meio às orações o Patriarca do Juazeiro fez uma pausa e disse:</div>
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Aqui tem um sacerdote que está construindo uma igreja e não consegue termina-la. Pode voltar e continuar a obra que nada mais vai atrapalhar.</div>
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Depois disso nada mais aconteceu, e o padre terminou a construção na cidade de Monteiro, edificando também um templo na cidade de Natuba, para onde foi transferido e viveu seus últimos dias.</div>
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*Informações do livro "Na Sombra do Umbuzeiro; A História da Paróquia de São Sebastião do Umbuzeiro", do Padre João Jorge Rietveld.</div>
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<br />Daniel Walkerhttp://www.blogger.com/profile/13137424418058559442noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3707568004086023732.post-14470642685617542192018-02-17T06:17:00.001-08:002018-02-17T06:17:27.800-08:00Padre Cícero Romão Batista: um intelectual orgânico? - Por Joarez Virgolino Aires<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHEPNRYop0y9tGFIhSrcgoc-LkhvhqDNr2bXk-nRIM-P6cRKG48H-SqI1f9qTylzBNjT70r7mnd4UzyEdm-Mp39vLFk9HuFe4P5OzdqemvlkWWJ-rr8LATAZkgOSQizfMY0yFPCIOjykoZ/s1600/padre_cicero.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="316" data-original-width="238" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHEPNRYop0y9tGFIhSrcgoc-LkhvhqDNr2bXk-nRIM-P6cRKG48H-SqI1f9qTylzBNjT70r7mnd4UzyEdm-Mp39vLFk9HuFe4P5OzdqemvlkWWJ-rr8LATAZkgOSQizfMY0yFPCIOjykoZ/s1600/padre_cicero.jpg" /></a></div>
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Em tese de doutorado, a Profa. Luitgade Olveira, em seu livro <i>A Terra da Mãe de Deus,</i> pela Editora Francisco Alves, identifica o movimento dos beatos e conselheiros do Brasil, a partir da matriz ideológica do padre Mestre Ibiapina. Aplicando a teoria de Antônio Gramsci, entende que estes líderes religiosos plasmaram e influenciaram um grupo social e, por isto, mesmo que analfabetos, entram na categoria de intelectuais orgânicos.</div>
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Depois de São Francisco de Sales, Padre Mestre Ibiapina foi o grande modelo na vida do padre Cícero como de todos os conselheiros e beatos da época.</div>
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Enquanto não recebe uma paróquia, o Padre Cícero colabora como professor de Latim no Colégio Venerável Ibiapina, fundado e dirigido por José Marrocos e celebra nas capelas da região.</div>
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Infância do Padre Cícero</div>
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Os biógrafos do Padre Cícero são unânimes em retratá-lo, nessa fase, como uma criança e um adolescente já tocados pelo fervor religioso do mundo sertanejo de sua época. O ambiente familiar de profundo respeito ao Padre Ibiapina, a leitura da vida de santos, a assiduidade à Igreja, a vivência das missões, formam o clima de religiosidade de sua vida. Mas, principalmente a leitura da vida de São Francisco de Sales determinará, como ele próprio deixará escrito em testamento, sua decisão de se dedicar ao sacerdócio.</div>
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Mais velho do que Cícero e acossado pelas desditas centenárias de sua família, vagueia pelo Cariri Antônio Vicente Mendes Maciel. Enquanto Cícero, jovem, aspira ao sacerdócio tendo Ibiapina por modelo, Antônio Vicente veste o hábito dos beatos, põe a cruz às costas e parte para sua missão na terra.</div>
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Após a morte do pai, Cícero fica ameaçado de não poder continuar os estudos. Em socorro de seu ideal vem o padrinho, o rico comerciante Antonio Luiz Alves Pequeno, que se oferece para financiar os estudos do afilhado até sua ordenação.</div>
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Próximo à ordenação, o reitor do Seminário levanta dúvida sobre a conveniência de sua ordenação, alegando sua ausência do confessionário por um espaço muito longo de tempo.</div>
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Cícero Romão, ordenado Padre</div>
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Em 1870, quando Cícero se torna padre, já Ibiapina está afastado do Ceará, onde a presença da autoridade eclesiástica tolhera-lhe todos os passos. Em 1872 D. Luiz parece ter-se apossado de todo o rebanho submetido a sua autoridade, com a despedida definitiva de Ibiapina das Terras do Cariri.</div>
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Em janeiro de 1871, ordenado aos 26 anos, chega ao Crato o Padre Cícero Romão Baptista. Desfruta da amizade, da confiança e da consideração do Bispo D. Luiz que, em 29 de dezembro já lhe concedera licença para pregar e celebrar, pelo prazo de 1 ano. Enquanto não recebe uma paróquia, o Padre Cícero colabora como professor de Latim no Colégio Venerável Ibiapina, fundado e dirigido por José Marrocos e celebra nas capelas da região.</div>
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Os historiadores do Juazeiro descrevem o povoado constituído de pequenas casas em torno do pátio da capela e ao longo da margem do rio Salgadinho. Os habitantes não primavam pela repetição em suas práxis de vida, dos ensinamentos dos capelães. Cultivavam os hábitos de samba e cachaçada nas horas de lazer e viviam em promiscuidade. Juazeiro era mais uma pousada para os viandantes que se dirigiam de Barbalha, Milagres e outras paragens, para o Crato. Os comboieiros se dessedentam à sombra dos frondosos juazeiros. Mas o povoado já tinha escola e era aí que o Padre Cícero pernoitava quando vinha aos domingos celebrar missa, função que desempenhou a partir daquela noite de Natal, a pedido do professor Simeão Macedo e os fazendeiros da vizinhança que, embora residindo em suas fazendas, tinham casas construídas no arruado. Poucas eram as famílias de posses que residiam na rua.</div>
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Padre Cícero não era um bronco. O acervo de conhecimentos do Padre Cícero entusiasmou o botânico alemão Philipp V que, a serviço da Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas – do Ministério da Viação e Obras Públicas, passou no Juazeiro em 1921.</div>
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De sua viagem publicou o livro “Estudo Botânico do Nordeste”, publicação daquele Ministério, em 1923. Na página 59 deste livro, se lê: “Naturalmente, para mim, se tornou de capital importância conhecer e falar com o Padre Cícero e tive o prazer de, à minha chegada, ser recebido e ter animada palestra com o mesmo. Este velho, de real prestígio popular, deixou-me gratas recordações. Tratou-me com delicadeza e amabilidade. De facto, trata-se de um homem que dispõe de instrução e saber invulgares: aborda com egual facilidade a política e a história brasileira; tem conhecimentos profundos de história universal, ciência naturaes, especialmente quanto à agricultura. (…)</div>
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Episódio prodigioso. Padre Bulhões, questionado um dia por uma paroquiana por que não falava do púlpito condenando o Padre Cícero, respondeu: “Comadre, eu não sei quem é o Padre Cícero! Não conheço os desígnios de Deus para esse sacerdote. Além do mais, não sabendo de nenhum crime desse homem, prefiro não duvidar dos poderes de Deus.” E contou a história de um padre seu amigo, vigário numa cidade da beira do S. Francisco, centenas de léguas distante do Juazeiro. Esse padre acorda um dia com o sino da igreja chamando para a missa. Como ainda estava escuro, pensou que o sacristão se enganara no horário e correu a adverti-lo. Chegando lá, encontra a igreja iluminada, cheia de gente, e um padre de costas celebrando a missa. Espantado com o fato, ele se aproxima do altar para ajudar o padre que estava sem sacristão. E constata, cheio de assombro, ser o Padre Cícero. Este ainda era vivo, muito velhinho, no Juazeiro. Terminada a missa onde comungaram muitas pessoas, todas desconhecidas do vigário, este se dirige ao Padre Cícero: Como o Sr. está aqui, suspenso de ordem, tão distante do Juazeiro, quando chegou? O Padre Cícero lhe sorri respondendo: Meu amiguinho, você dorme demais!</div>
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Fala isto e desaparece da vista do vigário, juntamente com todos os assistentes da missa. A igreja fica às escuras e o vigário tomado de terror tenta fugir aos gritos. Na carreira cai e fratura uma perna ficando ali, até à hora em que o sacristão o encontra deitado, sem coragem de se mover. Esse padre, que ficou defeituoso da perna, relatou pessoalmente o caso ao Padre Bulhões, quando este o foi visitar. Concluindo, afirmava Padre Bulhões: “Compreendeu, comadre? Era o Padre Cícero, em espírito, celebrando missa para as almas do purgatório, fora do Juazeiro!”</div>
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Fonte: http://padrescasadosceara.comunidades.net/padre-cicero-romao-batista-pe-joarez-virgolino</div>
Daniel Walkerhttp://www.blogger.com/profile/13137424418058559442noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3707568004086023732.post-49824987095266208522018-01-17T17:26:00.001-08:002018-01-17T17:26:12.405-08:00A BEATA MARIA ARAÚJO - Por: Colô Do Arneiroz<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBa9lH7hzmZi3rOUsY_IvdosjUcb48Zs-r1ejq_c5_l8byoJ2Ddu8G4uVZgjScWTsB0Ln-fcmC58gFDLieMjrMU9jFuDZ7NyiJ7-nJEX6odoOkdyheZ6fS9qj2CqjnpjelRznHj0HJCVLP/s1600/beata.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="300" data-original-width="157" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBa9lH7hzmZi3rOUsY_IvdosjUcb48Zs-r1ejq_c5_l8byoJ2Ddu8G4uVZgjScWTsB0Ln-fcmC58gFDLieMjrMU9jFuDZ7NyiJ7-nJEX6odoOkdyheZ6fS9qj2CqjnpjelRznHj0HJCVLP/s1600/beata.jpg" /></a></div>
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17 de Janeiro de 1914, há exatos 104 anos, morria Maria Magdalena do Espírito Santo de Araújo, Beata Maria de Araújo. Desde tenra idade que Maria de Araújo apresentava traços de uma pessoa mística, Padre Cicero passaria a ser o seu guia espiritual, pois aquela passaria a sofrer perseguições e acusações caso a referida não fosse acompanhada e bem interpretada. Em 1° de março de 1889, com Maria de Araujo, acontece a transubstanciação da hóstia consagrada em sangue em sua boca. O fenômeno acontecerá dezenas de vezes. Acusada de embuste, D. Joaquim José Vieira priva a religiosa de suas liberdades, é interrogada sob forte apelo psicológico, além de tortura com uso de palmatória. Nesta data, Ela entrega sua vida a Deus para que Sedição de Juazeiro se debelace, pondo fim a guerra que tanto trouxe preocupações. Seu corpo fora sepultado no inferior da Capela do Socorro e em 1930 seus restos mortais são retirados e dado destino ignorado. Padre Cicero, já idoso aos 86 anos, ficara ainda mais indignado e, incompreensível, com a performance de sua igreja. O ato foi para exterminar as romarias, reduzir a zero o milagre eucaristico ocorrido naquele idos de 1889, cuja personagem central deveria ser ocultada. O milagre foi real, muito bem documentado, prova que a aquela mulher tinha sim uma relação muito próxima com Deus, como afirma a parapcicóloga Maria Pagani Forti. Hoje, havemos de relembra-la, pois sua vida foi de plena religiosidade, honesta, simples e humilde. Viva a Beata Maria de Araújo.</div>
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<br />Daniel Walkerhttp://www.blogger.com/profile/13137424418058559442noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3707568004086023732.post-59192736263109787542018-01-12T11:58:00.000-08:002018-01-12T11:59:29.820-08:00Certidão de Batismo do Padre Cícero confirma que ele nasceu no dia 23 de março de 1844<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiB7Ri560yv-WOPG2_bDyOHQI32eRe1oiDQ-P0u11Pv8cElFWZD4ldIAtaPn77Kwo2wyQiNDLwn-QmKXIy5HFPZqUffygk4vN-_J_NTev-VHTjBxdxM_kKaXnW46WnOB0jOuDJYRiKbyoM/s1600/Pe.+C%25C3%25ADcero+n.23.03.1844+b.+1844.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="768" data-original-width="1366" height="358" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiB7Ri560yv-WOPG2_bDyOHQI32eRe1oiDQ-P0u11Pv8cElFWZD4ldIAtaPn77Kwo2wyQiNDLwn-QmKXIy5HFPZqUffygk4vN-_J_NTev-VHTjBxdxM_kKaXnW46WnOB0jOuDJYRiKbyoM/s640/Pe.+C%25C3%25ADcero+n.23.03.1844+b.+1844.jpg" width="640" /></a><br />
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Os pesquisadores Daniel Walker e Renato Casimiro depois de intensa pesquisa na internet encontraram e agora compartilham com os leitores um documento histórico que fazia tempo estavam querendo encontrar. Trata-se do assentamento do batismo do Padre Cícero na forma como está escrito no Livro de Batismo da Paróquia de Nossa Senhora da Penha de Crato. Ele confirma que realmente Padre Cícero nasceu mesmo foi no dia 23 de março de 1844, muito embora seu aniversário seja comemorado, desde a sua infância, no dia 24 de março. O motivo até hoje é um mistério. O assentamento diz o seguinte: “Cícero, filho legítimo de Joaquim Romão Batista Meraíba e de sua mulher Joaquina Ferreira Castão. Nasceu em vinte e três de março de 1844 e foi batizado pelo pároco solenemente com santos óleos nesta cidade do Crato em oito de abril do mesmo ano. Foram seus padrinhos o avô paterno Romão José Batista e Antônia Maria de Jesus, do que para constar mandei fazer este assento em que me assino. Manuel Joaquim Aires do Nascimento. Livro de Batizados, Crato, 1843 a 1845, fl. 61. O documento foi encontrado no site: </div>
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https://www.familysearch.org</div>
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Esse site é muito bom para se pesquisar nascimento, casamento e óbito. Agora os pesquisadores vão tentar encontrar o assentamento da beata Maria de Araújo para dirimir a dúvida sobre o seu nascimento, pois há historiadores que falam que ela nasceu em 23 de maio de 1862, outros 1863 e outros 1864. O batistério vai acabar com a dúvida. Não é possível comprovar a data exata de nascimento do Padre Cícero com uma Certidão de Nascimento lavrada em cartório porque o Registro Cívil só surgiu no Brasil em 1874, portanto 30 anos depois do nascimento do Padre Cícero. </div>
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Por que dia 24?</div>
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Como foi dito acima, até hoje é um mistério a razão pela qual a data de aniversário de Padre Cícero é comemorada no dia 24 de março e não no dia 23 que é a sua verdadeira data de nascimento. O escritor Otacílio Anselmo em seu livro Padre Cícero, Mito e Realidade, p. 18 emitiu esta opinião: “Não se pode indicar a quem coube a responsabilidade desse pulo de 24 horas sobre a data natalícia do sacerdote. Entretanto, pode-se afirmar que o salto, embora sem significação aparente, tivera um objetivo determinado, qual seja o de vincular o nascimento do Pe. Cícero ao dia 25 de março, que é consagrado pela Igreja à Anunciação de Nossa Senhora. O próprio sacerdote, em carta enviada de Roma para sua mãe, datada de 24-3-1898, evoca a falsa prerrogativa: “Hoje que faço 54 anos e véspera da Anunciação da Mãe de Deus, ...”. Admitindo-se que a ideia dessa transposição de data tenha partido dele, a fraude se ajusta à vaidade doentia de que foi portador, devendo-se juntá-la às lendas por ele mesmo criadas, como se verá no curso de sua história. Por outro lado, a burla tería sido uma das manifestações da paranoia que lhe atribuiu o Dr. Fernandes Távora (“O Padre Cícero”, in Revista do Instituto do Ceará, 1943), diagnóstico com o qual não concorda o Prof. Lourenço Filho (Juàzeiro do Padre Cícero, 3.a ed., Edições Melhoramentos, São Paulo). Seja como for, 24 de março é uma das mistificações engendradas em Juazeiro do Norte para endeusar o homem comum que foi o Pe. Cícero, cujo nascimento, queiram ou não os seus incensadores, ocorreu no dia 23 de março, conforme prova o documento”.</div>
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Mas outro escritor, o médico cratense Irineu Pinheiro, escreveu em seu livro Efemérides do Cariri, p.132 que: “Sempre sua família, seus amigos e ele próprio (o Padre Cícero) festejaram seu aniversário natalício no dia 24 de março”. </div>
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Segundo Daniel Walker, "a hipótese aventada por Otacílio Anselmo é fraca, pois se a intenção de Padre Cícero era associar seu nascimento à data de Anunciação da Mãe de Deus seria bem melhor ele transferir o evento para o dia 25 e não para a véspera. E depois, pelo que se deduz da explicação dada por Irineu Pinheiro, o nascimento do Padre Cícero já vinha sendo comemorado no dia 24 há muito tempo, possivelmente desde a infância do Padre Cícero, não sendo, portanto, iniciativa dele (Padre Cícero) como resultado de sua paranoia, nem uma das mistificações engendradas em Juazeiro do Norte para endeusar o homem comum que foi o Pe. Cícero, como admite Otacílio".</div>
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O historiador Amando Rafael dá a sua versão: "Naquela época em que se escrevia a bico de pena (usando um tinteiro e mata-borrão para secar a tinta) as pessoas escolhiam – um dia ou uma hora – para tal mister. Diferente do uso de computador que fazemos hoje, que é feito a qualquer instante. Ocorria, às vezes, até a pessoa grafar uma palavra com erro. É muito provável que o velho Vigário de Crato, tenha se atrapalhado na data, quando foi registrar no Livro de Batistério, antecipando um dia: de 24 para 23. Coisa normalíssima. O Pe. Cícero sempre comemorou seu aniversário no dia 24 de março. Isso é sintomático".</div>
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Este é mais um mistério da vida do Padre Cícero. Por fim esclarece Daniel Walker: "Na verdade, a novidade não é saber que Padre Cícero nasceu mesmo no dia 23 de março de 1844, mas sim mostrar a cópia fiel do documento conforme está no livro de assentamento de batismo da Paróquia da Penha do Crato. Outro detalhe: um dos sobrenomes do pai de Padre Cícero é grafado pelos historiadores de três formas: Mirabeau, Mirabô e Meraíba". </div>
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Daniel Walkerhttp://www.blogger.com/profile/13137424418058559442noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3707568004086023732.post-56171073028834869032017-09-18T05:37:00.005-07:002017-09-18T05:52:07.277-07:00A Pedra do Padre Cícero - Por Clerisvaldo B. Chagas<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsUfYqpxsG1q2l5Q-LSl2WJsz8WJLiHCWiHXDyxuxRGt5Ay8XanLA0GjpoXuPKMQWxDo9IUxcLwGCs2wZHzl3keIqIx1BwY_uls-BVvZu-thz75JWCJweBdPYLnD_WOk8lJSv16g3Movk/s1600/pEDRA+DO+PADRE+AILTON+CRUZ.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="267" data-original-width="400" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsUfYqpxsG1q2l5Q-LSl2WJsz8WJLiHCWiHXDyxuxRGt5Ay8XanLA0GjpoXuPKMQWxDo9IUxcLwGCs2wZHzl3keIqIx1BwY_uls-BVvZu-thz75JWCJweBdPYLnD_WOk8lJSv16g3Movk/s640/pEDRA+DO+PADRE+AILTON+CRUZ.jpg" width="640" /></a></div>
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<span style="font-size: x-small;">PEDRA DO PADRE CÍCERO. Foto: (Ailton Cruz).</span></div>
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<span style="font-size: x-small;"><br /></span></div>
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Em todos os recantos nordestinos estão às marcas indeléveis do Padre Cícero Romão Batista. Em Alagoas entre manifestações ao sacerdote – falecido em 20 de julho de 1934 – estão as procissões, associações, novenários e romarias. São milhares e milhares de devotos que ainda procuram o Juazeiro do Norte em busca de curas para os seus males, baseados na fé ao amiguinho Padre Cícero. Templos, praças e devoções ganharam espaço nesta nação nordestino dos litorais aos sertões honrando à memória daquele que tanto fez pelo seu povo. Nem queremos aqui entrar em discussões e acusações estéreis como ainda hoje acontece com o próprio Jesus, o Cristo.</div>
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Entre todos os movimentos em prol do padre do Juazeiro, um deles chama atenção e encontra-se localizado no município sertanejo de Dois Riachos. Tudo teve início quando o agricultor José Antônio Lima alcançou uma graça de promessa feita ao padre Cícero, em 1956. Agradecido, aproveitou um Boulder (bloco rochoso) que havia às margens da BR-316, para erguer um oratório em homenagem àquele que concedera a sua graça. Segundo a viúva do sertanejo, Maria, o seu esposo nunca revelou qual foi a graça alcançada. Com o passar do tempo e o aumento crescente de visitas ao local, o oratório foi reformado e a escada de madeira que leva ao topo, foi substituída por uma rampa de concreto. E os padres, por não conseguirem celebrar missas no cimo da escadaria, fizeram surgir uma igreja perto da rocha.</div>
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Anualmente acontece a celebração de morte do padre Cícero, todo dia 20 de julho. Já são milhares de romeiros que chegam à festa do dia 20. Eles vêm a pé, a cavalo, em automóvel, vans e ônibus que preenchem os terrenos vizinhos como se estivessem na própria Juazeiro. Além de gente de todas as regiões alagoanas, são inúmeros os devotos de Sergipe e Pernambuco. Do centro de Dois Riachos à Pedra do Padre Cícero, não deve dar mais de 2 km.</div>
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Dois Riachos, em Alagoas, é uma cidade pequena e ficou conhecida nacionalmente por ser a terra da jogadora Marta. Possui a maior feira de gado do Nordeste; é banhada pelo riacho Dois Riachos – afluente do rio Ipanema – tem famosa vaquejada anual e mostra o gigantesco açude no povoado Pai Mané. Seu acesso é fácil estando em qualquer lugar em solo alagoano.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUzVWqZpn-vec1W2ToITPBtBbWanPNU8S7Jdpu41aA0CCWY9Tb9v5xuk7vyf4SeN0MzPp8iX9R-Kve59mHNs6GGcPrtJHLxoW0D2J1d63wEx29-TB42r9AqTPRvGMw8HeO9394SyolpySL/s1600/clerisvaldo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="184" data-original-width="182" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUzVWqZpn-vec1W2ToITPBtBbWanPNU8S7Jdpu41aA0CCWY9Tb9v5xuk7vyf4SeN0MzPp8iX9R-Kve59mHNs6GGcPrtJHLxoW0D2J1d63wEx29-TB42r9AqTPRvGMw8HeO9394SyolpySL/s1600/clerisvaldo.jpg" /></a></div>
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<div style="color: black; font-family: "times new roman"; font-size: medium; font-style: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">
Fonte:<a href="http://clerisvaldobchagas.blogspot.com.br/2017/09/a-pedra-do-padre-cicero.html" target="_blank"> http://clerisvaldobchagas.blogspot.com.br/2017/09/a-pedra-do-padre-cicero.html</a></div>
<div style="color: black; font-family: "times new roman"; font-size: medium; font-style: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">
O AUTOR</div>
Clerisvaldo Braga das Chagas, alagoano de Santana do Ipanema, graduado em Geografia, com pós-graduação em Geo-História. Cronista, escritor com vários livros publicados.</div>
</div>
Daniel Walkerhttp://www.blogger.com/profile/13137424418058559442noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3707568004086023732.post-26937746235318346712017-08-23T10:20:00.003-07:002017-08-23T10:20:51.770-07:00PADRE CÍCERO E FREI DAMIÃO: DUAS PESSOAS EM UMA SÓ - Por Junior Almeida<br />
<div style="background-color: white; clear: left; color: #1d2129; float: left; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: justify;">
<img alt="A imagem pode conter: 2 pessoas, barba" src="https://scontent.frec1-2.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/15094856_1001764329935406_8629758848780773928_n.jpg?oh=1df134e62cf8f0b4d0b1a1eecc9a0f8a&oe=5A170136" style="text-align: start;" /></div>
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Pio Giannotti nasceu em Bolzano na Itália em 5 de novembro de 1898 se ordenado como religioso em 25 de agosto de 1923, adotando o nome de Frei Damião. No início da década de 1930 veio para o Nordeste do Brasil, onde passou a ser conhecido acrescentando no nome seu lugar de origem. Por essas terras seu nome era “Frei Damião de Bolzano”. Sua primeira celebração foi na localidade Riacho do Mel, município de Gravatá em Pernambuco. O frade da ordem dos capuchinhos viria a fazer história no Brasil, principalmente no Nordeste, onde sempre pregou para multidões, nas chamadas santas missões.</div>
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Atualmente (2016) o frei tem seu nome em processo de beatificação pelo Vaticano para ser declarado santo da Igreja Católica. Frei Damião que já tinha seu nome venerado quando ainda era vivo, e mesmo antes da declaração oficial da Igreja já é hoje considerado um santo pelos seus fiéis. O frade só não mais venerado do que outro religioso, esse legitimamente nordestino, o cearense Padre Cícero Romão Batista, nascido na cidade do Crato em 24 de março de 1844 e falecido em 20 de julho de 1934 na cidade de Juazeiro, lugar que ele fez nascer de alguns casebres de palha e que atualmente é a segunda mais importante do Ceará.</div>
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<br /></div>
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Mesmo com essa distância em seus nascimentos e mais de meio século de diferença de datas, tem gente que jura que os dois são a mesma pessoa ou que Frei Damião por ser mais novo, é a reencarnação de Padre Cícero, mesmo essa tese batendo de frente com a doutrina católica, que não reconhece preceitos da fé espírita. Não é difícil de encontrar em alguns lares nordestinos folhinhas de calendários com as imagens dos dois religiosos postas lado a lado ou calendários com a imagem do Coração de Jesus ou Coração de Maria ao centro, com os dois ao lado.</div>
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<br /></div>
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Um dos casos que se conta para que essa suposta tese ganhe força é que o “Patriarca do Juazeiro” deu a um de seus fies ajudantes um livro para que esse guardasse e só entregasse a ele próprio, a nenhum outro portador. Segundo o relato passado de geração para geração, e de conhecimento dos romeiros da “Meca Nordestina”, é que o dito homem guardou a encomenda e nem de longe pensou em desobedecer ao padrinho. O tempo passou e Padre Cícero faleceu em julho de 1934, sem que tivesse ido antes apanhar o livro na casa do homem que lhe confiou à posse. Muito zeloso o sujeito guardou aquela relíquia, que lhe fora confiada, segundo acreditava, por um santo vivo.</div>
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<br /></div>
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Algum tempo depois o homem que guardava o livro, ouviu um bater de palmas em sua porta. Foi atender e se surpreendeu ao ver que quem chamava era Frei Damião. Lisonjeado com a ilustre visita, imediatamente o dono da casa pediu benção ao frade e o convidou para entrar em sua humilde casa. Frei Damião entrou e sentou-se. Depois de pedir um copo d’água disse a que veio. Tinha vindo apanhar a encomenda que tinha deixado.</div>
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<br /></div>
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- Que encomenda, o que se referia o sacerdote, se essa seria a primeira vez que viera ao seu “rancho”? Pensava o confuso homem.</div>
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- O livro que deixei aos seus cuidados tempos atrás. Teria dito Frei Damião.</div>
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<br /></div>
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Mais confuso ainda o homem foi buscar o livro, que estava cuidadosamente guardado no fundo de um baú em seu quarto e entregou ao frade capuchinho, que afirmou ser aquele mesmo o livro que entregara aos cuidados do romeiro. Esse fato, segundo as histórias e lendas de Juazeiro, seria uma das “provas” que Padre Cícero e Frei Damião são a mesma pessoa, ou que o segundo é a reencarnação do primeiro.</div>
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O AUTOR</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRAYwBCwfIS6rpvmjDoijQsND4S0RldavTYfTi_nkJQr2f2WcSL7a4mDpm8QjZChpk2_Ccj8Xnsl0AxKInEvfFIEjVy9Yk9U751fxohE_2mAj054h75wR93lzbuUejt95gvW4ksT-M6-vy/s1600/13697201_898883813556792_6368672348379704464_n.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRAYwBCwfIS6rpvmjDoijQsND4S0RldavTYfTi_nkJQr2f2WcSL7a4mDpm8QjZChpk2_Ccj8Xnsl0AxKInEvfFIEjVy9Yk9U751fxohE_2mAj054h75wR93lzbuUejt95gvW4ksT-M6-vy/s200/13697201_898883813556792_6368672348379704464_n.jpg" /></a></div>
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Euclides José de Almeida Junior (Junior Almeida), escritor nascido em Garanhuns, PE), atualmente residente em Capoeiras, PE. Graduando em História em Garanhuns.</div>
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<div style="background-color: white; color: #212121; font-family: wf_segoe-ui_normal, "Segoe UI", "Segoe WP", Tahoma, Arial, sans-serif, serif, EmojiFont; font-size: 15px;">
<div style="color: #1d2129; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-top: 6px;">
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Daniel Walkerhttp://www.blogger.com/profile/13137424418058559442noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3707568004086023732.post-81616993074291885652017-08-15T09:37:00.001-07:002017-08-15T09:37:26.904-07:00Padre Cícero e o acolhimento ao povo nordestino - Por José Romero Araújo Cardoso<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgS3PzZV6hIKRW5f7Hzy7lHjqcnUutV-Ln09wkRC904ZVaGDGc2gIyLgIQxAyFavY4vxtJ5u9zT1iDzjM4g0-lD6f2c1Xgu0sy_bTJgazH3d0FCaLlV3236THSyocu1KESv5a0Q0-X32mOI/s1600/sabedoria.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1127" data-original-width="828" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgS3PzZV6hIKRW5f7Hzy7lHjqcnUutV-Ln09wkRC904ZVaGDGc2gIyLgIQxAyFavY4vxtJ5u9zT1iDzjM4g0-lD6f2c1Xgu0sy_bTJgazH3d0FCaLlV3236THSyocu1KESv5a0Q0-X32mOI/s320/sabedoria.jpg" width="235" /></a></div>
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Personagem polêmico da História recente do Nordeste Brasileiro, Padre Cícero Romão Batista começou a angariar respeito logo após sua ordenação, quando foi designado pelos seus superiores, na década de 70 do século XIX, para ser o vigário de erma localidade perdida nos confins da chapada do Araripe cearense, conhecida por Joazeiro, antigo ponto de parada de tropeiros que iam e vinham da longínqua e desenvolvida cidade do Aracati, ponto de comercialização da produção sertaneja de outrora.</div>
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As terras pertenciam a outro Padre de nome Pedro Ribeiro, havendo igreja dedicada a Nossa Senhora das Dores, ao redor da qual estavam erguidas cerca de setenta e duas casinhas de taipa, habitadas por gente de índole pouco recomendável. Em pouco tempo, Padre Cícero conseguiu converter bandidos, prostitutas, malandros, vigaristas e toda ordem de pessoas desvirtuadas, granjeando fama nos arredores devido às façanhas conquistadas. Quando da grande seca de 1877-1879, apiedado da situação dos sertanejos, passou a proferir sermões na igreja de Nossa Senhora das Dores com apelo para que os deserdados da terrível estiagem se dirigissem às distantes plagas do Norte, onde começava a se dinamizar a extração da borracha de seringueira para atender as exigências da nascente indústria automobilística.</div>
<div style="text-align: justify;">
Em março de 1889, protagonizou com a beata Maria de Araújo o “milagre da hóstia”. Ao receber a comunhão, a humilde sertaneja espantou as pessoas presentes, pois esta se transformou em sangue e depois tomou o formato de coração.</div>
<div style="text-align: justify;">
O afluxo de gente em direção ao Joazeiro, após o “milagre da hóstia”, passou a ser contínuo, cada vez mais intenso, despertando a atenção dos seus superiores em Fortaleza, os quais enviaram a primeira comissão episcopal para analisar o fenômeno. O veredicto determinou a fraude do “milagre da hóstia”, mas interesses maiores fizeram com que outra investigação fosse realizada, a qual se definiu favorável aos episódios ocorridos no Joazeiro. Chamado a Roma para se explicar, Padre Cícero desafiou a estrutura suprema da igreja católica, negando que o “milagre da hóstia” tivesse sido um embuste. Então foi definida sua suspensão das ordens sacerdotais e sua excomunhão.</div>
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Para o povo sertanejo que esperava seu regresso nada disso importava, pois já o tinha como “Padim protetor”, aquele que era a garantia melhores dias, materiais e espirituais, verdadeiro Messias à imagem do Padre Ibiapina e do Frei Vitale.</div>
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Padre Cícero promoveu verdadeira revolução, pois evitava que àquelas pessoas simples e humildes que chegavam diariamente ao Joazeiro engrossassem as fileiras do cangaço, fazendo-as beatos e beatos, as quais passaram a rezar contritas e irresolutas, realizando trabalhos espirituais ao invés de estarem empunhando rifles e punhais assassinos.</div>
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Apesar do intenso trabalho sócio-religioso que realizou, Padre Cícero contribuiu bastante para o fortalecimento da violência do mandonismo quando deu poderes ilimitados ao médico baiano Floro Bartholomeu da Costa, responsável pela inserção política do movimento do Joazeiro, antes eminentemente religioso.</div>
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Vinculado ao Acciolismo, Padre Cícero deu carta branca para que Floro e o exército de romeiros-jagunços avançassem até Fortaleza, intuindo depor, quando da “revolução” de 1914, o governo de Franco Rabelo, cujo fato se evidenciou de forma notável.</div>
<div style="text-align: justify;">
Apesar do acolhimento espiritual e material a sertanejos oriundos de todos os recantos, principalmente do Estado de Alagoas, Padre Cícero se firmou na história nordestina e brasileira como um dos mais discutidos personagem de todos os tempos.</div>
<div style="text-align: justify;">
* Crônica não classificada no I Concurso Homenagem ao Padre do Juazeiro, promovido pelo Parque Cultural "O Rei do Baião" e Caldeirão Político.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgO2PsQSObsWnguilPTNoNmK9BHqrZ7uaFmsLNX886rh2Ve0RExcvJae7SKVo6Zh-gDGIyS15VWlR4AvkqMG36Im-jQ1c007mq0JYQFB6te8WTmSU1sTv7uf2rgglQN6dF-KXuU8MpGxh2x/s1600/13241417_116912435389896_3259376232442061522_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="172" data-original-width="138" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgO2PsQSObsWnguilPTNoNmK9BHqrZ7uaFmsLNX886rh2Ve0RExcvJae7SKVo6Zh-gDGIyS15VWlR4AvkqMG36Im-jQ1c007mq0JYQFB6te8WTmSU1sTv7uf2rgglQN6dF-KXuU8MpGxh2x/s1600/13241417_116912435389896_3259376232442061522_n.jpg" /></a></div>
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José Romero Araújo Cardoso. Geógrafo (UFPB). Professor-Adjunto IV do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Especialista em Geografai e Gestão Territorial (UFPB) e em Organização de Arquivos (UFPB). Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA - UERN). Escritor. Membro da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC), do Instituto Cultural do Oeste Potiguar (ICOP) e da Associação dos Escritores Mossoroenses (ASCRIM).</div>
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Daniel Walkerhttp://www.blogger.com/profile/13137424418058559442noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3707568004086023732.post-68276901869317757032017-04-12T16:55:00.004-07:002017-04-12T16:55:47.749-07:00UM PADRE COM CHEIRO DE OVELHAS: O PE.CÍCERO ROMÃO BATISTA - POR Leonardo Boff <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzgNbw84RdqpgcRSYtYBOr7P8GUEdyQBAlUyQ_Aks3_LFIyTeMewkfqUXOtw2527icmLKexDRqA5uRDLCm06PSwJzD7zka4-c3EbpkTibGjAJhyNjw-jwen0jYOs_lHhWRvpeeCYQr3VPp/s1600/apc8+-+Copia.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzgNbw84RdqpgcRSYtYBOr7P8GUEdyQBAlUyQ_Aks3_LFIyTeMewkfqUXOtw2527icmLKexDRqA5uRDLCm06PSwJzD7zka4-c3EbpkTibGjAJhyNjw-jwen0jYOs_lHhWRvpeeCYQr3VPp/s1600/apc8+-+Copia.jpg" /></a></div>
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Nos dias 20-24 de março se realizou em Juazeiro do Norte, Ceará, o Vº Simpósio Internacional Padre Cícero com o tema “Reconciliação…e agora?” Fiquei admirado pelo alto nível das exposições e das discussões com a presença de pesquisadores nacionais e estrangeiros. Tratava-se da reconciliação da Igreja com o Pe. Cícero que sofreu pesadas penas canônicas, hoje questionáveis, sem jamais se queixar, num profundo respeito às autoridades eclesiásticas e reconciliação com os milhares de romeiros que o consideram um santo.</div>
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Indiscutivelmente o Pe. Cícero Romão Batista (1844-1034), por suas múltiplas facetas, é uma figura polêmica. Mas mais e mais as críticas vão se diluindo para dar lugar àquilo que o Papa Francisco através do Secretário de Estado Card. Pietro Parolin, numa carta ao bispo local Dom Fernando Panico de 20 de outubro de 2015, expressamente diz que no contexto da nova evangelização e da opção pelas periferias existenciais a “atitude do Pe. Cícero em acolher a todos, especialmente aos pobres e sofredores, aconselhando-os e abençoando-os, constitui, sem dúvida, um sinal importante e atual”.</div>
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O Pe. Cícero corporifica o tipo de padre adequado à fé de nosso povo, especialmente nordestino. Existe o padre da instituição paróquia, classicamente centrada no padre, nos sacramentos e na transmissão da reta doutrina pela catequese. É um tipo de Igreja que se autofinaliza e com parca incidência social em termos de justiça e defesa dos direitos humanos especialmente dos pobres.</div>
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Entre nós surgiu um outro tipo de padre como o Pe. Ibiapina (1806-1883), que foi magistrado e deputado federal, tendo abandonado tudo para, como sacerdote, colocar-se a serviço dos pobres nordestinos, como o Pe. Cícero, o Frei Damião, Pe. José Comblin entre outros. Eles inauguraram um outro tipo ação religiosa junto ao povo. Não negam os sacramentos, porém, mais importante é acompanhar o povo, defender seus direitos, criar por toda parte escolas e centros de caridade (de atendimento), aconselhá-lo e reforçar sua piedade popular. Esse é o tipo de padre adequado à nossa realidade e que o povo aprecia e necessita.</div>
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Esse era também o método do Pe. Cícero que se desdobrava em três vertentes: primeiro conviver diretamente com o povo, cumprimentando e abraçando a todos; em seguida visitar todas as casas dos sítios, abençoando a todos, a criação dos animais e as plantações; por fim orientar e aconselhar o povo nas pregações e novenas; ao anoitecer reunia as pessoas diante de sua casa e distribuía bons conselhos e encaminhava para o aprendizado de todo tipo de ofícios para tornarem independentes.</div>
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Neste contexto o Pe. Cícero se antecipou ao nosso discurso ecológico com seus 10 mandamentos ambientais, válidos até os dias de hoje (“não derrube o mato nem mesmo um só pé de pau” etc.).</div>
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O Pe. Comblin, eminente teólogo, devoto do Pe. Cícero e que quis ser enterrado ao lado do Pe. Ibiapina escreveu com acerto: ”O Padre Cícero adotou amorosamente os pobres e advogou a causa dos nordestinos oprimidos, dedicando-lhes incansavelmente 62 anos de vida. E o povo pobre o reconheceu, o defendeu e o consagrou, continuando a expressar-lhe o seu devotamento, porque viu e vê nele o Pai dos Pobres. Antecipou em muitos anos as opções da Igreja na América Latina. É impossível negar a sincera opção pelos pobres, como foi dito por um deles: "Meu padrinho é padre santo/como ele outro não há/ pois tudo o que ele recebe/ tudo de esmola dá” (O Padre Cícero de Juazeiro, 2011 p.43-44).</div>
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Curiosamente, se recolhermos os muitos pronunciamentos do Papa Francisco sobre o tipo de padre que projeta e quer, veremos que o Pe. Cícero se enquadra à maravilha, ao modelo papal. Não há espaço aqui para trazer a farte documentação que se encontra no meu blog (www.leonardoboff. wordpress.com) que recolhe minha intervenção em Juazeiro: “O Padre Cícero à luz do Papa Francisco”.</div>
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Repetidas vezes enfatiza o Papa Francisco que o padre “deve ter cheiro de ovelha”, quer dizer, alguém que está no meio de seu “rebanho” e caminha com ele. Cito apenas dois textos emblemáticos, um proferido ao episcopado italiano no dia 16 de maio de 2016 onde diz: ”O padre não pode ser burocrático mas alguém que é capaz de sair de si mesmo, caminhando com o coração e o ritmo dos pobres”. O outro aos bispos recém sagrados no dia 18 de setembro de 2016: "o pastor deve ser capaz de escutar e de encantar e atrair as pessoas pelo amor e pela ternura”.</div>
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Estas e outras qualidades foram vividas profundamente pelo Pe. Cícero, tido como o Grande Patriarca do Nordeste, o Padrinho Universal, o Intercessor junto a Deus em todos os problemas da vida, o Santo cuja intercessão nunca falha. Os romeiros e devotos sabem disso. E nós secundamos esta convicção.</div>
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(Articulista do JB on line . Escreveu A nova evangelização: a perspectiva dos pobres, Vozes 1991)</div>
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Daniel Walkerhttp://www.blogger.com/profile/13137424418058559442noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3707568004086023732.post-33899437303140426562017-04-04T08:12:00.001-07:002017-04-04T08:12:11.306-07:00Bispo da Diocese de Crato, Dom Gilberto Pastana, recebe a Carta do Simpósio de Padre Cícero<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHk763AGh6TdV1H52lGYcyZFwtibJoCscoI73ojXaVrNJwiLKmq80CcuQ4rDnan9sj2i73UMh8R94IQMlOeO0AaBC5Zql9U8gatxj6M3-sgEM4IJEbWc6X9dmvmVaMwX2dy5SPxX8QzNw3/s1600/01+Comissao+e+Dom+Gilberto.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="414" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHk763AGh6TdV1H52lGYcyZFwtibJoCscoI73ojXaVrNJwiLKmq80CcuQ4rDnan9sj2i73UMh8R94IQMlOeO0AaBC5Zql9U8gatxj6M3-sgEM4IJEbWc6X9dmvmVaMwX2dy5SPxX8QzNw3/s640/01+Comissao+e+Dom+Gilberto.jpg" width="640" /></a></div>
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Após as conferências, palestras, debates e mesas redondas, o V Simpósio Internacional sobre o Padre Cícero: "Reconciliação... e agora?" resultou numa carta que foi entregue nesta segunda-feira ao Bispo Diocesano de Crato, Dom Gilberto Pastana. O documento é assinado por todos os participantes do evento e foi levado à Cúria Diocesana de Crato pelas professoras da Universidade Regional do Cariri (Urca), Fátima Pinho, Renata Paz Marinho e Paula Cordeiro, que coordenaram o simpósio.</div>
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Estiveram presentes ainda os padres Zé Vicente e Rocildo Alves Lima Filho e a carta sugere a sequência dos estudos em torno da vida e da obra missionária do Padre Cícero, bem como os fenômenos ocorridos em Juazeiro. Eis a íntegra do documento entregue ontem ao Bispo Diocesano, dom Gilberto Pastana:</div>
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Diante da reconciliação histórica decretada pela Congregação para a Doutrina da Fé, datada de 27 de outubro de 2014, e da carta do Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado, datada de 20 de outubro de 2015, na qual é incentivada a atenção pastoral ao fenômeno religioso das romarias em Juazeiro do Norte, e que, além disso, a mesma carta diz que "pela distância do tempo e complexidade do material disponível elas (as questões históricas, canônicas ou éticas do passado) continuam a ser objetos de estudo e análise, com interpretações as mais variadas e diversificadas" e,</div>
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- Considerando os debates realizados neste Simpósio sobre a pertinência de dar continuidade ao processo do Padre Cícero Romão Batista na Santa Sé;</div>
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- Considerando a realidade que nos apontam os romeiros e romeiras, qual seja a de que Padre Cícero é santo;</div>
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- Considerando que os relatos de milagres por intercessão do Padre Cícero são muitos;</div>
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- Considerando que todo processo canônico do Padre Cícero deu-se inicialmente por um único motivo: o sangramento da hóstia consagrada na boca da Beata Maria de Araújo;</div>
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- Considerando a importância de esclarecimentos definitivos, a nível diocesano, sobre esse fenômeno, nós abaixo assinados, participantes do V Simpósio Internacional sobre o Padre Cícero: "Reconciliação... e agora", sugerimos e solicitamos, a seu critério, a nomeação de uma comissão que tenha duas tarefas:</div>
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- A primeira para a continuidade do estudo da vida e da obra missionária do Padre Cícero Romão Batista a fim de compreender, sistematizar e relatar a devoção atual dos romeiros e, também, para conhecer, averiguar e analisar possíveis milagres operados em nome do Padre Cícero, em vista de um primeiro passo em direção a um processo de reconhecimento de suas virtudes heróicas.</div>
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- A segunda para estudar, histórica e religiosamente, o fenômeno, e apenas o fenômeno do derramamento de sangue ocorrido com a Beata Maria de Araújo.</div>
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<br />Daniel Walkerhttp://www.blogger.com/profile/13137424418058559442noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3707568004086023732.post-81144959784730355332017-03-28T13:24:00.000-07:002017-03-28T13:24:18.102-07:00Teólogo Leonardo Boff diz acreditar numa breve beatificação de Padre Cícero<div style="text-align: justify;">
Para o escritor e teólogo Leonardo Boff, após a beatificação de Dom Óscar Romero de San Salvador, ocorrida há 2 anos, vira a do Padre Cícero Romão Batista. Ele foi o último conferencista do V Simpósio Internacional sobre o Padre Cícero: "Reconciliação... e agora?" quando terminou aplaudido de pé por uma platéia que lotou o Memorial na tarde desta sexta-feira. Ele pediu viva para o sacerdote e disse que o mesmo será santo da Igreja universal e não apenas do sertão do Ceará. </div>
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Na sua Conferência sob o tema: "Padre Cícero à luz do Papa Francisco", Boff considerou a reconciliação algo muito forte e que expressa a vontade do Papa salientando que todos podem alimentar a esperança de vê-lo beatificado e canonizado “o que não será novidade para o Padre Cícero que já é santo”. Em sua fala, constitui etapas na vida do sacerdote que passam pelo sonho que teve, a vinda em definitivo para Juazeiro, os conflitos enfrentados com o sangramento da hóstia e o padre político. </div>
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Ganhando novamente muitos aplausos, o teólogo Leonardo Boff admoestou que “não é apenas canonizar o Padre Cícero, mas fazer justiça às mulheres beatificando e santificando Maria de Araújo que é santa e faz milagres”. Para o conferencista, o Bispo do Ceará dom Joaquim Vieira foi “duro” com Padre Cícero como “duro” foi o julgamento do sacerdote que até chegou a ser excomungado fato jamais publicado. Boff historiou que ele tinha uma convivência direta com o povo, visitando casas e sítios e dando orientações e conselhos. </div>
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Com o fechamento das portas pela Igreja – acrescentou o conferencista – Padre Cícero trilhou no caminho da política para não perder de vista a sua opção pelos pobres. Nesse contexto, Leonardo Boff argumentou sobre sua atuação em prol do bem comum com foco na educação e geração de emprego e renda. Elogiou ainda a visão ambientalista do sacerdote quando citou os seus preceitos ecológicos. Na sessão de encerramento do simpósio falaram o Secretário de Cultura de Juazeiro, Alemberg Quindins, em nome do prefeito Arnon Bezerra; a presidente da comissão organizadora, Fátima Pinho; e o reitor em exercício da Universidade Regional do Cariri, Francisco do O de Lima Júnior.</div>
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<span style="font-size: x-large;">Filósofo opina porque o milagre da hóstia em Juazeiro não poderia ser reconhecido</span></div>
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Na última manhã de debates no V Simpósio Internacional sobre o Padre Cícero: "Reconciliação... e agora?", que acontece desde segunda-feira, o filósofo e professor da Universidade Regional do Cariri (Urca), Carlos Alberto Tolovi, disse porque o milagre da hóstia não foi reconhecido. Segundo ele, por estar fora e distante das estruturas de controle hierárquicos, pelo fato de ter surgido junto aos chamados leigos e mais ainda em virtude do corpo do fenômeno não se enquadrar nas feições europeias dos grandes santos. </div>
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Como acrescentou, fugia de todos os limites pré-estabelecidos observando que outros milagres eucarísticos foram reconhecidos pela Igreja e este não. A Mesa Redonda teve como tema: "Padre Cícero e a Política” e reuniu ainda outra professora da Urca e coordenadora do evento, Fátima Pinho, e o professor da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (SP), Renato Kirchner. Na opinião de Tolovi, Padre Cícero aceitou o milagre para estar ao lado dos romeiros e fortalecer a religiosidade popular. </div>
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Nesse contexto, observou que os peregrinos já defendiam o sacerdote por entenderem ser a defesa do seu próprio espaço sagrado para onde vinham com bastante sofrimento e, em Juazeiro, encontravam um “Padim” que os acolhiam. De acordo com Tolovi, o Caldeirão do Beato José Lourenço foi destruído e se a história da transformação da hóstia em sangue ficasse apenas em torno da beata Maria de Araújo, o caminho seria o mesmo. Além disso, tentaram destruir o Juazeiro e o padre foi obrigado a assumir posturas. </div>
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No entendimento da professora Fátima Pinho, Padre Cícero foi um mediador de conflitos na própria região e até fora do Cariri. Conforme acrescentou, era uma característica forte quando até foi político e fez política, mas com convicção no que acreditava e achava correto. Pela primeira vez em Juazeiro, o professor paulista Renato Kirchner se apresentou como um homem que peregrinou muito pelo sertão. Tentando contextualizar Juazeiro e o Padre Cícero ele recorreu ao escritor Guimarães Rosa que disse: “O mundo é mágico. As pessoas não morrem. Ficam encantadas”. </div>
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Em meio aos debates, Pedro Carneiro de Araújo da Arquidiocese de Fortaleza recorreu ao livro de Amália Xavier para lembrar que Padre Cícero se sujeitou aos Decretos do Santo Ofício e foi absolvido em Roma quando uma carta enviada ao então Bispo do Ceará, Dom Joaquim Vieira, pedia para não considerá-lo contumaz. Todavia, o apelo do Vaticano foi desconsiderado e tudo continuou como antes. No final da manhã desta sexta-feira houve mais um Testemunho à “Sombra do Pé de Juá” com Dona Rosinha do Horto.</div>
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<span style="font-size: x-large;">Para o antropólogo Carlos Steil, a reconciliação de Padre nem começa e nem termina num documento da Igreja</span></div>
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O conferencista da noite desta quinta-feira no V Simpósio Internacional sobre o Padre Cícero: "Reconciliação... e agora?" foi o professor e antropólogo Carlos Alberto Steil da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ele falou sobre "Caminhos da Reconciliação no Juazeiro do Padre Cícero para uma platéia que teve dentre os presentes o teólogo Leonardo Boff, que será o conferencista das 15 horas desta sexta-feira sobre o tema: "Padre Cícero à luz do Papa Francisco".</div>
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Para Carlos Steil, a reconciliação nem começa e nem termina num documento expedido por meio de uma autoridade da Igreja, mas envolve muitos do passado e a todos nós já que não dá para pensar na questão colocando-se do lado de fora. Ele considerou que o caminho foi aberto e não poderá se fechar após definir o Padre Cícero como o santo mais popular do país. Segundo declarou, o sacerdote não se deixou seduzir pelo projeto de modernização e romanização imposto pelo clero reformador.</div>
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O conferencista disse mais que Padre Cícero não se envergonhou do primitivismo e procurou se inserir na cultura do povo pobre cuidando e amando a todos sem jamais trair sua consciência após escolher Juazeiro para sua missão. Mesmo assim, Carlos Steil observou que a reconciliação impulsiona a ação de Padre Cícero no seio da Igreja como sacerdote que foi na defesa de um projeto que incluiu os pobres na modernidade indo de encontro às elites.</div>
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Em meio aos debates, a Irmã Annette Dumoulin lembrou que, durante 19 anos de vida sacerdotal, Padre Cícero gozou da estima dos dois primeiros bispos do Ceará no caso Dom Luiz e Dom Joaquim Vieira por conta do modelo de evangelização. Depois, passou a ser mal visto e até condenado. Antes de encerrar sua conferência, Carlos Steil revelou que quando está em Juazeiro é contaminado pela paixão e observou que as coisas acontecem com bastante velocidade por aqui.</div>
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<span style="font-size: x-large;">Romarias de Bom Jesus da Lapa e de Juazeiro e a experiência do Caldeirão no Simpósio de Padre Cícero</span></div>
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A professora Maria Lucia Alves, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, estabeleceu um contraponto entre as romarias em Bom Jesus da Lapa (BA) e Juazeiro do Norte na manhã desta quinta-feira no V Simpósio Internacional sobre o Padre Cícero: "Reconciliação... e agora?". Pela primeira vez em Juazeiro, ela disse que conhecia apenas pela literatura e reportagens e confessou sua emoção dizendo ser preciso conhecer de perto o lugar para perceber o misticismo.</div>
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Nascida em Bom Jesus, lembrou que as peregrinações ali tiveram o dedo do Monge Francisco e, em Juazeiro, de Padre Cícero. Sua pesquisa de mestrado baseou-se no catolicismo oficial e popular, enquanto a de doutorado teve como foco o pluralismo religioso. Sobre Juazeiro, considerou o tema “reconciliação” controverso e polêmico e, mais à frente, observou que “se não fosse a beata, não teria o milagre”. Na terra de Padre Cícero viu que os lugares sagrados são distintos e distantes.</div>
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Quanto a Bom Jesus, comparou tratar-se de um circuito com 15 grutas em torno de um santuário e onde uma catedral está sendo construída. Entretanto, nesses dois contextos observou que os “santos” locais dividem espaços com os santos romanizados. O Tema central da Mesa Redonda foi: "Apropriações e usos: Cultura, ecologia e economia" e teve como expositor o professor Edin Sued Abumanssur, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.</div>
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Após afirmar que, para alguns no Brasil, romaria é turismo de pobre, ele traçou comparativos entre tipos de peregrinações classificando as de Juazeiro como de destino final e local de força montado na razão maior da visita “não importando como chegar e sim chegar”. O outro seria mais pontuado na maneira como se chega sendo a razão da peregrinação sem observar uma importância maior para o lugar, passando apenas na porta do santuário e indo para as baladas.</div>
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Membro da Pastoral da Terra da Diocese de Crato, o padre Vilecy Basilio Vidal fez referências às romarias ao Caldeirão do Beato José Lourenço em Crato após considerar que o tipo de visão religiosa do Padre Ibiapina influenciou o Padre Cícero. Nesse aspecto, lembrou os conselhos do sacerdote caririense no sentido de tornar cada sala um oratório e cada quintal uma oficina. Ou seja, oração e trabalho a exemplo do que ocorria na comunidade do Caldeirão.</div>
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De acordo com o padre Vilecy, o sítio chegou a reunir cerca de 400 famílias e algo em torno de duas mil pessoas dentro de um modelo de desenvolvimento sustentável com forte apelo religioso, fartura, alegria e exemplo ecológico para o Nordeste. Na reta final da manhã houve mais um Testemunho à “Sombra do Pé de Juá” com Mestres da Cultura Popular. No início da tarde, os Minicursos: Arquivos e pesquisas sobre o Padre Cícero: uma "cronogenealogia" para o grande acervo com Renato Casimiro e “Um olhar em preto & branco sob a luz de Juazeiro” com Nívea Uchoa.</div>
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<span style="font-size: x-large;">Professora norte americana palestra sobre a idéia do romeiro em torno do contexto da reabilitação de Padre Cícero</span></div>
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A conferencista da tarde desta quarta-feira no V Simpósio Internacional sobre o Padre Cícero: "Reconciliação... e agora?", foi a professora Candace Slater da Universidade de Berkeley (USA). Ela costuma fazer levantamentos minuciosos sobre as expressões dos romeiros que visitam Juazeiro do Norte e, ultimamente, tem procurado ouvir respostas dos peregrinos sobre esse novo contexto que foi o tema central de sua fala. Como sintetizou, no final das contas o que importa para eles é a sua relação de bem estar com o “Padim”.</div>
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A pesquisadora tratou de reproduzir um pouco sobre o sentimento dos romeiros nessa convivência religiosa dentro dos novos fatos. A crença forte que Padre Cícero é um santo, não se separa dos peregrinos como voltou a atestar e o professor e historiador, Renato Casimiro, acrescentou que o povo já canonizou o sacerdote. Enquanto isso, a Irmã Annette Dumoulin observou quanto ao receio externado pelos fiéis de que a Igreja se aproprie e lhe tome o seu santo.</div>
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Para o bispo emérito da Diocese de Crato e presidente de honra do evento, dom Fernando Panico, Padre Cícero já está dentro do templo vivo que é o coração do romeiro. Ele elogiou a exposição feita pela professora Candace Slater sobre o tema da reconciliação e acrescentou que “Padre Cícero é uma maravilha de Deus nas nossas vidas”. Para Dom Fernando, chegará um dia em que a misericórdia fará justiça. Ao término da conferência, aconteceu a performance musical "Afilhados do Padrinho" e Show do Poeta Zé Viola.</div>
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Na noite desta quarta-feira, houve uma sessão solene da Câmara para a outorga de títulos de cidadania ao bispo da Diocese de Crato, dom Gilberto Pastana e oito sacerdotes. Já na Mesa Redonda das 08h30min desta quinta-feira estará o professor Edin Sued Abumanssur, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, o qual falará sobre: "Apropriações e usos: Cultura, ecologia e economia". No final da manhã, mais um testemunho à “Sombra do Pé de Juá” com Mestres da Cultura.</div>
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<span style="font-size: x-large;">Arcebispo de Maceió aponta semelhanças entre os princípios de Padre Ibiapina e Padre Cícero</span></div>
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Para o Arcebispo de Maceió (AL), dom Antonio Muniz Fernandes, Padre Cícero não está desligado do princípio apostólico do Padre Ibiapina e suas vidas se cruzam. A afirmação foi feita na manhã desta quarta-feira durante a Mesa Redonda: "Romeiras e Romeiros: Juventude e Gênero" no V Simpósio Internacional sobre o Padre Cícero: "Reconciliação... e agora?", que acontece em Juazeiro. Os debatedores foram os professores Sávio Cordeiro e Adriana Simião da Silva (URCA) e Maria das Graças de Oliveira Costa Ribeiro (IFCE).</div>
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Não obstante ter sido um grande nomes do clero nacional, Dom Muniz observou que Ibiapina foi esquecido ao passo que a nação romeira jamais esqueceu o padre caririense. Conforme o Arcebispo, ele foi afastado da cena e renasceu pela devoção e admiração de estados próximos quando o Ceará foi junto. Dom Muniz defendeu ainda um resgate das figuras superioras da Casa de Caridade que, como disse, o Padre Cícero escolhia de forma exemplar.</div>
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Na sua fala, a professora Maria das Graças discorreu sobre as cartas que chegam para o Padre Cícero em Juazeiro enviadas por pessoas de vários lugares do pais que não puderam vir. Os conteúdos são de desabafos, pedidos por meio da intercessão do sacerdote junto aos santos e agradecimentos chamando a atenção para um grande número de correspondências de jovens. São desde apelos para se livrar da feiúra ou aprovações em concursos, quanto ligadas a relacionamentos até homoafetivos ou de políticos que almejam vencer eleições.</div>
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Já o professor Sávio Cordeiro opinou que a romaria tem muito de sacrifícios pessoais e, na sua exposição, considerou o avanço dos evangélicos como “agressivo, inescrupuloso e mercantil”. Antes, a professora Adriana Simeão tratou sobre a pesquisa em torno das experiências sócio religiosas das mulheres que vem ao Juazeiro a qual transformou no livro: “Vidas e Romarias”. Ela confessou encantamento com o caldeirão das manifestações dentro de práticas de um catolicismo popular que remonta ao tempo de Padre Cícero.</div>
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<span style="font-size: x-large;">Peregrinações pelo mundo motivaram debate sobre romarias e turismo religioso no Simpósio de Padre Cícero</span></div>
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Pela primeira vez no Brasil, que ouvia falar apenas por conta do futebol e do carnaval, o Antropólogo John Eade da Universidade de Roehampton em Londres foi o conferencista da noite desta terça-feira no V Simpósio Internacional sobre o Padre Cícero: "Reconciliação... e agora?". O evento é promovido pela Universidade Regional do Cariri (Urca) e ele falou sobre o tema: “Novos caminhos em estudos de peregrinação: desenvolvendo uma abordagem global”</div>
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Como disse, a Igreja quer promover peregrinações mesmo reunindo grupos de pessoas de diversas crenças fazendo menções a locais de devoção como, por exemplo, o Santuário de Nossa Senhora de Lourdes na França e os caminhos de Santiago de Compostela no noroeste da Espanha. De acordo com John Eade, muito promovidos pelo conselho europeu e apresentando uma diversidade de peregrinação onde o que interessa é a energia do caminho.</div>
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Para o conferencista, são vários os motivos e interpretações na jornada desde suas residências aos locais de devoção. Ele já escreveu um livro sobre peregrinações na Europa e observou a necessidade de todas serem bem vistas no Cristianismo que está mudando no contexto mundial. A palestra do Antropólogo causou uma provocação do bispo emérito da Diocese de Crato e presidente de honra do simpósio, dom Fernando Panico. Para ele, o desafio dos próximos eventos é procurar distinguir sobre romarias e turismo religioso.</div>
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O mesmo confessou que se questiona muito quando vê a realidade no Nordeste com muita gente pobre nos caminhos até com penitencia corporal enfrentando viagens longas e desconfortáveis, porém sempre com alegria: rezando e cantando nas estradas. Ele disse que esteve em Brasília para tentar compreender melhor esse contexto, mas percebeu que o Ministério do Turismo não detém interesse por romarias e sim o turismo que pressupõe o capital.</div>
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Nessa vertente, John Eade destacou os diferentes tipos de peregrinações e até questionou se uma local poderia se tornar global. Já o Antropólogo Carlos Steil, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, observou que as peregrinações tem um efeito transversal e se faz presente nas romarias tradicionais como em Juazeiro diante de características comuns. O conferencista historiou sobre a origem das peregrinações em que os teólogos eram hostis e questionavam se a pessoa não poderia fazer tudo no seu local de origem.</div>
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Para esta quarta-feira, dia 22, o palestrante da Mesa Redonda das 08h30min, no Memorial Padre Cícero, será o Arcebispo de Maceió (AL), dom Antonio Muniz Fernandes que falará sobre "Romeiras e Romeiros: Juventude e Gênero". Já às 16 horas a conferência será da professora Candace Slater, da Universidade de Berkeley (USA), a qual falará sobre: "Algumas respostas dos romeiros à reconciliação". No período da noite haverá a cerimônia de entrega de títulos de cidadão juazeirense ao Bispo Dom Gilberto Pastana e mais oito sacerdotes.</div>
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Assessoria de Imprensa do Simpósio</div>
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Daniel Walkerhttp://www.blogger.com/profile/13137424418058559442noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3707568004086023732.post-55063401867520269822016-07-21T08:57:00.002-07:002016-07-21T08:57:25.048-07:00Padre Cícero e o Pacto dos Coronéis - Daniel Walker<div style="text-align: justify;">
<b>Introdução</b></div>
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No dia 4 de outubro de 1911, o recém-criado município de Juazeiro, Ceará, foi sede de dois grandes eventos políticos: a posse de Padre Cícero Romão Baptista no cargo de intendente (atualmente se diz prefeito) e a realização de uma assembleia ou sessão política para assinatura de um controvertido documento que passou à história com o nome de Pacto dos Coronéis. O referido documento também foi chamado de Pacto de paz, Pacto de harmonia política, Aliança política, Conferência política, Pacto de Haya-mirim e ainda Artigos de fé política.</div>
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Quando se fala no nome do Padre Cícero, a figura que realça em primeiro lugar é a de santo dos nordestinos, pois é como tal que ele é mais conhecido. Entretanto, existe em sua biografia um forte peso como figura política, embora isto seja mais conhecido e estudado apenas pelos seus pesquisadores. Aqueles que se consideram seus devotos, pouca ou nenhuma importância dão ao fato, porquanto para eles o que importa mesmo é o homem santo capaz de fazer milagres, o protetor nas horas das aflições. E foi assim que ele conseguiu uma grande legião de devotos. Como político fez muitos desafetos.</div>
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<br /></div>
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Mas de uns tempos para cá, sua vida política começou a ser dissecada pelos cientistas sociais e a partir da publicação dos primeiros textos, uma nova legião de admiradores surgiu. </div>
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<br /></div>
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Assim, a dicotomia envolvendo o santo e o político passou a ter terreno próprio e essas duas vertentes, indissolúveis e complementares, coexistem a despeito dos pareceres positivos de uns e negativos de outros.</div>
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<br /></div>
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Como signatário do Pacto dos Coronéis, Padre Cícero consolidou sua vida política, transformando-se na maior liderança do interior cearense. Porém, se por um lado isto lhe deu uma indiscutível força de mando, por outro lado arranhou profundamente sua biografia perante a sua igreja, que já o tinha na conta de embusteiro e doravante passou a tê-lo também como um coronel, certamente uma nódoa na sua apregoada santidade. </div>
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<br /></div>
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Por isso, é muito importante estudar essa particularidade da sua vida a qual já rendeu farta bibliografia e não para de crescer. Neste contexto, o objetivo principal deste trabalho é fazer uma análise das implicações decorrentes da assinatura do Padre Cícero no Pacto dos Coronéis, conforme as opiniões emitidas por escritores que estudaram o assunto em seus mais variados aspectos. </div>
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<br /></div>
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Para melhor compreensão do tema é feita inicialmente a transcrição da ata do histórico evento e a partir daí tem início a análise que define a importância do Pacto dos Coronéis na história política do Padre Cícero. No final é apresentada uma galeria com fotos de alguns dos coronéis que tiveram ligação com o famigerado evento. </div>
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<b>O que é coronelismo</b></div>
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Até o final do século XIX, esteve em vigor no Brasil, um sistema conhecido popularmente por coronelismo, cuja política era controlada e liderada pelos ricos fazendeiros então denominados de coronéis. </div>
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<br /></div>
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No interior cearense, mais particularmente no Cariri, o coronelismo se caracterizava pela prática abusiva de duas irregularidades: o voto de cabresto e a fraude eleitoral. </div>
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<br /></div>
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Na Velha República, o sistema eleitoral vigente era bastante vulnerável à manipulação. Por isso, os coronéis poderosos compravam votos para seus candidatos ou então os permutavam por bens materiais. Como o voto era aberto (não havia ainda o sistema de urnas), os eleitores se sentiam coagidos e para evitar represálias não havia outro jeito senão votar no candidato indicado pelos coronéis. As regiões sobre as quais os coronéis exerciam poder de mando político ficaram conhecidas como “currais eleitorais”. </div>
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<br /></div>
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Entre as fraudes eleitorais praticadas pelos coronéis caririenses estavam o costume de alterar votos, sumir com urnas e o uso abusivo do chamado voto fantasma, o qual consistia em falsificar documentos para que eleitores pudessem votar várias vezes em prol de determinado candidato. Era comum inclusive o voto de pessoas mortas. </div>
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Fim do coronelismo</div>
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O coronelismo em seu formato original começou a ser extinto com a chegada de Getúlio Vargas ao poder, como resultado da Revolução de 1930. Em algumas regiões do Brasil desapareceu completamente, mas em outras o coronelismo continuou mais algum tempo, embora com menos intensidade e adaptado a uma nova realidade. A compra de votos continua até hoje. Mas os atuais chefes políticos, mesmo sendo grandes latifundiários, não são mais chamados de coronéis.</div>
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<br /></div>
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Padre Cícero pode ser chamado de coronel?</div>
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Por ser dono de várias propriedades rurais (embora tenha deixado tudo para a Igreja) e poder para decidir uma eleição, Padre Cícero é considerado por muitos escritores como tendo sido um coronel. Mas a pecha de coronel, no sentido como o termo é usado e entendido no Nordeste, não se coaduna com o comportamento e a personalidade do Padre Cícero. Ninguém conhece registro da existência de armas em sua residência ou de capangas a sua disposição, coisas muito comuns aos coronéis de que fala a literatura.</div>
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<br /></div>
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Entretanto, até hoje, não existe consenso com respeito a Padre Cícero ser ou não considerado como um coronel. As opiniões emitidas pelos estudiosos são muito variadas e dicotômicas. </div>
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<br /></div>
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Vejamos algumas:</div>
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Maria de Lourdes M. Janotti, escritora: "Padre Cícero foi o mais célebre de todos os coronéis". </div>
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<br /></div>
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José Fábio Barbosa da Silva, professor e escritor: "Padre Cícero também era o coronel dono de imensa força política que passou a representar os romeiros, quando Juazeiro se tornou independente. O Padre Cícero também possuía o status mais elevado, mais alto que o dos coronéis tradicionais". </div>
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Moisés Duarte, evangélico: “Padre Cícero era amigo do peito de vários latifundiários da região, conhecidos como "os coronéis". Esses senhores ilustres eram opressores dos pobres, marginalizavam os sertanejos, excluindo-os do direito à saúde, aos alimentos e até à vida. Pasme, o Padim Ciço pertencia a essa espécie de liga de coronéis do Ceará e a defendia”.</div>
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<br /></div>
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Rui Facó, jornalista: "Por que o Padre Cícero desfrutando de enorme popularidade, dispondo de tudo quanto fazia de alguém um coronel, por que não seria ele um coronel? Apenas porque vestia batina, ordenara-se padre, fazia milagres? Na verdade, nada diferenciava o Padre Cícero Romão Batista de qualquer dos latifundiários da zona. Utilizou, e em grande escala, os mesmos métodos familiares àqueles, como dar abrigo a capangas e cangaceiros e aproveitá-los ou permitir que outrem os aproveitassem para a consecução de objetivos políticos que também eram os seus". </div>
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<br /></div>
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José Boaventura de Sousa, historiador e professor: "Padre Cícero foi um coronel, mas um coronel diferente da conotação que a sociologia aponta. Não foi um coronel explorador, foi um coronel porque todos o procuravam como um líder". </div>
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<br /></div>
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Francisco Régis Lopes Ramos, historiador e escritor: "Padre Cícero alia-se aos coronéis, mas não se torna um deles. Suas atitudes são de apadrinhamento, de um protetor dos desclassificados, de um conselheiro e não de um político ou coronel". </div>
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<br /></div>
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Neri Feitosa, sacerdote e escritor: "Ele não tinha patente militar nem da Guarda Nacional. Ninguém o chamou oralmente de coronel. Por escrito, deram-lhe este epíteto por hipérbole e por analogia". </div>
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<br /></div>
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Marcelo Camurça, historiador: “No meu modo de ver o Padre Cícero se relacionou com as oligarquias, transitou na sociedade política, se compôs com os setores dominantes, tanto pela sua condição de sacerdote letrado, um intelectual tradicional, e esta condição o estimulava qual outros padres no Império e na República a ter uma projeção social, quanto pela vontade de ajudar o seu povo, de levar adiante o seu projeto de manter de pé a comunidade do Juazeiro, pela via da conciliação tão marcante na sua visão de mundo. Porém, o Padre Cícero nunca abriu mão de sua identidade sacra, do seu papel de guia religioso, de líder espiritual, para se tornar um político profissional, tampouco abriu mão da mística do "milagre" e de sua visão messiânica, simbólica do catolicismo popular, daquele primeiro sonho que teve quando Cristo encarregou-o de cuidar do Juazeiro e de seu povo. Este sem dúvida não é o perfil de um "Coronel" latifundiário ou de um político das classes dominantes”. </div>
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<br /></div>
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<b>Ata do Pacto dos Coronéis</b></div>
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“Aos quatro dias do mês de outubro do ano de mil novecentos e onze, nesta vila de Juazeiro do Padre Cícero, município do mesmo nome, Estado do Ceará, no paço da Câmara Municipal, compareceram à uma hora da tarde os seguintes chefes políticos: coronel Antônio Joaquim de Santana, chefe do município de Missão Velha; coronel Antônio Luís Alves Pequeno, chefe do município do Crato; reverendo Padre Cícero Romão Batista, chefe do município do Juazeiro; coronel Pedro Silvino de Alencar, chefe do município de Araripe; coronel Romão Pereira Filgueiras Sampaio, chefe do município de Jardim; coronel Roque Pereira de Alencar, chefe do município de Santana do Cariri; coronel Antônio Mendes Bezerra, chefe do município de Assaré; coronel Antônio Correia Lima, chefe do município de Várzea Alegre; coronel Raimundo Bento de Sousa Baleco, chefe do município de Campos Sales; reverendo padre Augusto Barbosa de Menezes, chefe do município de S. Pedro do Cariri; coronel Cândido Ribeiro Campos, chefe do município de Aurora; coronel Domingos Leite Furtado, chefe do município de Milagres, representado pelos ilustres cidadãos, coronel Manuel Furtado de Figueiredo e major José Inácio de Sousa; coronel Raimundo Cardoso dos Santos, chefe do município de Porteiras, representado pelo reverendo Padre Cícero Romão Batista; coronel Gustavo Augusto de Lima, chefe do município de Lavras da Mangabeira, representado por seu filho João Augusto de Lima; coronel João Raimundo de Macedo, chefe do município de Barbalha, representado por seu filho major José Raimundo de Macedo e pelo juiz de direito daquela comarca, doutor Arnulfo Lins e Silva; coronel Joaquim Fernandes de Oliveira, chefe do município de Quixará, representado pelo ilustre cidadão major José Alves Pimentel; e o coronel Inácio de Lucena, chefe do município de Brejo Santo, representado pelo coronel Antônio Joaquim de Santana. A convite deste que, assumindo a presidência da magna sessão, logo deixou, ocupando-a o reverendo Padre Cícero Romão Batista para em seu nome declarar o motivo que aqui os reunia. Ocupada a presidência pelo reverendo Padre Cícero, fora chamado o major Pedro da Costa Nogueira, tabelião e escrivão da cidade de Milagres, que também se achava presente. Declarou o presidente que aceitando a honrosa incumbência confiada pelo seu prezado e prestigioso amigo coronel Antônio Joaquim de Santana, chefe de Missão Velha e traduzindo os sentimentos altamente patrióticos do egrégio chefe político, Excelentíssimo Senhor Doutor Antônio Pinto Nogueira Accioly, que sentia d´alma as discórdias existentes entre alguns chefes políticos desta zona, propunha que, para desaparecer por completo esta hostilidade pessoal, se estabelecesse definitivamente uma solidariedade política entre todos, a bem da organização do partido os adversários se reconciliassem, e ao mesmo tempo lavrassem todos um pacto de harmonia política. Disse mais que para que ficasse gravado este grande feito na consciência de todos e de cada um de per si, apresentava e submetia à discussão e aprovação subseqüente os seguintes artigos de fé política:</div>
<div style="text-align: justify;">
Art. 1º - Nenhum chefe político protegerá criminoso do seu município nem dará apoio nem guarida aos dos municípios vizinhos, devendo ao contrário, ajudar a captura destes, de acordo com a moral e o direito.</div>
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Art. 2º - Nenhum chefe procurará depor outro chefe, seja qual for a hipótese.</div>
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Art. 3º - Havendo em qualquer dos municípios reações, ou mesmo, tentativas contra o chefe oficialmente reconhecido com o fim de depô-lo, ou de desprestigiá-lo, nenhum dos chefes dos outros municípios intervirá nem consentirá que os seus municípios intervenham ajudando direta ou indiretamente os autores da reação.</div>
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Art. 4º - Em casos tais só poderá intervir por ordem do governo para manter o chefe e nunca para depor.</div>
<div style="text-align: justify;">
Art. 5º - Toda e qualquer contrariedade ou desinteligência entre os chefes presentes será resolvida amigavelmente por um acordo, mas nunca por um acordo de tal ordem, cujo resultado seja deposição, a perda de autoridade ou de autonomia de um deles.</div>
<div style="text-align: justify;">
Art. 6º - E nessa hipótese, quando não puderem resolver pelo fato de igualdade de votos de duas opiniões, ouvir-se-á o governo, cuja ordem e decisão será respeitada e restritamente obedecida.</div>
<div style="text-align: justify;">
Art. 7º - Cada chefe, a bem da ordem e da moral política, terminará por completo a proteção a cangaceiros, não podendo protegê-los e nem consentir que os seus munícipes, seja sob que pretexto for, os protejam dando-lhes guarida e apoio.</div>
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Art. 8º - Manterão todos os chefes políticos aqui presentes inquebrantável solidariedade não só pessoal como política, de modo que haja harmonia de vistas entre todos, sendo em qualquer emergência “um por todos e todos por um”, salvo em caso de desvio da disciplina partidária, quando algum dos chefes entenda de colocar-se contra a opinião do chefe do partido, o Excelentíssimo Doutor Antônio Pinto Nogueira Accioly: Nessa última hipótese cumpre ouvirem e cumprirem as ordens do governo e secundarem-no nos seus esforços para manter intacta a disciplina partidária.</div>
<div style="text-align: justify;">
Art. 9º - Manterão todos os chefes incondicional solidariedade com o Excelentíssimo Doutor Antônio Pinto Nogueira Accioly, nosso honrado chefe, e como políticos disciplinados obedecerão incondicionalmente suas ordens e determinações.</div>
<div style="text-align: justify;">
Submetidos a votos, foram todos os referidos artigos aprovados, propondo unanimemente todos que ficassem logo em vigor desde essa ocasião.</div>
<div style="text-align: justify;">
Depois de aprovados, o Padre Cícero levantando-se declarou que sendo de alto alcance o pacto estabelecido, propunha que fosse lavrado no Livro de Atas desta municipalidade todo o ocorrido, para por todos os chefes ser assinado, e que se extraísse uma cópia da referida ata para ser registrada nos Livros das municipalidades vizinhas, bem como para ser remetida ao doutor presidente do Estado, que deverá ficar ciente de todas as resoluções tomadas, o que foi feito por aprovação de todos e por todos assinado.</div>
<div style="text-align: justify;">
Eu, Pedro da Costa Nogueira, secretário, a escrevi.</div>
<div style="text-align: justify;">
Assinam: </div>
<div style="text-align: justify;">
Padre Cícero Romão Batista</div>
<div style="text-align: justify;">
Antônio Luís Alves Pequeno</div>
<div style="text-align: justify;">
Antônio Joaquim de Santana</div>
<div style="text-align: justify;">
Pedro Silvino de Alencar</div>
<div style="text-align: justify;">
Romão Pereira Filgueiras Sampaio</div>
<div style="text-align: justify;">
Roque Pereira de Alencar</div>
<div style="text-align: justify;">
Antônio Mendes Bezerra</div>
<div style="text-align: justify;">
Antônio Correia Lima</div>
<div style="text-align: justify;">
Raimundo Bento de Sousa Baleco</div>
<div style="text-align: justify;">
Padre Augusto Barbosa de Menezes</div>
<div style="text-align: justify;">
Cândido Ribeiro Campos</div>
<div style="text-align: justify;">
Manoel Furtado de Figueiredo</div>
<div style="text-align: justify;">
José Inácio de Sousa</div>
<div style="text-align: justify;">
João Augusto de Lima</div>
<div style="text-align: justify;">
Arnulfo Lins e Silva</div>
<div style="text-align: justify;">
José Raimundo de Macedo</div>
<div style="text-align: justify;">
José Alves Pimentel</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Comentários</b></div>
<div style="text-align: justify;">
- “O receio era o de que a reunião acabasse em tiro. Nunca se viram – nem jamais se voltaria a ver – tantos coronéis sertanejos assim reunidos em um mesmo lugar, como naquele 4 de outubro de 1911, em Juazeiro, o dia da posse do Padre Cícero na prefeitura. Lá fora, as ruas estavam enfeitadas de bandeirinhas de papel e a banda do mestre Pelúsio de Macedo fazia a festa. No interior da casa que sediou a solenidade oficial, os dezesseis homens vestidos em roupa de domingo foram recebidos com chuvas de flores e papel picado. Mas não escondiam de ninguém, que ruminavam uma coleção de rancores mútuos. Praticamente todos os chefes políticos do Cariri – incluindo o coronel Antônio Luís – haviam acatado o chamado do sacerdote para tão insólito conclave que marcaria seu primeiro dia como prefeito. Quando Padre Cícero levantou da mesa ao final daquela histórica reunião e passou a colher a assinatura de todos, os coronéis do Cariri já tinham tomado consciência de que, diante da nova situação, precisavam eleger um chefe imediato entre eles. Esse chefe não seria, necessariamente, Accioly. Carecia ser alguém que estivesse mais perto deles e que, a despeito das diferenças e dos ódios pessoais que os separavam, fosse um homem cuja palavra seria acatada sem ressalvas. Os coronéis precisavam de um líder político no Cariri. Naquela tarde, esse líder se revelara naturalmente – e já tinha um nome. O nome dele, ninguém se atreveria a discordar, era Padre Cícero”. Assim, Lira Neto descreveu em seu livro Padre Cícero, poder, fé e guerra no sertão a reunião em que foi assinado o Pacto dos Coronéis.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Durante muito tempo se especulou a respeito de quem concebeu a ideia da famigerada reunião. O nome do seu autor está até hoje envolto em mistério, sendo motivo de muitas especulações. O primeiro sinal dado no sentido de tentar elucidar o mistério pode ser visto num dos artigos da série “Formal desmentido” publicada por Dr. Floro Bartholomeu da Costa, no jornal Unitário, de Fortaleza, de 9 a 17 de junho de 1915, onde ele escreveu: “Determinado o dia 11 de outubro do mesmo ano de 1911 para a inauguração da vila e estando mui acirrados os ódios dos chefes do Cariri, especialmente os de Lavras, Aurora, Milagres, Missão Velha, Barbalha e Brejo dos Santos, contra os do Crato e os de Porteiras, lembrei ao Padre Cícero a necessidade de estabelecer-se a harmonia entre todos. Para isso conseguir, a todos convidamos, de acordo com o Dr. Nogueira Accioly, para no dia 4 de outubro estabelecermos um pacto de paz entre todos os chefes inimizados.” </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- O escritor Otacílio Anselmo tem opinião diferente, pois na sua volumosa obra Padre Cícero, mito e realidade diz que, na reunião em que Padre Cícero foi empossado como primeiro Prefeito de Juazeiro, o juiz de Barbalha, Dr. Arnulfo Lins e Silva “aproveitou o ensejo para inspirar e, sob o patrocínio do Padre Cícero, promover um convênio entre os numerosos chefes municipais ali reunidos, no sentido de estabelecer um clima de paz e assegurar a tranquilidade das populações caririenses, até então em pânico permanente por conflitos armados resultantes de velhos ódios entre grupos e famílias irreconciliáveis, transmitidos de geração em geração e que ainda hoje subsistem.”</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Edmar Morel atribui a ideia do pacto dos coronéis ao Padre Cícero, pois em sua obra Padre Cícero, o santo do Juazeiro ele assim escreveu: “O Padre querendo firmar o seu prestígio junto à oligarquia dos Acciolys, que já governavam o Ceará há vinte anos, em dois períodos, e ao mesmo tempo pôr em prova se ainda seria hostilizado pelos políticos, seus vizinhos, como no caso das minas do Coxá, levanta a ideia da realização de um convênio, no Juazeiro, com a participação de todos os senhores feudais, senhores de cangaceiros e senhores de eleitores”. O autor conclui tachando o pacto como “uma página da história do banditismo no Nordeste, um pacto de honra assinado pelos maiores e mais respeitáveis coronéis que infelicitaram os sertões do Brasil, atirando homens contra homens e transmitindo o ódio e a sede de vingança de geração em geração. Uma página celebérrima do cangaceirismo no Brasil”.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Nesta mesma linha segue Amália Xavier de Oliveira, quando em seu livro O Padre Cícero que eu conheci, afirmou: “Foi o Padre Cícero quem programou, para o dia de sua posse, uma reunião com os chefes políticos da região a fim de assinarem um pacto de amizade e apoio mútuo tendo como um dos objetivos evitar movimentos que perturbassem a ordem na região caririense, procurando resolver as questões que surgissem, sem contendas prejudiciais, ao desenvolvimento das comunas”. E concluiu Amália Xavier de Oliveira: “Para fazer apresentação dos artigos o coronel Santana passou a Presidência (da reunião) ao Rev. Pe. Cícero, que explicou, aos presentes, a razão por que se fazia, naquele momento, um pacto de amizade e auxílio mútuo, com aquele programa de orientação”. </div>
<div style="text-align: justify;">
Esta passagem, inclusive, está registrada na ata do pacto transcrita no início deste capítulo. Assim, temos três autores da ideia do Pacto: Dr. Floro, o juiz Dr. Arnulfo e o Padre Cícero. E a dúvida persiste com respeito à autoria. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Em seu livro Império do bacamarte o escritor Joaryvar Macedo tenta minimizar a questão da autoria da ideia do Pacto salientando que: “Seja quem for o autor do Pacto, é lícito admitir, ou mesmo acreditar nas suas retas intenções. Não parece justo considerá-lo uma farsa em sua gênese, como querem alguns. O acordo, na sua realidade, transformou-se numa pantomima, porque inexeqüível, pelo menos em parte dos seus artigos. Homens, na sua maioria despóticos, vezeiros em dominar pelo poder do bacamarte, achavam-se absolutamente despreparados para assumir compromissos de tal ordem. De outro ângulo, deixar de proteger facínoras e cangaceiros equivaleria a decretar a extinção do coronelismo. Um dos seus mais fortes esteios era precisamente o banditismo”.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Diz ainda Joaryvar: “O texto da ata da singular Assembleia dos coronéis sul-cearenses, na qual se firmou o curioso pacto, reflete a posição proeminente do Padre Cícero na contextura coronelítica regional. Manifesta ademais, que, naquela conjuntura, a jeito trabalhada e preparada, o levita, além de assumir a chefia local, investia-se, concomitantemente, no comando político da região”.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Assim como Joaryvar Macedo, Otacílio Anselmo também acha que “apesar da boa intenção do seu idealizador, o pacto seria inexeqüível num meio em que a lei vigente era a do mais forte e onde as questões, mesmo as mais simples, resolviam-se ao sabor da vontade soberana de velhos sobas apegados a seus interesses econômicos e as suas ambições políticas”.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Para o escritor Rui Facó, na sua famosa obra Cangaceiros e fanáticos, “o pacto era na verdade um sinal de debilidade, um prenúncio de decadência do coronel tradicional, do potentado do interior, outrora senhor absoluto de seu feudo e em disputa constante com os feudos vizinhos. Sua maneira de pensar fora sempre esta: todos lhe deviam render vassalagem!”.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Para Irineu Pinheiro, autor de Efemérides do Cariri, os coronéis presentes à reunião em Juazeiro assinaram de comum acordo “um pacto de amizade e apoio mútuo com o fim de extinguir a proteção aos criminosos, evitar movimentos que perturbassem a vida das comunas caririenses, buscando resolver as questões que surgissem entre chefes vizinhos!”.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- A imprensa cearense deu vasta cobertura à reunião que culminou com a assinatura do pacto. Nada, contudo, se compara ao que estampou o jornal O Correio do Cariri, da cidade do Crato que após extensa matéria concluiu assim: “Podem os nossos leitores avaliar das boas intenções daqueles que, esquecendo antigos ressentimentos, se congraçaram, para, cumprindo santos deveres sociais, rasgarem um novo horizonte mais amplo e mais claro, aos públicos negócios desta opulenta e próspera parte de nosso Estado”. </div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Mas para o historiador americano Ralph Della Cava, autor de Milagre em Joaseiro, os coronéis do Cariri “contentes com a vitória obtida sobre Antônio Luís e desejosos de impedir que o Juazeiro viesse a dominar a região lançaram na famosa reunião a proclamação do hoje famoso Pacto dos Coronéis”. E conclui della Cava: “Finalmente, com o objetivo de fazer vigorar o pacto e garantir a participação da região na divisão do espólio político do poder estadual, comprometiam-se todos os delegados (presentes à reunião), a manter “incondicional” solidariedade com o excelentíssimo doutor Antônio Pinto Nogueira Accioly, seu honrado chefe, e como políticos disciplinados obedecer incondicionalmente suas ordens e determinações”.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- No final das contas, o certo mesmo é que o pacto falhou fragorosamente no conteúdo dos seus dois últimos artigos, pois cerca de pouco mais de três meses após a sua assinatura o presidente Accioly é apeado do poder, constituindo-se no mais duro golpe para os chefes políticos Acciolynos do Ceará.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- A queda do velho cacique da política cearense trouxe de roldão também o baque de muitos coronéis do Cariri, seus correligionários, mas, consoante acentua Joaryvar Macedo “a partir daí, começariam os caciques sul-cearenses, com desmedido empenho, a preparar uma sublevação, no sentido de retornarem ao poder supremo dos seus redutos eleitorais. E voltaram todos, com a vitória da rebelião de Juazeiro, de 1913 para 1914, - uma sedição dos coronéis”. </div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- À reunião para assinatura do Pacto duas importantes forças políticas do Cariri não marcaram presença nem mandaram representantes: coronel Basílio Gomes da Silva, de Brejo Santo, e coronel Napoleão Franco da Cruz Neves, de Jardim, pois ambos já haviam rompido com Accioly. Contudo, outros chefes políticos destes municípios estavam presentes.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Conclusão</b></div>
<div style="text-align: justify;">
Diante do exposto, fica evidente que paira dúvida sobre quem é o autor da ideia de realização da reunião que resultou na assinatura do Pacto dos coronéis. Mas todos concordam num ponto: a aposição da assinatura do Padre Cícero no referido documento oficializou sua liderança como chefe político da Cariri, mas também o transformou num coronel de batina conforme lhe atribuem muitos dos seus biógrafos. </div>
<div style="text-align: justify;">
Também fica evidente que mesmo o Pacto não tendo conseguido o êxito esperado, isso não diminuiu em nada o prestígio político do Padre Cícero que mais tarde o confirmou quando liderou juntamente com o deputado Floro Bartholomeu da Costa, em 1914, o movimento sedicioso que culminou com a deposição do Presidente do Ceará, Franco Rabelo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Também é possível concluir que depois do Pacto dos Coronéis a história do Padre Cícero toma outro rumo, agora de natureza política, mas que andou ao lado da sua já consolidada áurea de líder religioso de uma grande massa de sertanejos, sob o olhar de repúdio da Igreja Católica Apostólica Romana, que tirou suas ordens em 1894 e em 2015 promoveu sua reconciliação. </div>
<div style="text-align: justify;">
Não obstante as críticas ostensivas dirigidas a assembleia política que culminou com a assinatura do Pacto dos Coronéis, não há como anular o fato de este evento figurar como um dos mais importantes acontecimentos políticos da história do Cariri e do Ceará, pois nunca se viu tantos caciques da política cearense juntos numa vila recém-criada. E mais: somente o Padre Cícero teria força e prestígio suficientes para convocar os participantes da reunião. </div>
<div style="text-align: justify;">
Por tudo isso, o Pacto dos Coronéis é tema recorrente na vasta bibliografia de Padre Cícero e jamais deixará de ser um assunto polêmico. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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<b>GALERIA DOS PERSONAGENS DO PACTO DOS CORONEIS</b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtp6dj0ZJIAJ5aJWGrcnJEjsCVkms_3AYmB0KstW9YHDfBy1e1Vz8h4_rr2gDWp3xnBv92M9U39GHOvHTJhXW_GuV1UHk14W0UlvjqERQiudxnu0WIdqgKSViCDvZwA690NiTOm6QRkaLe/s1600/a1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtp6dj0ZJIAJ5aJWGrcnJEjsCVkms_3AYmB0KstW9YHDfBy1e1Vz8h4_rr2gDWp3xnBv92M9U39GHOvHTJhXW_GuV1UHk14W0UlvjqERQiudxnu0WIdqgKSViCDvZwA690NiTOm6QRkaLe/s1600/a1.jpg" /></a></div>
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Padre Cícero Dr. Floro</div>
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</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcDV9BH3kctfN1YapFzcF-J_clOUyIiKZ-i6HwtCYCt_RrpF3byKaxkK308m92DTAwuaXlZCpP9Od1GhjN5-wI7u3-OnARHObG2stkBg8BMOHMPCGuPHZUmZM5P20ZJY5Fz533DxWnlfwv/s1600/a2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcDV9BH3kctfN1YapFzcF-J_clOUyIiKZ-i6HwtCYCt_RrpF3byKaxkK308m92DTAwuaXlZCpP9Od1GhjN5-wI7u3-OnARHObG2stkBg8BMOHMPCGuPHZUmZM5P20ZJY5Fz533DxWnlfwv/s1600/a2.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
Cel. Accioly Cel. Antônio Luís</div>
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</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5-VGjv-dvOpcR_fqFMwRdrmc19iWNNLNhGF9TFlXdX9rKIVIqmCWv5mKahP6ORJ3lp4X_tK4z4eJOt_DVcry6zD6eqzXxG5Cbyt6e8yaoRnRH2ce0GILY4jRrw4JCH9oKgcll28sFZw-p/s1600/a3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="130" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5-VGjv-dvOpcR_fqFMwRdrmc19iWNNLNhGF9TFlXdX9rKIVIqmCWv5mKahP6ORJ3lp4X_tK4z4eJOt_DVcry6zD6eqzXxG5Cbyt6e8yaoRnRH2ce0GILY4jRrw4JCH9oKgcll28sFZw-p/s200/a3.jpg" width="200" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
Cel. Antônio Correia Lima e Pe. Augusto Barbosa</div>
<div style="text-align: left;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiArgW7J0ZjYZYS4EBOLN9dW0OpQOyfI5rkQ53mSirArh7VOQbc9h3Abz0PcnLRsf_y2nBGYfCc0vEdQ9offeAZdHsDlMMOyLqATalTSZbS3gx4BTuFGOzr4ZcKO-TyluQat-k0S11IKa33/s1600/a4.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiArgW7J0ZjYZYS4EBOLN9dW0OpQOyfI5rkQ53mSirArh7VOQbc9h3Abz0PcnLRsf_y2nBGYfCc0vEdQ9offeAZdHsDlMMOyLqATalTSZbS3gx4BTuFGOzr4ZcKO-TyluQat-k0S11IKa33/s1600/a4.jpg" /></a></div>
<span style="text-align: justify;">Cel. Gustavo Augusto e Cel. João Augusto</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj77vXg5uYykP7pQibAkrmNoUOnhd4-TULzdVeja3Ui3bLKS1CkUyTIy-wHgDF92nLnMxLVfCEBw0YLD50h9UIVz01QQxm4g0MmFZMTeL5dBhgTFZx3U-dZ09KpLBF-PvkEjrMSwnKFyU09/s1600/a5.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj77vXg5uYykP7pQibAkrmNoUOnhd4-TULzdVeja3Ui3bLKS1CkUyTIy-wHgDF92nLnMxLVfCEBw0YLD50h9UIVz01QQxm4g0MmFZMTeL5dBhgTFZx3U-dZ09KpLBF-PvkEjrMSwnKFyU09/s1600/a5.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
Cel. José Alves Pimentel e Cel. Pedro Silvino</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUKhRJInxE-Okx_dc4RXrZfStxtVBWNfy_YaLdW5BtrrJolYA1oXBGUwezLSd2tcaK7ZHg4Xn2hRkZfRHR1ICIaAr9W860VXpkyayY7YVhjKA28sfvzvDdW9nGy5skgtBvhOBoUxYwCbsw/s1600/a6.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUKhRJInxE-Okx_dc4RXrZfStxtVBWNfy_YaLdW5BtrrJolYA1oXBGUwezLSd2tcaK7ZHg4Xn2hRkZfRHR1ICIaAr9W860VXpkyayY7YVhjKA28sfvzvDdW9nGy5skgtBvhOBoUxYwCbsw/s1600/a6.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
Cel. Cândido Ribeiro Campos e Cel. Antônio Joaquim de Santana</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiy7fG3q0W_n6Ii9lQ7jmceQsk8LXolCaJNxHxAkp6gVDG-3CwXS-eTZKUBBnyR8KNezPTj0Nk8zTAdAHv1RVp0HYn0WJLYfjNMOZ27pEZ9v-QAvJTExTeCyWENEQmoxd0fhGHMXePTUS4b/s1600/a7.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiy7fG3q0W_n6Ii9lQ7jmceQsk8LXolCaJNxHxAkp6gVDG-3CwXS-eTZKUBBnyR8KNezPTj0Nk8zTAdAHv1RVp0HYn0WJLYfjNMOZ27pEZ9v-QAvJTExTeCyWENEQmoxd0fhGHMXePTUS4b/s1600/a7.jpg" /></a></div>
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Cel. Romão Pereira Filgueiras Sampaio</div>
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<br /></div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjlaI3BDblQzmKLAsTESwTb2VRiAexuruZvPNo9Z2HVnLkLJKlFWdSo0qxAJXI-1DtD-5-T8U9bHsqWQKTwZpiQG3lfLymqebHTIxToehm3rVNUygmbuRCXGdI_dmYU1owkIKcqxY4ytCr/s1600/a8.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="265" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjlaI3BDblQzmKLAsTESwTb2VRiAexuruZvPNo9Z2HVnLkLJKlFWdSo0qxAJXI-1DtD-5-T8U9bHsqWQKTwZpiQG3lfLymqebHTIxToehm3rVNUygmbuRCXGdI_dmYU1owkIKcqxY4ytCr/s400/a8.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
O Pacto dos Coronéis na concepção da artista plástica juazeirense Assunção Gonçalves. Esta tela encontra-se exposta na Câmara Municipal de Juazeiro do Norte. </div>
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<br /></div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjt_QRnTmjVQ4YZYu3twVByqdBdklHngGnAZ0WDGzGHySoCFURleSuGNyRpAtn9PUUOrsHHmD_ML5Aye6ss3w3vmW3_saxZwZ4W2I94Z6hApw3z4SS20UzCpx-hUtDCApCG3fjQ5DXz-SEE/s1600/a9.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="278" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjt_QRnTmjVQ4YZYu3twVByqdBdklHngGnAZ0WDGzGHySoCFURleSuGNyRpAtn9PUUOrsHHmD_ML5Aye6ss3w3vmW3_saxZwZ4W2I94Z6hApw3z4SS20UzCpx-hUtDCApCG3fjQ5DXz-SEE/s400/a9.jpg" width="400" /></a></div>
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Casa de dona Rosinha Esmeraldo (em sua arquitetura original) onde Padre Cícero foi empossado no cargo de intendente de Juazeiro e também local da realização da assembleia política que lavrou o Pacto dos Coronéis. </div>
<div style="text-align: left;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8DGhg8dUyiiCZMhuzz3vl6SLGoJMo8VPY2LQ8EybXD6AXRrQHmDvNF275HxzT6G-WWIcjqCO12GImEZsB5b6Y1QalJbfIVkoR-r0X2c2jwgD2Nn4x1KM6fglFqPNn1MuI1ty7u9YjL-ep/s1600/a91.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" height="224" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8DGhg8dUyiiCZMhuzz3vl6SLGoJMo8VPY2LQ8EybXD6AXRrQHmDvNF275HxzT6G-WWIcjqCO12GImEZsB5b6Y1QalJbfIVkoR-r0X2c2jwgD2Nn4x1KM6fglFqPNn1MuI1ty7u9YjL-ep/s320/a91.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Prédio onde foi assinado o Pacto dos coronéis atualmente</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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BIBLIOGRAFIA</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
ANSELMO, Otacílio. Padre Cícero: mito e realidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968.</div>
<div style="text-align: justify;">
BARBOSA DA SILVA, José Fábio. Organização Social de Juazeiro e Tensões entre Litoral e Interior, in Sociologia, vol. XXIV, n° 3, setembro de 1962. São Paulo,, Fundação Escola de Sociologia Política de São Paulo.</div>
<div style="text-align: justify;">
CAMURÇA, Marcelo. Marretas, molambudos e rabelistas: a revolta de 1914 no Juazeiro. São Paulo: Maltese, 1994.</div>
<div style="text-align: justify;">
DELA CAVA, Ralph. Milagre em Joaseiro. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976.</div>
<div style="text-align: justify;">
FACÓ, Rui. Cangaceiros e fanáticos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1976.</div>
<div style="text-align: justify;">
JANOTTI, Maria de Lourdes M. O Coronelismo, uma Política de Compromissos. São Paulo, Editora Brasiliense S.A., 1981, p. 73.</div>
<div style="text-align: justify;">
LIRA NETO. Padre Cícero: poder, fé e guerra no sertão. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.</div>
<div style="text-align: justify;">
LOPES, Regis. Caldeirão. Fortaleza: Eduece, 1991.</div>
<div style="text-align: justify;">
MACEDO, Joaryvar. Império do bacamarte: uma abordagem sobre o coronelismo no Cariri. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 1990.</div>
<div style="text-align: justify;">
MOREL, Edmar. Padre Cícero: o santo de Juazeiro. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966. </div>
<div style="text-align: justify;">
PINHEIRO, Irineu. Efemérides do Cariri. Fortaleza: Imprensa Universitária do Ceará, 1963.</div>
<div style="text-align: justify;">
XAVIER DE OLIVEIRA, Amália. O Padre Cícero que eu conheci. Rio de Janeiro: Gráfica Olímpica Editora Ltda., 1969. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O AUTOR</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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Daniel Walker é natural da cidade de Juazeiro do Norte, Ceará, onde nasceu em 6 de setembro de 1947. É formado em História Natural pela Faculdade de Filosofia do Crato, com Curso de Especialização em História do Brasil pela Universidade Cândido Mendes, do Rio de Janeiro. Professor Adjunto aposentado da Universidade Regional do Cariri-URCA. Desenvolve também atividade como jornalista com trabalhos publicados pela imprensa juazeirense e de Fortaleza. Em 1995 fundou o jornal eletrônico Juaonline, a vitrine da história de Juazeiro do Norte, rebatizado em 2008 com o nome de www.portaldejuazeiro.com É pesquisador da vida do Padre Cícero e de Juazeiro do Norte sobre quem já publicou os seguintes livros:</div>
<div style="text-align: justify;">
e-mail: danielwalker47@gmail.com</div>
<div>
<br /></div>
Daniel Walkerhttp://www.blogger.com/profile/13137424418058559442noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3707568004086023732.post-13663264532478319602016-05-18T10:07:00.002-07:002016-05-18T10:07:46.408-07:00Perspectiva do bem de consumo Padre Cícero - Por Michael M. Marques<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvdJCkVdjHX7Gm_ilhGsIpdLHYjE1gQdg-4bN-pEUkv8MCTyYkuvv_Iqpgtf3LwqVHCi32Vd0d2JoCKTRxjRo0kEaYJxuAq0xCarlIUEbAD3hKhYtk-Y9-Pl9effEHolXxRlgeiQ491QSy/s1600/apc2.jpeg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="197" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvdJCkVdjHX7Gm_ilhGsIpdLHYjE1gQdg-4bN-pEUkv8MCTyYkuvv_Iqpgtf3LwqVHCi32Vd0d2JoCKTRxjRo0kEaYJxuAq0xCarlIUEbAD3hKhYtk-Y9-Pl9effEHolXxRlgeiQ491QSy/s320/apc2.jpeg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
Partindo da premissa dos estudos da cultura material, que trabalham através da perspectiva dos objetos materiais, há uma tentativa de compreender, de forma mais profunda, os signos e significados do consumo. Tal estudo tem ajudado a demonstrar como o mundo é provido de objetos materiais que contribuem para a sua constituição cultural e a refletem, como categorias culturais são materializadas<a href="file:///F:/DOWNLOADS%20INTERNET/Para%20avalia%C3%A7%C3%A3o%20blog%20Daniel%20Walker.docx#_ftn1">[1]</a>. (MACCKREN, 2007). Perceber a materialidade não distante da humanidade, sobretudo, teorizar e analisar essas relações de consumo enquanto elementos de identificação e demonstração diversificada de consumo sobre uma mesma coisa se faz necessário para a busca de uma análise profunda e complexa. </div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É importante frisar a dificuldade em buscar uma identidade social a partir do consumo, devido à relação entre objetos e mercadorias, e as abordagens que enfatizam seus usos como marcadores e constituintes de um processo cultural que se constrói articulando muitos atores, construindo e consolidando sentidos, apresentando importante tradição de estudos na antropologia recente, especialmente aqueles que analisam o protagonismo dos consumidores a partir da aquisição de bens materiais.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Busco perceber a importância do consumo da estátua do Padre Cícero para o desenvolvimento do comércio local como representação simbólica e mitológica, na noção de habitus<a href="file:///F:/DOWNLOADS%20INTERNET/Para%20avalia%C3%A7%C3%A3o%20blog%20Daniel%20Walker.docx#_ftn2">[2]</a> proposta por Bourdieu. Dentro da teoria do poder simbólico, o habitus é o elemento que articula “os sistemas simbólicos como estruturas estruturadas (passíveis de uma análise estrutural)” e as estruturas estruturantes, ou seja, a “concordância das subjetividades estruturantes” (BOURDIEU, 2005, p. 8). Tais estruturas estão presentes na construção histórica dos espaços social em Juazeiro do Norte, a partir do conceito do Bourdieu, como: mito, arte, língua, religião, ciência. Para Bourdieu (2009), os sistemas simbólicos são instrumentos de conhecimento e de comunicação só podem exercer um poder estruturante porque são estruturados. Os símbolos são instrumentos de conhecimento e comunicação e eles tornam possível a reprodução da ordem social. Os símbolos são os instrumentos por excelência da integração social, eles tornam possível o consenso sobre o sentido do mundo social que contribui para a reprodução da ordem social: a integração lógica é a condição da integração moral.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Assim podemos dizer que em Juazeiro do Norte, acontece a elaboração do fato social total. (MAUSS, 2005), o conceito do fenômeno ou fato social total sugere que o objeto real das ciências sociais é o estudo da realidade social, ou seja, um conjunto de fenômenos que se produzem e reproduzem no interior de uma sociedade, designados como fenômenos sociais. Portanto podemos perceber que todas as dimensões do real social são peças de encaixe, e, apesar de cada ciência estudar a área que lhe compete, o fenômeno social é total e só é explicado completamente com a junção de todas as dimensões, nunca se esgotando completamente com o estudo de uma só ciência. Daí que possa dizer-se que, separadas as ciências estudam o que lhes compete e juntas complementam-se. O social é um todo, englobando diferentes tipos de relacionamento entre indivíduos e entre o mundo que os abrange. Como um fato social total (MAUSS, 2011), apresenta-se nos mais distintos e diversificados aspectos da vida social: econômicos, políticos, sociais, culturais, jurídicos, de direito, morais, religiosos, domésticos, infraestrutura e estéticos. É diante essas características apresentadas pelo fato social total que está localizado o consumo do bem, o Padre Cícero, na cidade de Juazeiro do Norte, por seus visitantes e citadinos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nesse sentido, podemos pensar o consumo a partir da perspectiva da identificação social, não podendo ser visto como uma ação coerente. Visto que a sociedade pós-moderna localiza-se dentro de uma dificuldade de identificar uma sistemática bem elaborada do consumo, do ato de consumir. Pois existem diferentes demandas, demandas contraditórias nos setores da vida. O consumo não é coerente, pois o mesmo lida com subjetividade que aponta para o indivíduo espontâneo, relacional e ativo. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Desta forma, podemos pensar a prática de consumo não destituída em um vazio cultural. Elas estão inseridas em um espaço, um contexto, e são instruídas por lógicas sociais que dão sentido as práticas em determinados contextos. Não são ações voluntaristas, as mesmas tendem a identificar e estruturar a vida social, o cotidiano, mesmo em um mundo repleto de permanentes transformações. Elas (práticas de consumo) estão alocadas em um conjunto de oportunidades, que dificilmente serão mudadas. Essas escolhas por não serem voluntárias, irão variar dentro de uma variabilidade em que o campo social oferece. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Obs: Este texto faz parte da construção da dissertação, cujo título é: ENTRE O TRECO E A CIDADE. ESTUDO ANTROPOLÓGICO SOBRE O CONSUMO DAS ESTÁTUAS DO PADRE CÍCERO EM JUAZEIRO DO NORTE-CE</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Referências bibliográficas</div>
<div style="text-align: justify;">
BOURDIEU, Pierre. O Poder Simbólico. 11 Ed. São Paulo: Editora Bertrand Brasil, 2007.</div>
<div style="text-align: justify;">
________________. A economia das trocas simbólicas. 3. Ed. São Paulo: Perspectiva, 2009.</div>
<div style="text-align: justify;">
________________. A distinção: crítica social do julgamento. São Paulo: Edusp; Porto Alegre, RS: Zouk, 2007.</div>
<div style="text-align: justify;">
MAUSS, Marcel. Ensaio sobre a dádiva. Lisboa: Edições 70 LDA, 2011.</div>
<div style="text-align: justify;">
McCRACKEN, G. Cultura e Consumo: Uma explicação teórica da estrutura e do movimento do significado cultural dos bens de consumo. Revista de Administração de Empresas – RAE, v. 47, n. 1, p. 99-115, jan./mar. 2007. </div>
<div style="text-align: justify;">
MACCRAKEN, Grant. Cultura e consumo: novas abordagens ao caráter simbólico dos bens e atividades de consumo. Rio de Janeiro: Mauad, 2003.</div>
<div style="text-align: justify;">
MILLER, Daniel. Consumo como cultura material. Horizontes Antropológicos, Ano 13, n. 28, 2007.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
MILLER, Daniel. Treco, troços e coisas. Estudos antropológicos sobre a cultura material. Rio de Janeiro: Ed. Zahar, 2013</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
</div>
<div>
<!--[endif]-->
<div id="ftn1">
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><a href="file:///F:/DOWNLOADS%20INTERNET/Para%20avalia%C3%A7%C3%A3o%20blog%20Daniel%20Walker.docx#_ftnref1" title="">[1]</a></span></span><a href="file:///F:/DOWNLOADS%20INTERNET/Para%20avalia%C3%A7%C3%A3o%20blog%20Daniel%20Walker.docx#_ftnref1" title=""><!--[endif]--></a></span> <span style="font-family: "Times New Roman","serif";">Vê mais em: </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">McCRACKEN, G. Cultura e Consumo:
Uma explicação teórica da estrutura e do movimento do significado cultural dos
bens de consumo. Revista de Administração de Empresas – RAE, v. 47, n. 1, p.
99-115, jan./mar. 2007.</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div id="ftn2">
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<a href="file:///F:/DOWNLOADS%20INTERNET/Para%20avalia%C3%A7%C3%A3o%20blog%20Daniel%20Walker.docx#_ftnref2" name="_ftn2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></a> <span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt;">De acordo com o
autor, as estruturas sociais por si só não determinam a vida em sociedade como
pretendiam os estruturalistas. A dimensão individual, o agente social – e daí
decorre a importância do conceito de <i>“habitus”</i>
reintroduzido por Bourdieu – não é uma simples consequência das determinações
da estrutura social. Internalizamos regras e normas sociais, mas existem
aspectos de nossas condutas que não são previsíveis. É como um jogo que sabemos
as regras e o seu sentido, mas que também podemos improvisar. A noção de <i>“habitus’</i> exprime, sobretudo, (...) a
recusa a toda uma série de alternativas nas quais a ciência social se encerrou
a da consciência (ou do sujeito) e do inconsciente, a do finalismo e do
mecanismo”. (BOURDIEU, 1989, p.60).</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText">
<br /></div>
<div class="MsoFootnoteText">
<o:p>O AUTOR</o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px; text-align: justify;">
Professor da rede estadual de ensino do Ceará<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px; text-align: justify;">
Estudante do Programa de Pós Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoFootnoteText">
<o:p></o:p></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="-webkit-text-stroke-width: 0px; color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: medium; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: 24px; margin: 0px; orphans: auto; text-align: justify; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 1; word-spacing: 0px;">
Email: michaelmarques.cs@hotmail.com<o:p></o:p></div>
</div>
</div>
Daniel Walkerhttp://www.blogger.com/profile/13137424418058559442noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3707568004086023732.post-9414272522828060722016-03-03T05:03:00.002-08:002016-04-20T15:09:07.295-07:00Carta de Reconciliação do Padre Cícero gera polêmica<div style="text-align: justify;">
A divulgação de uma notícia na imprensa segundo a qual três pesquisadores (Dr. Lauro Barreto, Pe. Neri Feitosa e o professor José Sávio Sampaio) contestam o conteúdo da carta sobre a reconciliação do Padre Cícero, divulgada no ano passado pela Diocese do Crato, está causando grande repercussão na imprensa e nas redes sociais. Abaixo transcrevemos um artigo na historiadora Anne Dumoulin, profunda conhecedora da história do Padre Cícero, o qual representa sua opinião abalizada sobre a polêmica em questão, contestando as argumentações dos pesquisadores. Em seguida transcrevemos artigo do escritor Paulo Machado que segue a linha dos três pesquisadores citados na matéria polêmica.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
“A reconciliação da Igreja com Padre Cícero é claramente um reconhecimento que a opinião que a Igreja tinha sobre este sacerdote estava errada e a carta apresenta diversas virtudes do Padre até mesmo apresentando-o como um modelo para a nova evangelização, para uma Igreja em saída! Claro que como todo ser humano, Padre Cícero não foi privado de erros e falhas durante sua longa existência de 90 anos! O Cardeal não desvaloriza as pesquisas e a análise dos pontos de controversos! Ainda tem trabalhos, prezados pesquisadores que somos! Mas a carta é pastoral vai ao centro da questão que são os frutos bons da missão sacerdotal do Padre Cícero! Basta citar aqui as frases seguintes: " Sem dúvida alguma, Padre Cícero foi movido por um intenso amor pelos pobres e por uma inquebrantável confiança em Deus... Ele procurou agir segundo os ditames de sua consciência, em momentos e circunstâncias bastantes difíceis.... É necessário, neste contexto, dirigir nossa atenção ao Senhor e agradecê-lo por todo o bem que ele suscitou por meio do Padre Cícero." </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por favor... Um pouco mais de leitura teológica, esta vez, para reconhecer que a Igreja fez mais do que reabilitar (aliás, como reabilitar um falecido, reabilitar a celebrar a missa de novo? ) o Padre Cícero: ela, oficialmente, reavaliou e apreciou várias dimensões de sua vida como sacerdote... E não são poucas virtudes! Então, a Igreja não perdoou... Porque não tinha nada a perdoar... Tinha que corrigir uma visão errada e negativa que tinha do Padre Cícero, no passado! Ela não reabilitou Padre Cícero, pois as medidas disciplinarias são medidas que valem apenas neste mundo e não no Outro! A reconciliação com Padre Cícero é muito mais bonita, linda! Não se trata de beatificação, de canonização! O Papa fez um ato de JUSTIÇA, não somente em relação ao Padre Cícero mas também em relação aos seus romeiros tratados injustamente de fanáticos, ignorantes! Aliás, é a partir deles que o Papa está relendo a missão sacerdotal do Padrinho... A gente reconhece a árvore pelos seus frutos!”</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Para entender a polêmica leia abaixo a notícia que a provocou.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Diocese de Crato, no Ceará, diz que cartas são provas do perdão a Padim Ciço, excomungado após "milagre da hóstia"</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Uma polêmica e tanto agita os bastidores da Igreja Católica. Especialistas em processos canônicos contestam o alarde que a Diocese de Crato, no Ceará, a dez quilômetros de Juazeiro do Norte, vem fazendo em torno de duas cartas do Vaticano. Na visão da Cúria local, as correspondências garantem que Roma concedeu a tão sonhada reconciliação da Igreja com o Padre Cícero Romão Batista, um dos candidatos a santos mais populares do Brasil.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Padre Cícero foi excomungado pelo bispo do Ceará, Dom Joaquim Vieira, acusado de manipulação da fé. Ele não conseguiu fazer com que a Igreja reconhecesse o "milagre da hóstia” — as comunhões dadas por ele à beata Maria de Araújo teriam se transformado em sangue.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Como castigo, foi proibido de pregar, ouvir confissões e celebrar missas. Morreu em 1934, aos 90 anos, sem ter esses direitos restabelecidos como sacerdote. Após sua morte, o número de fiéis em romarias à cidade que ele fundou, Juazeiro do Norte, cresceu e transformou as peregrinações num dos maiores encontros de fé do País.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Para críticos, porém, ambas não endossam que o Papa Francisco tenha concedido de fato o perdão, transformando o episódio “numa possível farsa”, que seria alimentada pelo bispo de Crato, Dom Fernando Panico.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em carta de sete páginas, de 20 de outubro de 2015, assinada pelo secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin, e endereçada a Panico, a diocese interpreta trechos como sinônimo de reconciliação. Principalmente o que diz: “Mas é sempre possível, com a distância do tempo, reavaliar e apreciar as várias dimensões que marcaram a ação do Padre Cícero como sacerdote”.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ao divulgar tal carta (íntegra em www.diocesedecrato.org), em dezembro, com festa para 50 mil devotos, o bispo fez o milagre de triplicar as romarias no Sertão do Cariri e a arrecadação para os cofres da Mitra Diocesana.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
“Em momento algum o Vaticano fala em reabilitar, reconciliar ou perdoar o Padim Ciço. Apenas realça as qualidades de Cícero, nada mais. É embromação”, diz o advogado Lauro Barretto, devoto fervoroso do Patriarca do Nordeste. Como estudioso de processos canônicos, Barreto escreveu um livro que será lançado em abril.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Questionado pelo DIA, Armando Lopes Rafael, chanceler do bispado do Crato e porta-voz de Dom Panico, entregou à reportagem outra carta inédita, em italiano. Datada de 5 de setembro de 2014 e assinada pelo prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, cardeal Gerhard Müller, “comunicando”, segundo ele, a conciliação.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
“O Papa raramente assina cartas, delegando essa tarefa ao secretário de Estado. Existe uma minoria que não gostou da reconciliação da Igreja com o Padre”, lamentou Armando. “Essa carta de 2014 não garante a reconciliação. A Diocese de Crato interpretou errado as duas cartas”, diz Lauro.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Jornal do Vaticano não deu a notícia</div>
<div style="text-align: justify;">
Em 2006, dom Fernando Panico formou uma comissão e deu entrada na Congregação para Doutrina da Fé, no Vaticano, no processo de reabilitação. A polêmica em torno da interpretação das cartas começa quando, com base nos estudos realizados pela Equipe de Direito Canônico do Vaticano, o Papa Francisco ventilou que a Igreja deveria conceder a reconciliação de Padim Ciço com a Igreja.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
“Fico feliz por receber essa grande graça”, diz dom Panico num texto postado no site da Diocese. Reconciliação significa que a Igreja apaga qualquer oposição às ações de Padre Cícero.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nenhuma agência de notícias oficial do Vaticano, entre elas a Gaudium Press, tocou na possível reconciliação. Para o historiador e professor José Sávio Sampaio e o padre Nerí Feitosa, maior biógrafo de Padre Cícero não há provas de que a Igreja fez as pazes com Padim Ciço. “Não há documento assinado pelo Papa Francisco, que diz claramente que a Igreja se reconciliou com Padre Cícero”, diz Sávio. “Sugerir uma reconciliação não significa que ela tenha se dado de fato”, diz Nerí</div>
<div style="text-align: justify;">
Severino Silva / Agência O Dia</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
BREVE COMENTÁRIO SOBRE A “CARTA DE RECONCILIAÇÃO COM O PADRE CÍCERO” divulgada pela DIOCESE DE CRATO.</div>
<div style="text-align: justify;">
Por Paulo Machado</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Inicialmente cumpre destacar que a referida CARTA NÃO FOI ASSINADA PELO PAPA FRANCISCO e, sim, pelo Secretário de Estado da Santa Sé Cardeal Pietro Parolin. </div>
<div style="text-align: justify;">
Essa Carta, deixa bem claro que “não é intenção ... pronunciar-se sobre questões históricas, canônicas ou éticas do passado” afetas ao PADRE CÍCERO ROMÃO BATISTA.</div>
<div style="text-align: justify;">
. Aliás, o próprio Cardeal Paroli adverte o Bispo do Crato, para que ele tivesse o zelo e o cuidado, na “AUTÊNTICA INTERPRETAÇÃO DA MESMA” ao divulgá-la. </div>
<div style="text-align: justify;">
Mas estão dando uma maior dimensão a Carta do Cardeal Paroli</div>
<div style="text-align: justify;">
O Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro-RJ Cardeal Orani João Tempesta, chama a atenção para o fato de a referida Carta “aponta o lado benemérito” da figura do Padre Cícero, visto apenas do ponto de vista eminentemente pastoral e religioso. É este fato, segundo o Cardeal Tempesta, “que a imprensa chamou de REABILITAÇÃO DO PADRE CÍCERO” ou RECONCILIAÇÃO como apregoa a DIOCESE DE CRATO. NÃO FOI. </div>
<div style="text-align: justify;">
O Padre Cícero, na visão da Igreja Católica continua sendo, segundo a CARTA do Cardeal PAROLI , “UM VASO DE ARGILA”, uma figura “NÃO PRIVADA DE FRAQUEZA E DE ERROS”, uma pessoa que “NEM SEMPRE SOUBE ENCONTRAR AS JUSTAS DECISÕES A TOMAR OU ADEQUAR-SE ÀS DIRETRIZES QUE LHE FORAM DIRIGIDAS PELA LEGÍTIMA AUTORIDADE”, e, ainda, que outros aspectos do Padre Cícero “PODEM SUSCITAR PERPLEXIDADE.” . Mas o Cardeal Paroli não deixa de exaltar que às vezes, “DEUS ESCREVE CERTO POR LINHAS TORTAS” E SE SERVE DE INSTRUMENTOS IMPERFEITOS PARA REALIZAR A SUA OBRA (CF.LC 17:10)”</div>
<div style="text-align: justify;">
É nesse aspecto, segundo Paroli, que a Igreja Católica e mais precisamente a DIOCESE DE CRATO se serve ou tem incorporado esse movimento popular e da imagem do Padre Cícero para ir “ao encontro das periferias existenciais”, “para a solidificação da fé católica no ânimo do povo nordestino” .</div>
<div style="text-align: justify;">
Segundo Paroli, o Padre Cícero continua sendo “ objeto de estudos e análise, como atesta a multiplicidade de publicações a respeito, com interpretações as mais variadas e diversificadas”. </div>
<div style="text-align: justify;">
NÃO HOUVE, PORTANTO, RECONCILIAÇÃO DA IGREJA com o PADRE CÍCERO. O Cardeal Paroli conclui: “ MAS É SEMPRE POSSÍVEL, COM A DISTÂNCIA DO TEMPO E O EVOLUIR DAS DIVERSAS CIRCUNSTÂNCIAS, REAVALIAR E APRECIAR AS VÁRIAS DIMENSÕES QUE MARCARAM A AÇÃO DO PADRE CÍCERO.</div>
<div style="text-align: justify;">
RECONCILIAÇÃO E O PERDÃO DA IGREJA PARA COM O PADRE CÍCERO PODEM ATÉ OCORRER NO FUTURO, ESPERAMOS TODOS. MAS, no momento, com todo respeito a quem pensa de forma diversa: NÃO HOUVE. </div>
<div style="text-align: justify;">
PAULO MACHADO</div>
<div style="text-align: justify;">
(AUTOR DE “PADRE CÍCERO ENTRE OS RUMORES A A VERDADE”<br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-size: large;">Polêmica boba em torno da carta de reconciliação do Padre Cícero</span><br />
“O Padre Cícero é um cruciante ponto de interrogação”. Esta frase dita por Monsenhor Azarias Sobreira, autor do livro Padre Cícero, o Patriarca de Juazeiro, no século passado, permanece atual e cada vez mais oportuna.<br />
Durante muito tempo, principalmente nos livros, Padre Cícero foi sempre analisado obedecendo a uma invariável dicotomia de juízos diametralmente opostos: de um lado, sendo atacado com radicalismo por quem não lhe reconhece nenhum valor; de outro, sendo exaltado com exagero por quem lhe confere muitas qualidades.<br />
Ultimamente, porém, depois que os cientistas sociais passaram a estudá-lo, sua figura real começou a ser delineada dentro de uma nova ótica de observação e análise. E, ao que tudo indica nessa nova visão Padre Cícero é mostrado com os defeitos comuns aos homens normais e as virtudes inerentes aos homens extraordinários. Tudo dentro da lógica, conduzido sem paixão, para que, um dia, quem sabe, ele finalmente deixe de ser, usando a expressão de Padre Azarias Sobreira: um cruciante ponto de interrogação.<br />
Tudo na vida do Padre Cícero gera polêmica. É assim desde que nasceu. Agora surge uma nova polêmica justamente porque surgiu um fato novo na sua história. E mais uma vez tem a Igreja como protagonista. É a tão propagada carta de sua reabilitação com a Igreja que para alguns historiadores deve ser catalogada no arquivo com o nome de “suposta”, o mesmo que arquiva o milagre da hóstia. Assim, para muitos historiadores Padre Cícero é um suposto santo, um suposto líder, um suposto milagreiro e agora um suposto reconciliado. Sua via crucis parece não ter fim e ele mesmo já antevia isto quando disse: “Tomei o propósito, desde o começo desta enorme perseguição contra mim, de entregar tudo a Deus e a Nossa Senhora das Dores e não me defender de coisa alguma”.<br />
Diante dessa polêmica que a carta de reconciliação do Padre Cícero gerou podemos intuí que ela virou polêmica por vários motivos, alguns dos quais mencionamos a seguir:<br />
1) Não é um decreto da Congregação para doutrina da fé<br />
2) Não foi assinada pelo Papa<br />
3) Não traz explicitamente a palavra reconciliação<br />
4) Não foi notícia na imprensa oficial do Vaticano<br />
5) Ela foi conseguida pelo esforço do bispo D. Fernando ancorado no estudo da comissão que ele nomeou para elaborar e enviar o processo de reabilitação histórica e eclesial do Padre Cícero.<br />
Parece que este último ponto está bem explícito no bojo das discussões que se dissemina na imprensa e nas redes sociais, dando a entender que agora o foco da questão polêmica não é mais o Padre Cícero e sim, o bispo da diocese do Crato. E isto é fácil de perceber, quando a gente vê os nomes dos defensores e dos contestadores da agora (lamentavelmente) famigerada carta de reconciliação.<br />
Se a discussão prosperar por este caminho ficará evidentemente pessoal e não levará a lugar nenhum, e não trará contribuição histórica importante para a biografia do Padre Cícero.<br />
Por isso, no intuito de oferecer alguma contribuição para estancar as animosidades, mas sem intenção de participar de nenhum dos grupos antagônicos que a questão gerou, ousamos fazer as seguintes ponderações:<br />
1) O fato de ser uma carta e não um decreto isto parece ser de somenos importância<br />
2) Não ser assinada pelo Papa é irrelevante, pois o cardeal que a assinou tinha credenciais para representar o pensamento de Sua Santidade sobre o assunto]<br />
3) A palavra reconciliação não está explica, mas os argumentos contidos induzem a tal porque as virtudes do Padre Cícero foram evidenciadas, sua pastoral foi elogiada e as romarias foram exaltadas como sendo bons frutos.<br />
4) A imprensa oficial do Vaticano não divulgou o assunto, mas também não se pronunciou até agora condenando quem divulgou a carta como sendo de reconciliação.<br />
5) Mesmo que traga constrangimento a alguns historiadores, D. Fernando tem, sim, algum mérito nessa questão, pois foi ele quem fez oficialmente o pedido de reconciliação histórica e eclesial do Padre Cícero à Congregação para a doutrina da fé, mesmo tendo recebido argumentos contrários apresentados por figuras do clero, algumas delas da sua diocese.<br />
<br />
Diante do exposto, vamos deixar de lado essa polêmica boba e infrutífera; vamos aceitar a carta como sendo mesmo de reconciliação, afinal o Vaticano não contestou que assim pensa; vamos vibrar com a carta pois ela é um documento que reconhece virtudes do Padre Cícero, aprova sua pastoral, o tem como exemplo a ser seguido e exalta as romarias; foi escrita com autorização do Papa como manifestação expressa do seu pensamento e por fim, vamos todos dar graças a Deus pelo Padre Cícero que temos.<br />
Então, cantemos juntos: Viva meu Padim, via meu Padim, Cícero Romão. <br />
E chega de polêmica besta que não leva a nada.<br />
Daniel Walker<br />
<br />
<b>Em tempo: </b>Este artigo já estava escrito quando tomamos conhecimento de que na solenidade de divulgação da carta D. Fernando fez menção a um decreto emitido pela Congregação para doutrina da fé, cuja tradução do italiano é a seguinte:<br />
<br />
CONGREGAZIONE PER LA DOTTRINA DELLA FEDE<br />
<br />
00120 Città del Vaticano<br />
Palazzo del S. Uffizio<br />
27 de outubro de 2014<br />
Protocolo no. 319/14-48388<br />
<br />
Excelência Reverendíssima:<br />
Na data de 30 de maio de 2006, Sua Excelência entregou na sede desta Congregação um edido endereçado ao Santo Padre para a reabilitação canônica do Pe.Cícero Romão Baptista (1844-1934). Essa petição era acompanhada de uma igual petição formulada pela CNBB durante a sua 44ª. Assembleia Geral, de-17 de maio de 2006. O pedido também foi acompanhado de uma abundante documentação, fruto do estudo de uma especial Comissão de Estudos para a reabilitação histórico-eclesial do Pe. Cícero Romão Baptista.<br />
<br />
Este Dicastério, valendo-se também do parecer de alguns especialistas na matéria, não deixou de submeter a um cuidadoso estudo os documentos acima, confrontando-os com os documentos originais conservados neste arquivo da Congregação, relacionados com os eventos que levaram a Santa Sé a censurá-lo em alguns aspectos de sua vida. As conclusões do<br />
estudo foram submetidas à Sessão Ordinária da Congregação, realizada em 2 de julho de 2014, que decretou o que segue:<br />
<br />
TODOS: São consideradas justas e justificadas as medidas disciplinares que a seu tempo foram exaradas pela Santa Sé no processo de Pe. Cícero, e que foram mantidas até sua morte, e por isso não se pode atender ao pedido de reabilitação do sacerdote.<br />
<br />
TODOS: Considera-se oportuna, entretanto, a forma de “reconciliação histórica”, que leve em conta todos os aspectos da vida humana e sacerdotal do Pe. Cícero, e traga à luz o lado positivo da sua figura.<br />
<br />
O Santo Padre Francisco, durante a Audiência de 5 de setembro de 2014 aprovou a decisão acima e pediu que seja preparada uma Mensagem por um organismo da Santa Sé, endereçado aos fiéis dessa diocese, que agora está celebrando o primeiro centenário de sua elevação. Com essa iniciativa se poderá operar a desejada “reconciliação histórica”, possibilitando uma serena apresentação geral da figura histórica, sacerdotal e apostólica do Pe. Cícero, no contexto da devoção mariana e eucarística dos peregrinos de Juazeiro do Norte.<br />
<br />
Tendo em vista a preparação de tal Mensagem, peço-lhe gentilmente para fornecer aqueles elementos que, a seu critério, fazem hoje do Pe. Cícero uma figura a ser valorizada do ponto de vista pastoral e religioso.<br />
<br />
Gerard Müller<br />
Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé<br />
<br />
Pronto, gente, aí está o decreto. O decreto diz que Padre Cícero não pode ser reabilitado e está correto, pois a sua reabilitação só teria sentido se ele estive vivo para poder desfrutar do prazer de voltar a celebrar e praticar os outros diretos que todo sacerdote ativo tem. Como reabilitar não é possível, então o decreto "Considera-se oportuna, entretanto, a forma de “reconciliação histórica”, que leve em conta todos os aspectos da vida humana e sacerdotal do Pe. Cícero, e traga à luz o lado positivo da sua figura."<br />
Será que isso põe fim a polêmica ou vai alimentá-la mais ainda?<br />
<div>
<br /></div>
</div>
Daniel Walkerhttp://www.blogger.com/profile/13137424418058559442noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3707568004086023732.post-42693936652578763162016-02-19T09:24:00.000-08:002016-02-19T09:24:35.653-08:00Padre Cícero Romão Batista - Por Antonio Carlos Siufi Hindo <div style="text-align: justify;">
Fonte: http://www.progresso.com.br/opiniao/padre-cicero-romao-batista</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na região mais pobre do sertão cearense, especificamente na cidade de Juazeiro do Norte, um padre de origem humilde transformou a vida de um punhado de pessoas, que viviam desesperadas, sem norte e sem nenhum destino numa quadra de esperança e de vida. Naquela rotina dramática o sertanejo resignado com a sua própria sorte outra alternativa não lhe restava senão lutar e de se apegar com Deus e com a sua fé para continuar vencendo os desafios que o destino reservava para cada um deles.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Foi nessa quadra de sofrimento e dor intenso que Deus na sua onipotência divina reservou para a vida daquela população a ação sempre santa das suas mensagens transubstanciada na pessoa física de Cícero Romão Batista. E tudo transcorria na mais absoluta normalidade na vida daquele povo, até o dia em que um hóstia consagrada colocada na boa da beata Maria de Araujo, se transformou em sangue. Pronto. Foi o que bastou para que a Igreja da época remetesse o sacerdote à condição de um visionário. Nada mais perverso. O tema desnudou a face mais retrógada dos principais líderes religiosos da Igreja Católica de então transubstanciada na inveja de seus pares. Foi essa mesma inveja incrustrada no coração das pessoas ao longo da história da civilização, que impediram o Cristo de realizar os seus milagres em sua cidade natal.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A inveja continua presente e viva no seio da nossa sociedade. Ela está em todas as oficinas de trabalho, nas relações pessoais, nas relações sociais, e em todos os outros campos de atividade em que estiver envolvido o ser humano. Não temos outra saída, a não ser conviver com o seu ranço que nos estigmatiza e transfigura a nossa alma.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas, o que fizeram com o padre Cícero em nenhum momento desencantou o valor da crença, da fé, da confiança, que aquele verdadeiro homem de Deus conseguiu despertar no seio daquela população sofrida. Esse fato é a mais contundente de todas as provas de que a fé das pessoas não precisa de nenhum tipo de prova para aceitar como verdadeiros os ensinamentos que lhes são ministradas por vocação divina. E o Papa Francisco voltou novamente a surpreender o mundo ao perdoar o santo de Juazeiro do Norte de todas as punições que lhe resultaram impostas pela igreja católica entre os anos de 1.892 e 1.926, em nosso território nacional.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A fé daquele povo sofrido pelo seu conselheiro continua inquebrantável. Suas palavras continuarão sendo a sentinela mais forte a animar os homens de bons propósitos a acreditar na vida e fazer dela um raio de luz para os que vivem na escuridão. A ação papal resultou digna dos melhores elogios e sinalizou para um outro dogma de regular a importância: ninguém salva ninguém a não ser os nossos atos, as nossas ações, os nossos sentimentos, nobres e elevados e o desejo sempre presente de auxiliar o nosso semelhante a encontrar o seu destino de grandeza e de esperança.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O perdão é a palavra mágica que nos salva e nos redime. Foi ele o grito tresloucado daquele que deu sua própria vida para nos salvar. Francisco sabe interpretar como ninguém esses fatos. O seu papado está sendo considerado por muitos como verdadeiro divisor de águas no seio da Igreja Católica. Isso é muito bom e alvissareiro.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É o prenuncio que a Igreja pode ainda oferecer novas e surpreendentes ações de um homem que, tendo saído da cidade de Buenos Aires rumo à cidade do Vaticano para escolher um novo pontífice por lá permaneceu para ser ele próprio o grande vetor da paz, da concórdia e da união entre os povos e as nações ao redor do mundo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Promotor de Justiça aposentado. e-mail: dr.hindo@hotmail.com</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Daniel Walkerhttp://www.blogger.com/profile/13137424418058559442noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3707568004086023732.post-35888556658038644862016-02-06T12:30:00.000-08:002016-02-06T12:30:19.571-08:00“Tiramos o pe. Cícero do escuro da história”, disse Dom Fernando Panico<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOttsIoY09AZUS1rJvpgs6me2psYeog4GEZWV-VXxSukOKaHCOON7VHW5L086gThVy3FIR_OrsSCFfP0wGXbbhyphenhyphenDvB1aCRp5fruhxQkPWJWj2hsrgQqeN0-3Z4iaiCltCpEIdI2XNkCREs/s1600/AAZENITE.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOttsIoY09AZUS1rJvpgs6me2psYeog4GEZWV-VXxSukOKaHCOON7VHW5L086gThVy3FIR_OrsSCFfP0wGXbbhyphenhyphenDvB1aCRp5fruhxQkPWJWj2hsrgQqeN0-3Z4iaiCltCpEIdI2XNkCREs/s640/AAZENITE.jpg" width="640" /></a></div>
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ZENIT, órgão da imprensa romana, entrevista o bispo da diocese de Crato, Dom Fernando Panico. Temas: Igreja pede perdão ao pe. Cícero; diferença entre perdão, reconciliação e reabilitação; atividades políticas; padre e pastor; riquezas; acusações e perseguições; nove volumes de trabalho investigativo; dentre outros…</div>
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<br /></div>
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Cícero Romão Batista jamais soubera que um dia fora excomungado e, posteriormente, absolvido da pena, teve contato com Lampião, convidou Luis Carlos Prestes à rendição, movimentou o Nordeste Brasileiro, arrebanhou corações para Jesus Cristo, demonstrou-se sempre humilde e obediente perante as autoridades eclesiásticas, e, na impossibilidade de exercer o seu sacerdócio ministerial, tornou-se o “padrinho” de uma multidão órfã de pai. Essas e outras virtudes são muito bem demonstradas pelo jornalista Lira Neto na biografia mais completa já escrita sobre o santo popular: “Pe. Cícero, poder, fé e guerra no sertão”, Companhia das Letras.</div>
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<br /></div>
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Logo após a última missa celebrada na terra pelo “Padim” (como lhe chamavam os devotos, regionalismo de “padrinho”), no dia 4 de junho de 1921, minutos depois recebia o ofício diocesano que o proibia de exercer qualquer atividade como sacerdote dali por diante, até quando falecera em 20 de julho de 1934, tendo cumprido 90 anos.</div>
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<br /></div>
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“Instituo meu único e universal herdeiro a Santa Sé, representada na pessoa de Sua Santidade, o Papa, sendo o meu desejo que Sua Santidade aceite esta minha disposição de última vontade, incorporando a universalidade de minha herança ao patrimônio da mesma Santa Sé”, registrara alguns anos antes, em seu 1º testamento, lavrado no cartório em abril de 1918.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Testamento modificado em outras duas ocasiões, quando, em sua 3ª edição definitiva, deixou a Pia Sociedade de São Francisco de Sales como sua principal herdeira, com a condição de criar escolas e institutos de ensino e educação em Juazeiro. Acusado de escravizar os fieis na ignorância, esse mesmo sacerdote deixara metade da sua riqueza – não pouca, e doada por coronéis e romeiros ao longo da vida – para a educação dos concidadãos, e a outra metade para várias instituições religiosas da região.</div>
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<br /></div>
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Morreu paupérrimo, relatou a ZENIT Dom Fernando Panico, a ponto que os coronéis tiveram que fazer uma vaquinha para pagar o seu enterro.</div>
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<br /></div>
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Durante mais de um século atacado e manchado por intelectuais de todos os lados políticos e eclesiásticos. Durante mais de um século atraindo multidões, milhares de romeiros ao seu encontro, em vida, e mais ainda depois de morto, chegando aos milhões por ano atualmente… E sempre do lado de fora das Igrejas e dos templos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O Nordeste inteiro, e não só, tem o nome do santo nas ruas, nas praças, nos monumentos… e somente nesse último fim de semana, quase 100 anos após a sua morte, pela primeira vez na história, um quadro do Padim Ciço entrou em procissão, passando pela Porta Santa da Basílica Nossa Senhora das Dores, no contexto do Ano Santo da Misericórdia.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A região do Cariri é um autêntico oásis de fauna e flora em meio a um deserto – principalmente para quem cruza de carro do litoral do Ceará ao interior, como foi o meu trajeto ao visitar essa cidade nesse último mês de Janeiro de 2016 e entrevistar pessoalmente Dom Fernando Panico para ZENIT.</div>
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<br /></div>
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Ao som dos passarinhos, pé da Chapada do Araripe, na sede no recém fundado seminário de Crato e Casa de Repouso Sacerdotal, sentados em uma varanda refrescante, às 10h da manhã.</div>
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<br /></div>
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Os entrevistados foram: Pe. José Vicente Pinto, vigário geral da Diocese de Crato, e Dom Fernando Panico, bispo diocesano.</div>
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<br /></div>
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Após uma conversa introdutória muito enriquecedora, Dom Fernando Panico dignou-se responder às minhas perguntas.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O contato com um povo humilde, acolhedor, muitas vezes órfão de tudo, e que se aproxima da gigante imagem do Pe. Cícero na colina do horto para pedir proteção, inspira a unir a voz com um dos cantores da região, Jota Farias, deixando Juazeiro para uma outra vez voltar e com um novo CD no rádio:</div>
<div style="text-align: justify;">
“No caminho da fé o povo não se cansa.</div>
<div style="text-align: justify;">
Quem anda com jesus nunca perde a esperança.</div>
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Somos romeiros vivemos a caminhar</div>
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Visitando o juazeiro com Jesus nos encontrar</div>
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Confessar nosso pecado e assim nos libertar</div>
<div style="text-align: justify;">
E a cantar no santuário alegria de chegar”.</div>
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<br /></div>
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Acompanhe abaixo a entrevista completa concedida a ZENIT:</div>
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ZENIT: Vamos definir termos. Qual a diferença entre reconciliação, reabilitação, perdão, no caso do Pe. Cícero? (Nessa primeira resposta Dom Fernando Panico fez um apanhado geral sobre as principais questões relativas ao Pe. Cícero, acusado de rico, político, desordeiro, etc.)</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Dom Panico: Começo a fazer um pouco o histórico, o relatório, desse processo que foi enviado a Roma no ano 2006 e entregue ao Papa emérito Bento XVI.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nós, atendendo à própria sugestão que veio da Congregação para a Doutrina da Fé, enveredamos o processo todo sob a égide do nome reabilitação. Foi um nome que nasceu assim, do diálogo com o cardeal Ratzinger, com o secretário dele, Dom Bertone, hoje cardeal, então eu fiquei com esse nome: “reabilitação”.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E voltando para o Brasil depois daquela visita à Roma para tratar do assunto em questão reuni, graças à cooperação também da CNBB, uma equipe de estudiosos de todo o Brasil. Não só daqui da região do Ceará ou do Cariri. Eu queria formar uma comissão de estudiosos livres de preconceitos ou de paixões para que me ajudassem a formar um conceito, por quanto possível objetivo sobre tudo o que ocorreu ao redor do Pe. Cícero.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Então, reunindo essa comissão insistimos sobre o nome “reabilitação”. Todo o nosso trabalho visava, sem nos darmos conta, talvez, da diferença que depois foi mostrada pelo Papa Francisco, continuamos trabalhando em vista de uma reabilitação.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ao mesmo tempo começaram as críticas dos intelectuais que sabendo dessa comissão, dos estudos que estávamos realizando – estudos de pesquisa, nos arquivos de todo tipo que pudessem ter referência ao pe. Cícero.</div>
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<br /></div>
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É a Igreja que deve reabilitar-se com o Pe. Cícero</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Então, as críticas diziam: “reabilitar”? “reabilitar o quê?”, é a Igreja que deve se reabilitar com o pe. Cícero porque foi a Igreja que condenou o pe. Cícero e, portanto, deve reconhecer a história como foi a partir de certas atitudes que ela, a Igreja, tomou. Então nasceram aquelas indiretas próprias do mundo acadêmico.</div>
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<br /></div>
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Pe. Cícero, homem polivalente, culto</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Fizemos também simpósio internacional sobre a figura do pe. Cícero e ressaltando a figura e a importância do pe. Cícero sob diversos enfoques, não só o enfoque da religiosidade, mas também o enfoque do homem polivalente, culto, que já naquela época entendia de tudo e, portanto, sabia aconselhar os pobres lavradores que fugiam da seca para resistir às calamidades da natureza, aonde, então, deviam plantar, como deviam plantar, aonde se podia encontrar água, como defender a natureza, para que a natureza não virasse o deserto… Já se falava na época do pe. Cícero em desertificação. E se falava do problema da água, se falava do problema da ecologia. Pe. Cícero que pedia para não fazer queimas de roças, que a terra é mãe, que não devia ser violentada pelo fogo, mas que os lavradores tivessem outros processos mais naturais para repousar a terra e dar à terra mais riqueza para produzir.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Pois bem, o pe. Cícero foi estudado sobre muitos aspectos.</div>
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<br /></div>
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Reabilitação… é Igreja que deve se reabilitar com o seu filho que foi colocado à margem, foi exilado, foi – digamos assim – não reconhecido.</div>
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<br /></div>
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Resultado dos trabalhos de investigação: nove volumes e uma resposta papal</div>
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<br /></div>
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Mas, apesar de todas essas críticas nós concluímos os nossos trabalhos, depois de quase quatro anos de estudos e apresentamos à Congregação da Doutrina da Fé no ano de 2006 nove volumes, nove volumes! Não fomos com pouco papel não! (sorriu Dom Fernando).</div>
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<br /></div>
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Nove volumes coletando tudo o que podíamos ler e saber sobre o pe. Cícero, incluindo também toda a correspondência dele, as cartas dele, e as cartas de outros a respeito dele, alguns a favor e outros contra, então, juntamos tudo e foi para Roma e, assim, no ano passado de 2015, depois de muita espera e muita insistência de minha parte, chegou a resposta. Uma resposta muito – digamos assim – iluminada.</div>
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<br /></div>
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Nós acolhemos essa resposta chorando. A comissão que viu comigo o conteúdo dessa carta do cardeal Pedro Parolin nos mandou, ao meu endereço, nos fez chorar de alegria. E já pensando na grande alegria que os romeiros, poderia e deveriam, encontraram na leitura das palavras que vêm do coração do Papa Francisco. Esse Papa que nos compreende porque ele sente na sua própria experiência espiritual a força e a importância da fé dos pobres e não impede que essa fé se manifeste. Não manipula, como sucessor de Pedro, a expressão religiosa numa determinada orientação.</div>
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<br /></div>
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Reconciliar é diferente de reabilitar</div>
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<br /></div>
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Então, quando nós lemos a carta vimos que não se falava de reabilitação e sim em reconciliação. Então, reconciliar é diferente de reabilitar.</div>
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<br /></div>
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Reabilita-se uma pessoa que já morreu? Como podemos dar ao pe. Cícero que já faleceu a mais de 90 anos, né, uma nova configuração canônica, jurídica? Como podemos devolver? Como a Igreja pode devolver o uso de ordens para um morto? Então, não se trataria, canonicamente falando, em reabilitação.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Agente não atinou para esse aspecto quando fizemos o processo. Mas o Papa, que é muito perspicaz e pastoral, sobretudo, entendeu que a questão do pe. Cícero deveria ser vista como uma questão de reconciliação da Igreja com o pe. Cícero e com os romeiros, que são os herdeiros espirituais de toda uma ação do pe. Cícero voltada para valorizar a vida dos últimos.</div>
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<br /></div>
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Um padre exemplar, que morreu pobre, deixando tudo aos pobres</div>
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<br /></div>
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O pe. Cícero manifesta para nós hoje o exemplo de um padre que não tem fronteiras, um padre aberto, um padre que sai ao encontro dos outros, embora ele não tenha nunca saído de Juazeiro; mas um padre aberto para acolher, um padre com cheiro de ovelhas, como fala o Papa Francisco. Um padre, então, sempre solícito para escutar, para dar bons conselhos e para ajudar até financeiramente.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O pe. Cícero é acusado de ter sido rico, mas a riqueza que ele tinha era dada a ele pelos coronéis que brigavam entre si e que o pe .Cícero fazia todo um trabalho de pacificação que eles – quem sabe se por amizade ou reconhecimento – ofereciam ao pe. Cícero bens, terras, para as quais o pe. Cícero enviava os afilhados dele que fugiam da seca, os flagelados.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Então, quando o pe. Cícero morreu, dizem os contemporâneos, pe. Cícero morreu pobre, paupérrimo, ao ponto que tiveram que fazer, os coronéis, uma vaquinha para custear as despesas da funerária: caixão, enterro e tudo. Então, de tão pobre que ele vivia… mas para muitos ainda permanece essa ideia do pe. Cícero rico.</div>
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<br /></div>
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Pe. Cícero Político: fundou a cidade de Juazeiro, da qual foi o primeiro prefeito</div>
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<br /></div>
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O pe. Cícero político. Bom, uma vez que o pe. Cícero foi proibido de exercer o ministério sacerdotal, e o povo continuava indo a ele, e dessa vez um povo exigido, pedindo, suplicando do pe. Cícero uma atenção em favor das famílias, então o pe. Cícero – digamos assim – não sei se cedeu ou assumiu como consequência da sua missão sacerdotal e pastoral, assumiu esse lado político, ou seja, para poder ajudar o povo fundou a cidade de Juazeiro, da qual foi o primeiro prefeito… foi nomeado também para outros cargos públicos, políticos, no Brasil, mas ele nunca chegou a tomar posse… preferiu, então, sempre ficar lá em Juazeiro cuidando do povo.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Então, em vez de reabilitação, reconciliação. Reconcilia-se com uma pessoa que, embora falecida, os valores dela continuam presentes e são eficazes para serem vistos e também assimilados sempre mais pelas gerações do povo.</div>
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<br /></div>
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Uma Igreja que sabe pedir perdão. Ninguém é tão puro de estar livre de qualquer suspeita</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Então, reconciliação da Igreja com o pe. Cícero. Esse gesto, que parece tão humano e tão divino. Lembro-me que não é a primeira vez na história que a Igreja passa por um processo de reconciliação e de perdão.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mais próximos dos nossos dias, dos nossos tempos, o Papa João Paulo II no jubileu do ano 2000, abraçado àquela cruz da basílica de São Pedro, do Vaticano, pediu publicamente perdão, em nome da Igreja, pelos erros cometidos ao longo da história. A Igreja sabe reconhecer também que errou, porque ela é humana, além de ser divina, instituição que vem de Deus, mas Ela é feita por homens, homens que podem errar, homens que, embora com todas as intenções melhores não deixam de transparecer a fraqueza deles como pecadores, das decisões que são tomadas. Ninguém tão puro para estar livre de qualquer suspeita.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E na história do pe. Cícero, infelizmente, assim como na história de todo ser humano tem elementos que contribuíram para a condenação dele.</div>
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<br /></div>
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ZENIT: Dom Fernando, existe algum projeto de publicar toda essa documentação, ou deixa-la à disposição de estudiosos, jornalistas e historiadores?</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Dom Fernando Panico: Esse material se encontra à disposição dos estudiosos, dos pesquisadores, no nosso departamento histórico diocesano, na cúria do Crato. Existe, então, o departamento histórico que recolhe todos os documentos relativos à diocese.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Todos os livros, então, que falam da história da diocese, história nas paróquias, etc. E aí estão, agora, os nove volumes, que foram apresentados para o Vaticano. No Vaticano tem uns exemplares, ou melhor, dois exemplares, ou três, não me lembro, de cada volume, conforme nos fora pedido e outros exemplares ficaram aqui mesmo no Crato a disposição da Cúria.</div>
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<br /></div>
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ZENIT: Mas, publicar… há essa ideia?</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Dom Fernando: Digamos que, no momento, uma ideia de publicar tudo… ainda não pensamos nisso não. Também para respeitar os tempos, para respeitar o estudo que a Santa Sé faria sobre aquele documento. Para não colocar, então, como costumamos dizer aqui no Brasil “o carro na frente dos bois”. Então, aquela prudência pastoral e também acadêmica, científica, para poder “vender o couro depois de ter matado o animal”.</div>
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<br /></div>
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ZENIT: Então, podemos entender que a Igreja pediu perdão. Mas pediu perdão pelo que, em concreto?</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Dom Fernando: Meu irmão, cada um faz a sua leitura. Agora, o Papa, na carta, me recomenda, a mim, bispo da diocese de Crato, para dar ao povo uma justa interpretação daquilo que ele quer e escreve. E essa justa interpretação consiste em que a Igreja reconhece o pe. Cícero pelos frutos dele.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ou seja, o Papa Francisco chega a desejar, a pedir até, a Deus, para que esta expressão das romarias, como Igreja em saída, Igreja missionária, não seja uma característica só para o Nordeste do Brasil. Mas seja para todo o Brasil e para a Igreja inteira. Então o pe. Cícero botou no coração e na boca e na caneta do Papa Francisco esse desejo de fazer da Igreja toda uma Igreja peregrina, a Igreja missionária, a Igreja que não fica tranquila nos seus lugares assim de status, mas arrisca. A Igreja como hospital, campo de batalha, a Igreja que não tem medo de ficar suja de barro ou de sangue, é a Igreja que mexe com a realidade humana para iluminá-la, para purifica-la e para redimi-la.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Então, o papa Francisco me pede para dar uma justa interpretação dessa carta. E ele disse: nós não entramos em mérito à questão política, à questão de outros aspectos, que são críticos na vida do pe. Cícero. Nós não vamos entrar em mérito nisso. E por isso, não podemos falar, por enquanto de processo de canonização.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Assim fala o papa com muita sabedoria. Isso poderá acontecer, mas não é já já não. É um processo. De modo que eu brinco e falo sério, para mim e para os outros nossos irmãos aqui da diocese, dizendo que certamente não serei eu que vai introduzir o processo de beatificação do pe. Cícero.</div>
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<br /></div>
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O Pe. Cícero saiu do escuro da história. O Romeiro vem ao encontro de Jesus Cristo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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Dêmo-nos por satisfeitos e agraciados pela misericórdia de Deus porque tiramos o pe. Cícero do escuro da história e colocamos ele diante da sua verdade que é reconhecida pelo sucessor de Pedro para que todo o Brasil e sobretudo os milhões de romeiros que todos os anos vêm aqui à Juazeiro atraídos pela memória dele saibam encontrar, não tanto o pe. Cícero, mas Jesus Cristo, porque o pe. Cícero não chamava o povo para visitar ele, mas para se encontrar com a eucaristia, com a confissão, com o sacramento da misericórdia, com Nossa Senhora das Dores, com o coração de Jesus. E o papa Francisco, nessa carta que ele escreveu, diz que é Jesus a origem, o centro e o fim das peregrinações que acontecem por causa do pe. Cícero.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Então, atribuímos a Jesus este movimento de Graça, que é a romaria, e o pe. Cícero naturalmente foi o canal e o instrumento, mas nós amamos o pe. Cícero porque ele nos ajuda a compreender melhor a ser discípulos missionários de Jesus, devotos de Nossa Senhora e fieis à Igreja católica.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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ZENIT: E é isso que realmente se vê nos romeiros? Quer dizer, então, que os romeiros que vêm à Juazeiro frequentam os sacramentos, são acolhidos pelos sacerdotes da região, têm todo o apoio pastoral que necessitam?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Dom Fernando: Acontece que nas paróquias de origens, nos municípios e dioceses de origens desses romeiros tem também, além do povo que é devoto do pe. Cícero, tem também padres e bispos que a seu tempo, antes de serem padres e bispos, foram romeiros, então nunca perderam a sensibilidade e a espiritualidade romeira.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas, respondendo a sua pergunta: eu não posso afirmar categoricamente que os romeiros, hoje, vêm aqui à Juazeiro mais por causa do pe. Cícero do que por Jesus. Isso foge às minhas apreciações.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas, eu faria a mesma pergunta a outro santuário: quem vai venerar em São Giovanni Rotondo São pe. Pio, vai por causa do pe. Pio ou por Jesus? Creio que vão por Jesus por causa do Pe. Pio, mas vão visitar o pe. Pio para que o pe. Pio os ajude a se encontrar com Jesus. A mesma coisa diria com o pe. Cícero e Jesus.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
ZENIT: Falando no pe. Pio, lembramos que ele também morreu com cinco processos nas costas…</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Dom Fernando: É por isso que existe uma certa afinidade, né? Porém, analógica.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O Pe. Pio também sofreu e sofreu muito. E o grande mérito que a providência de Deus possibilitou-lhe é que o Papa João Paulo II era penitente dele e conhecia muito bem o pe. Pio.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Então, foi o Papa João Paulo II em tão pouco tempo depois que assumiu o pontificado, tirou da gaveta o processo, ou melhor, foi iniciado o processo – não sei bem dizer exatamente – e, em pouco tempo foi beatificado e canonizado; e o pe. Cícero não tem ninguém a favor dele lá na cúria romana. Mas, agora a providência de Deus mandou-nos Francisco que bem compreende a situação e com coragem apostólica, ousadia mesmo, que às vezes incomoda os bem-pensantes – ele toma decisões que são, certamente, expressão de uma luz que o Papa recebe para guiar a Igreja de acordo com o projeto do pai.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
ZENIT: Por fim, com relação à notícia da reconciliação da Igreja com o pe. Cícero, ouve-se dizer também que a Igreja está se aproveitando agora da situação, de certa forma instrumentalizando o pe. Cícero, para atrair novamente os católicos para a Ela, por causa da quantidade de fieis que está perdendo para as seitas no Brasil. O que dizer sobre isso?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Dom Fernando: Bom, cada um pensa como quer. Agora, posso garantir, com toda transparência e honestidade de minha parte, que nunca quisemos manipular a memória do pe. Cícero para salvaguardar a perseverança dos romeiros na Igreja católica. Eu diria o contrário. São os próprios romeiros que chegam aqui, em Juazeiro, atribulados pela campanha, pelo proselitismo das seitas que assediam – a palavra é feia mas existe também o assédio religioso – assedia a fé simples dos romeiros para poder agregar os romeiros às seitas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Foi feito um estudo pela CNBB, anos atrás, um mapa onde estão escritas as migrações religiosas do nosso povo em todo o território nacional. Então, tem regiões aonde é muito clara e evidente a passagem de católicos para os protestantes ou os evangélicos. Mas aqui, dessa nossa região, existem sim alguns “pontos vermelhos”, mas a maioria da região é positiva, ou seja, não têm essa presença.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Eu me pergunto, a que se deve tudo isso? Qual é o porquê dessa situação? E a resposta que me vem de uma maneira talvez ingênua, mas certamente uma resposta que me vem, da contemplação de como Jesus “te louvo, ó Pai, porque essas coisas as escondes aos grandes e as revelastes aos pequenos. Te louvo, ó Pai, porque são os últimos, os humildes, que podem, então, mais te glorificar. Te louvo, ó Pai, porque da boca daqueles que não sabem falar vem para ti o melhor louvor”.</div>
<br />Daniel Walkerhttp://www.blogger.com/profile/13137424418058559442noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3707568004086023732.post-68379612072498961492016-02-01T05:31:00.002-08:002016-02-01T05:31:52.802-08:00Inédito: Padre Cícero entre pela Porta Santa na Basílica de Nossa Senhora das Dores<div style="text-align: justify;">
Na noite do dia 29 de janeiro de 2016 se deu a abertura da Porta Santa da Misericórdia na Basílica de Nossa Senhora das Dores, a qual foi presidida pelo Bispo Diocesano Dom Fernando Panico que abençoou e aspergiu água benta nos fieis. Foi um momento ímpar, esperado por tanto anos... Como início da Romaria das Candeias, após a abertura, aconteceu a entrada oficial do Padre Cicero através de um quadro (tela de Assunção Gonçalves) conduzido pela irmã Annete e demais membros da pastoral da romaria. No momento, sob o canto de benditos, toda igreja acolheu com uma calorosa salva de palmas o cortejo inédito na Basílica de Nossa Senhora das Dores. Viam-se faces molhadas de emoção pura na multidão de romeiros e devotos do Padre Cícero e da Mãe das Dores. Em seguida deu-se início à celebração da santa missa concelebrada por vários padres e presidida pelo bispo.</div>
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A porta principal de acesso à Basílica, agora como Porta Santa, é um grande portal todo trabalhado com cenas do evangelho. (Texto e fotos de Pautília Ferraz)</div>
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Daniel Walkerhttp://www.blogger.com/profile/13137424418058559442noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3707568004086023732.post-16609532160666623902016-02-01T05:06:00.002-08:002016-02-01T05:06:49.925-08:00Dom Eraldo, da Diocese de Patos – PB, preside Santa Missa no terceiro dia da Romaria das Candeias<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8_rtexQQXKfs3H6bDpHRQTxBscpZtdmayWmiTOsUrW19JY9wTBBHLlmywb7cds8spUrEtOd9g2C3eFYe-0CZwcOwQys-8e6-t-WnIadnjZHn9zPHDBy7IVLIi9uqgKQhzpLjUO00_AXOS/s1600/adom.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="422" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8_rtexQQXKfs3H6bDpHRQTxBscpZtdmayWmiTOsUrW19JY9wTBBHLlmywb7cds8spUrEtOd9g2C3eFYe-0CZwcOwQys-8e6-t-WnIadnjZHn9zPHDBy7IVLIi9uqgKQhzpLjUO00_AXOS/s640/adom.jpg" width="640" /></a></div>
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Usando um chapéu de palha, símbolo do romeiro, Dom Eraldo Bispo da Silva, Pastor Diocesano da cidade de Patos, Paraíba, presidiu a Santa Missa que marcou o terceiro dia da Romaria das Candeias em Juazeiro do Norte.</div>
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<br /></div>
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A celebração, que teve início às 19h, foi aconteceu no largo da Basílica Santuário de Nossa Senhora das Dores e contou com a participação do Frei Roberto, da cidade de Bom Conselho, e Padre Zito, de Garanhuns, ambas localizadas em Pernambuco.</div>
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<br /></div>
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Durante a homilia, Dom Eraldo falou sobre a alegria de celebrar a eucaristia na primeira romaria desde o anúncio da reconciliação histórica da Igreja com o Padre Cícero. Também arrancou longas risadas dos milhares de romeiros ao proferir sua reflexão de maneira livre e coloquial sobre a necessidade de os fiéis também se reconciliarem uns com os outros nos desafios e dificuldades do dia a dia.</div>
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<br /></div>
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Após a Santa Missa ainda aconteceu o tradicional “show do chapéu” com animação do cantor juazeirense Jota Farias, além de quermesse nas imediações da Basílica.</div>
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<br /></div>
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Para esta segunda-feira, dia primeiro de fevereiro, véspera da grande romaria, estão previstas confissões antes de cada Missa, Ofício de Nossa Senhora, Coroa das Dores, Maria Valei-me e bênção do Santíssimo Sacramento. Os horários da programação podem ser acessados em: http://maedasdoresjuazeiro.com/candeias2016</div>
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Fonte:Diocese do Crato</div>
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<br /></div>
Daniel Walkerhttp://www.blogger.com/profile/13137424418058559442noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3707568004086023732.post-21983423693121080792015-11-02T15:01:00.001-08:002015-11-02T15:01:35.083-08:00As doenças do 'Padim'<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsbrgXve_i8CIk5mpTuCCaKwQk3BcPaS9_pUWbP0KPBSBPGmtXiOAqdVj3M7Ko-DuCKUefvCeuCQ3WoruncHv7C06dOyx_FS1TQwB4Yx7FXMvblYZ2PM0rTAwWiFlBfsvOETfSnZLnu5pa/s1600/image.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsbrgXve_i8CIk5mpTuCCaKwQk3BcPaS9_pUWbP0KPBSBPGmtXiOAqdVj3M7Ko-DuCKUefvCeuCQ3WoruncHv7C06dOyx_FS1TQwB4Yx7FXMvblYZ2PM0rTAwWiFlBfsvOETfSnZLnu5pa/s320/image.jpg" width="212" /></a></div>
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As doenças do 'Padim'</div>
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Seria ele portador de uma doença reumática? Por meio da bio-história, médico cearense estuda os múltiplos aspectos da saúde do religioso</div>
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01.11.2015 por Giovanna Sampaio - Editora do Vida - Jornal Diário do Nordeste, Fortaleza, Ceará</div>
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<br /></div>
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A história de vida de Padre Cícero Romão Batista (1844-1934), sobretudo a relacionada à saúde, suscitou um estudo aprofundado sobre a plausibilidade de essa figura mitológica do sertão nordestino ser portadora de espondilite anquilosante, doença inflamatória crônica que afeta as articulações do esqueleto axial (coluna, quadris, joelhos e ombros).</div>
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<br /></div>
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O achado foi apresentado pelo reumatologista cearense Francisco Airton Castro da Rocha, professor e pesquisador da Universidade Federal do Ceará (UFC), durante o Congresso Brasileiro de Reumatologia, realizado em outubro, em Curitiba, com o título "Padre Cícero teria uma doença reumática?"</div>
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<br /></div>
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<b>Questionamentos</b></div>
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<br /></div>
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O interesse pelo tema, segundo o médico, ocorreu de forma fortuita, após ler a biografia "Padre Cícero: Poder, Fé e Guerra no Sertão" (Companhia das Letras), do escritor cearense Lira Neto. Mais que enxergar a figura do homem religioso por trás do líder popular, o médico se deteve a analisar e questionar a série de doenças e diagnósticos atribuídos ao Padim Cícero, nome pelo qual é reverenciado pelos milhares de romeiros que visitam Juazeiro do Norte.</div>
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<br /></div>
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A curiosidade pelos achados o levou a levou a ler, ao todo, 12 obras sobre a vida do religioso, cujas imagens o retratam sempre com a cabeça inclinada para o lado direito, portando batina, chapéu e seu cajado. Em sua pesquisa, Dr. Airton Rocha também destaca as obras "Milagre de Juazeiro" (Ralph Della Cava), e "Padre Cícero que Conheci" (Amália de Oliveira), essenciais para elucidar a bio-história de seu objeto de estudo.</div>
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<br /></div>
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Para o presidente da Sociedade Cearense de Reumatologia, Dr. José Eyorand Castelo Branco de Andrade, "a entidade vê com bons olhos, pois busca identificar uma doença para a qual não se tinha ainda chamado atenção. São propostas, indícios e tudo leva a crer que o religioso poderia ser portador de espondilite". Destaca que, ainda hoje, muitas pessoas acometidas dessa doença sequer o sabem e, em média, leva-se oito anos para o diagnóstico, após o início dos sintomas.</div>
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<br /></div>
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<b>Histórico dos sintomas</b></div>
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<br /></div>
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No artigo "Padre Cícero Romão Cícero - Aspectos sobre a saúde do Patriarca de Juazeiro", o reumatologista enumera uma série de indícios, que, aos olhos de um leigo, podem passar despercebidos. A começar pelo fato de, apesar de sua vida longeva, Padre Cícero apresentar o pescoço inclinado, fato particularmente visível quando tinha 44 anos (como mostra uma foto ao lado de sua irmã), e em várias outras posteriores revelando a existência de um desvio cervical lateral.</div>
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<br /></div>
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Outro ponto que chamou atenção foi o histórico de o religioso ter sofrido de dores lombares ao longo da vida, assim como de distúrbios do tubo digestivo (intestinos) e infecções de pele recorrentes (nos últimos anos de vida) e de manter uma posição anteriorizada (para frente) do tronco em relação à região lombar. "Em um vídeo da época, é claro observar que ele tem uma postura rígida e que se desloca em bloco, movendo toda a coluna", diz o reumatologista.</div>
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<br /></div>
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<b>Justificativa do 'achado'</b></div>
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<br /></div>
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A probabilidade de o quadro indicar que o religioso era portador de espondilite anquilosante, à luz da realidade diagnóstica de hoje, é justificada por Dr. Airton Rocha por uma série de fatores, sendo o genético uma delas.</div>
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<br /></div>
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O componente hereditário - olhos azuis e cabelos louros de Padre Cícero (filho de pai português e mãe índia) - é um elemento a ser considerado, uma vez que a ocorrência de espondilite anquilosante está mais presente em indivíduos brancos caucasóides (do norte europeu).</div>
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<br /></div>
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Em relação às fortes dores na coluna, Dr. Airton Rocha descarta a possibilidade de o padre ter escoliose (como é aventado em suas biografias), uma vez que, ao contrário do imaginário popular, a escoliose não é uma doença que provoca dor e raramente acomete a coluna cervical. Sobre Padre Cícero é relatado que ele sofria dores frequentes, em plena maturidade, que chegaram a prostrá-lo e indicavam não depender da realização de algum tipo de esforço físico. Isso sugere ter sido tratado de dor de caráter inflamatório, como é próprio desse grupo de doenças inflamatórias da coluna (como as espondiloartrites).</div>
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<br /></div>
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<b>Patologia de base</b></div>
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<br /></div>
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O reumatologista cita outra passagem do histórico de saúde do religioso na qual, aos 60 anos, ele ter sido diagnosticado por seu médico, Dr. Antonio Mariz, como portador de gota. "Possivelmente, seria consequência da doença de base (espondilite), uma vez que Padre Cícero tinha dieta frugal e fazia jejuns prolongados, abstêmio de bebida alcoólica, um perfil muito diferente de quem tem gota (artrite associada à deposição de cristais de ácido úrico). Devido aos problemas intestinais, o religioso, por volta dos 70 anos - teve a dieta líquida restrita a chás e água de coco", relata o pesquisador.</div>
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<br /></div>
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Esse recorte de evidência sugere que problemas digestivos, que estariam relacionados às espondiloartrites, lhe levaram a pensar que a "água-do-Juazeiro", por não estar adequadamente tratada, lhe prejudicasse. Na verdade, poderia se tratar de distúrbios intestinais que acometem pessoas com espondiloartrites, como a espondilite anquilosante. Sugere que o uso do cajado, além de sua função pastoral, tenha sido a forma encontrada pelo religioso para facilitar o apoio e permitir-lhe grandes marchas e trabalho incessante, para compensar a fragilidade de sua postura.</div>
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<br /></div>
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Além de submeter seus achados à crítica de seus pares, junto à Sociedade Brasileira de Reumatologia, Dr. Airton Rocha finaliza artigo que será publicado, em breve, em revista científica da área de reumatologia.</div>
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<b><br /></b></div>
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<b>Outro olhar</b></div>
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<br /></div>
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Para examinar a legitimidade desse achado, o reumatologista José Tupinambá Sousa Vasconcelos realizou análise sob o título "Padre Cícero teria reumatismo". Segundo ele, a pesquisa faz parte do campo da bio-história, que envolve diferentes áreas, desde a médica, passando pela genética, antropologia, química, psicologia e a própria história. "Não é uma questão de diagnóstico".</div>
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<br /></div>
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"É possível admitir a plausibilidade nosológica para a fenotipia de espondiloartrite", afirma o reumatologista, para quem considera muito difícil o fato de o religioso - a quem são atribuídos vários milagres - ter sido acometido de escoliose. Outras possibilidades diagnósticas foram excluídas pelo Dr. Tupinambá, incluindo poliomielite, osteoartrite e osteoporose, além da gota, embora considere "ser razoável admitir que Padre Cícero teria sido portador de uma espondiloartrite".</div>
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<br /></div>
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Daniel Walkerhttp://www.blogger.com/profile/13137424418058559442noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3707568004086023732.post-20176159525986700942015-09-28T05:54:00.000-07:002015-09-28T05:54:02.319-07:00CADÊ OSSOS DA BEATA? José Pereira Gondim<br /><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOy1rRDg2rtp94asTNQKqLollJrmjVE4AZ327XdTlFL0YRODF5eenTIqbBL4JgFDWy2GbXP88raQ4sx4WmHmretYE2s7H2nLPKNtbM6AHM9RS1WL9hTM8yGxHieraaZ36kkAUY5g3J2QpP/s1600/Beata-M.Araujo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="217" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOy1rRDg2rtp94asTNQKqLollJrmjVE4AZ327XdTlFL0YRODF5eenTIqbBL4JgFDWy2GbXP88raQ4sx4WmHmretYE2s7H2nLPKNtbM6AHM9RS1WL9hTM8yGxHieraaZ36kkAUY5g3J2QpP/s320/Beata-M.Araujo.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"></td><td class="tr-caption"><span style="font-size: 12.8px;">Padre Cícero e Beata Maria de Araujo, no museu-Juazeiro</span></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
A Beata Maria de Araújo, conforme registro Oficial, foi sepultada num túmulo construído pelo Padre Cícero, no interior da nave e no lado direito da Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Juazeiro do Norte. Mesmo condenada a um ostracismo palpável, seu jazigo não estava situado na sacristia, longe dos olhares de quem adentrava a capela, mas, bem no centro da mesma. Ademais, a Beata fora protagonista central do suposto milagre, que praticamente deu vida ao Juazeiro, bem como foi ela o fator desencadeante das romarias que projetaram a acanhada Vila do Joaseiro tornando-a, uma das cidades mais importantes do Nordeste e reconhecida até no exterior, como um local de trabalho, oração e fé. Maria de Araújo fez tremer um bispado e lançou sombras sobre a Igreja, uma Entidade com dezessete séculos de trajetória. A possibilidade de um cisma no catolicismo nordestino, somente não foi pressentido pelo Padre Cícero, em face de sua bondade e o grande amor por sua Igreja, uma Entidade que o maltratou de forma maiúscula, mas, que anteviu, nessa época nevrálgica, que essa divisão não seria difícil, pois, para onde o Padim se inclinasse, seus romeiros o acompanhariam. Portanto, a Beata Maria de Araújo, mesmo morta e aparentemente esquecida poderia ter seu culto despertado a qualquer momento, principalmente por seu túmulo está colocado numa posição estratégica, bem visível e diariamente lembrado pelos romeiros que visitavam a capela. Quem sabe, um belo dia, aquela primeira romaria de 07 de Julho de 1889, muito bem poderia ser reeditada, e, a partir daí transformar-se em devoção? Destarte, Maria de Araújo, mesmo morta</div>
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continuava sendo um estorvo no caminho da Igreja, mormente por seu túmulo está colocado numa situação de realce, e, com muito mais projeção do que o próprio altar de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. A capela fora concluída em 1908, todavia, em função das perseguições ao Padre Cícero, ainda não recebera a devida bênção religiosa, episcopal, e, agora, com a presença dos restos mortais da Beata Maria de Araújo, no seu interior, essa bendição devia está totalmente fora dos planos da Igreja. Abençoar a capela com ela lá dentro, impossível (?) Pois foi justamente por isso, que no dia 22 de Outubro de 1930, seus restos mortais foram exumados de forma criminosa, clandestina, e seu túmulo foi destruído sob alegativas tolas de rebaixamento de piso, enquanto seus ossos (os 206 ossos que compõem o esqueleto humano) foram irresponsavelmente e truculentamente jogados numa vala qualquer, ou incinerados, assim como o foram os"paninhos" do pretenso milagre. Nessas alturas dos fatos soa até ridículo, para esse Autor procurar-se em nível de bispado, da diocese do Crato, quem ordenou esse crime de vilipêndio, a premeditada ocultação dos ossos da infortunada Beata Maria de Araújo. Obviamente houve um responsável por esse ato de tamanha intolerância e indisfarçável arrogância, no entanto, o vigário do Juazeiro do Norte, monsenhor José Alves de Lima foi apenas um cumpridor de ordens, ou como se diz no vulgo, o "testa de ferro" de alguém, ou algo mais poderoso. É notório, que a Beata Maria de Araújo, apesar de mergulhada no ostracismo era alguém conhecida no Vaticano. Ela foi a mulher que abalou essa Entidade poderosíssima e seu nome foi citado em expedientes e decretos da Instituição, como foi o caso do fatídico documento assinado pelo cardeal Mônaco, em 04 de Abril de 1894. No que tange ao bispado do Ceará, na época de dom Joaquim, o nome de Maria de Araújo,<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>embora de forma sofrida e ligado a perseguições e punições, sem nenhum exagero foi uma constante. Nesses termos, mandante do crime foi a conveniência, foi a necessidade de se expulsar de dentro da capela os restos mortais de alguém, que apesar do: "viva a Beata Maria de Araújo (viva!); viva o Padre Cícero (viva!)"que lhe são dados hoje, nas procissões e por ocasião das celebrações das missas do dia vinte de cada mês, em lembrança da morte do Padim foi alguém que preocupou, e muito, a Igreja, não só no passado, mas, também agora. É bom deixar claro que o vigário monsenhor Lima cumpriu ordens, enquanto o Vaticano necessitava derriscar a última lembrança da Beata, que continuava bem à vista, e, "seguro morreu de velho". Independente do encontro de algum documento ou alfarrábio puído, que aponte um culpado menor, não se consegue calar-se a interrogação de alguns cidadãos livres, num País laico e democrático:1) Por que a Igreja não lhe devolve os ossos?; 2) Por que ela não pode ter um túmulo, onde os parentes, amigos e admiradores possam reverenciá-la?; 3) Se a Igreja prega amor e perdão, por que isso não reverbera nos castigos impostos a Beata, ao Padim, ou esse amor e perdão são vivenciados na casa e na vida dos outros? Segundo o velho professor de latim desse Autor evocando o filósofo romano Sêneca: "é torpe dizer-se uma coisa e fazer-se outra"! Atualmente, Maria de Araújo recebe vivas efusivos e a sua caridade e pureza são reconhecidos dentro e fora da Igreja. Já é tempo de devolver-lhe os ossos, a fim de que eles descansem em local público e conhecido. Basta de tanto sofrimento! </div>
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Nota: Esse texto faz parte de um livro deste Autor, em acabamento - Padre Cícero: Quando a Igreja vai lhe pedir perdão? </div>
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Daniel Walkerhttp://www.blogger.com/profile/13137424418058559442noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3707568004086023732.post-27780840433639960982015-05-12T06:52:00.000-07:002015-07-22T05:16:14.815-07:00Afinal, Padre Cícero foi ou não foi excomungado? Daniel Walker<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7xFtp2u0DURr0mLdw5eCXlP9YRcgGJDyHUi2t1wNHlwZ3OzyDgwvrAKcIo6xqbvvqOzugEiUIGZJrhzm477_pl7CrX0ajKpLWqrMlsqshZapjUR3IWH0G55_po56WF_zXRvJ2QEYLNSM/s1600/apc.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7xFtp2u0DURr0mLdw5eCXlP9YRcgGJDyHUi2t1wNHlwZ3OzyDgwvrAKcIo6xqbvvqOzugEiUIGZJrhzm477_pl7CrX0ajKpLWqrMlsqshZapjUR3IWH0G55_po56WF_zXRvJ2QEYLNSM/s200/apc.jpg" width="162" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="font-size: 12.8000001907349px; text-align: center;">Padre Cícero</td></tr>
</tbody></table>
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<span style="font-family: inherit;">Existe uma polêmica muito grande quanto a saber se Padre Cícero foi ou não foi excomungado pela Igreja Católica como decorrência das investigações dos chamados Milagres da Hóstia, ocorridos no povoado de Juazeiro a partir de 1º de março de 1889. Muitos escritores chegaram a dizer em seus livros publicados que ele morreu excomungado; outros disseram que ele não foi e outros que ele foi, mas a pena foi revogada antes de ele morrer. Quem está com a razão? Este texto foi escrito no intuito de tentar dirimir as dúvidas e elucidar a verdade, tendo como base documentos oficiais emitidos pelo Santo Ofício (hoje denominado de Congregação para Doutrina da Fé) e informações de fontes insuspeitas. Para melhor compreensão vamos detalhar os fatos seguindo uma ordem cronológica e sempre que possível será feito um pequeno comentário para maior clareza da informação. Antes de falarmos sobre a excomunhão propriamente dita fazemos uma retrospectiva da evolução das penas aplicadas ao Padre Cícero, as quais tiveram início com uma repreensão por escrito feita pelo bispo Dom Joaquim. </span></div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuyHxlegZMA5D8652kmoc80JkcYbOwE02m5ZTbPQZoum1-p7xhd8Eqb9CW5JEgC6NZOMcwuC4U8qvvOfV3fxoH80o6dvCC04DhCq_a2SqxzZ-X5Hm5Jrhzoqsd4tnjuBU5eqT1oNuM47c/s1600/adomjoaquim.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuyHxlegZMA5D8652kmoc80JkcYbOwE02m5ZTbPQZoum1-p7xhd8Eqb9CW5JEgC6NZOMcwuC4U8qvvOfV3fxoH80o6dvCC04DhCq_a2SqxzZ-X5Hm5Jrhzoqsd4tnjuBU5eqT1oNuM47c/s1600/adomjoaquim.jpg" /></a></div>
<span style="font-family: inherit;">- 4 de novembro de 1889. Inconformado com as notícias veiculadas na imprensa sobre os milagres o Bispo Dom Joaquim envia carta a Padre Cícero na qual o proíbe expressamente de fazer qualquer manifestação pública sobre o assunto.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Comentário: depois dessa carta o bispo mandou outra e como não ficou satisfeito com o comportamento do Padre Cícero no atendimento as suas determinações resolveu ser mais duro, aplicando penas mais severas. </span></div>
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<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: inherit;">- 6 de agosto de 1892. Através de Portaria o bispo D. Joaquim suspende o Padre Cícero das faculdades de confessar, pregar e administrar sacramentos. </span></div>
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<span style="font-family: inherit;">Comentário: Esta foi a primeira pena grave imposta oficialmente a ele como desdobramento das investigações dos fenômenos ocorridos no povoado de Juazeiro a partir de 1º de março 1889, denominados popularmente de Milagres da Hóstia.</span></div>
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<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: inherit;">- 13 de abril de 1896. O bispo dom Joaquim aumenta a punição ao Padre Cícero e o proíbe de celebrar Missa. </span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXK_Ii-3uqOSEnkjFXd-3yY0VEYu0hK-2rGoB7vstimokUC1rcS0D1c9kuBGE9Ao_JU3UpNyBp369hCPdZPd61uKlrlVbxPA5rlD_NQc_h0B8Hjcrc5CIUdFBhZFsV4o0wETu1UDJmmyM/s1600/papa+le%C3%A3o.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXK_Ii-3uqOSEnkjFXd-3yY0VEYu0hK-2rGoB7vstimokUC1rcS0D1c9kuBGE9Ao_JU3UpNyBp369hCPdZPd61uKlrlVbxPA5rlD_NQc_h0B8Hjcrc5CIUdFBhZFsV4o0wETu1UDJmmyM/s1600/papa+le%C3%A3o.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="font-size: 12.8000001907349px; text-align: center;">Papa Leão XIII</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Comentário: Em 26 de junho do mesmo ano Padre Cícero envia sua apelação ao Papa Leão XIII e pede que seja enviada uma comissão a Juazeiro para averiguar os fatos relativos ao Milagre da Hóstia. Tudo em vão, o Santo Ofício não mandou a Comissão e a proibição de celebrar Missa permanece. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">- 10 de fevereiro de 1897. O Santo Ofício emite um novo Decreto, agora proibindo a permanência de Padre Cícero em Juazeiro, sob pena de excomunhão. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Comentário: as proibições aumentam tendo em vista as péssimas informações chegadas a Roma sobre o Padre Cícero. O bispo Dom Joaquim estava tão indignado com o comportamento do Padre Cícero que nem sequer sabia mais distinguir entre verdade e boatos e colocava no papel e enviava a Roma qualquer informação recebida dos padres a seu serviço (principalmente Padre Alexandrino de Alencar) que espionavam a vida do Padre</span><br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguB1ln86n_xfRyrmjcNd_jRIBhUSCTyQIEyL2baPOUFKL5i2aIxl1dv1BQWTQLbM_90mLQ8F853QCKtJBxM2lJiIasJrwElQ7tXQcOkCA2aw78SPlJ8aooqsl4GPUaTpmpTvdrX84qD9M/s1600/alexandrino.bmp" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguB1ln86n_xfRyrmjcNd_jRIBhUSCTyQIEyL2baPOUFKL5i2aIxl1dv1BQWTQLbM_90mLQ8F853QCKtJBxM2lJiIasJrwElQ7tXQcOkCA2aw78SPlJ8aooqsl4GPUaTpmpTvdrX84qD9M/s1600/alexandrino.bmp" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="font-size: 12.8000001907349px; text-align: center;">Pe.Alexandrino</td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-family: inherit;">Cícero. Temeroso de incorrer na pena de excomunhão, Padre Cícero resolve sair de Juazeiro e vai para Salgueiro. Isto foi em 29 de junho de 1897. Em 25 de fevereiro de 1898 Padre Cícero chega a Roma para se entender com as autoridades religiosas na esperança de elucidar tudo sobre a Questão Religiosa em que se envolveu e, principalmente, ser reabilitado.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">- 22 de junho de 1898. Após cinco interrogatórios os cardeais do Santo Ofício decidem absolver o Padre Cícero das censuras até então impostas, mas ele permanece com a proibição de pregar, confessar e dirigir as almas e é aconselhando a procurar outra diocese. </span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOKR0bdYHpZZhZtRe682rqSsQLaqO2WyqbxDI5CGGSLqZEL-GolVHYib6G1Dm9IyWt5ej3M1e0Bh10J_lP5crrulPJPYUUmZ755BAyCL5yKO9EvmO5_GpLy4B9CCCXYiwjA8qzUponYcE/s1600/albverguedelcorso.png" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOKR0bdYHpZZhZtRe682rqSsQLaqO2WyqbxDI5CGGSLqZEL-GolVHYib6G1Dm9IyWt5ej3M1e0Bh10J_lP5crrulPJPYUUmZ755BAyCL5yKO9EvmO5_GpLy4B9CCCXYiwjA8qzUponYcE/s320/albverguedelcorso.png" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="font-size: 12.8000001907349px; text-align: center;">Albergue da Igreja de São Carlos </td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Comentário: Um fato interessante aconteceu nesse momento. Como o Padre Cícero não foi encontrado no endereço em que estava hospedado, os cardeais determinaram que ele deveria permanecer suspenso a divinis até se apresentar, de novo, ao Santo Ofício. A expressão latina suspensão a divinis se refere à suspensão de um eclesiástico de suas atividades ou ofícios religiosos. Sobre o suposto desaparecimento do Padre Cícero uma explicação plausível é dada por Padre Antenor Andrade no seu livro Padre Cícero: o calvário de um profeta dos sertões, publicado recentemente. Ocorreu o seguinte: ao chegar a Roma Padre Cícero ficou provisoriamente hospedado num hotel. Mas como suas finanças estavam se esgotando ele pediu às autoridades eclesiásticas que lhe arranjassem outro local, de preferência pertencente à Igreja, onde ficaria isento de despesa, e a assim foi atendido. Passou a residir no Colégio São Carlos, ao lado da imponente Igreja de São Carlos na Vila Del Corso, bem no Centro de Roma. Acontece que Padre Machado, encarregado de notificar ao Padre Cícero sobre a decisão do Santo Ofício não foi informado que ele havia mudado de endereço e não o encontrando no endereço anterior, informou às autoridades que não encontrara o destinatário. Daí a confusão gerada. Mas depois ficou tudo esclarecido e Padre Cícero foi finalmente notificado da sua absolvição, quando compareceu ao Santo Ofício em 1º de setembro de 1898. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">- 5 de setembro de 1898. Após vários requerimentos enviados ao Santo Ofício para regularizar sua situação ele consegue autorização e com muita alegria celebra Missa na Capela de São Carlos. E os cardeais foram mais benevolentes ainda, pois lhe concederam também permissão para celebrar durante a viagem de volta ao Brasil.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">- 15 de novembro de 1898. Padre Cícero se apresenta a Dom Joaquim em Fortaleza e lhe informa que fora absolvido em Roma. Mas o bispo, certamente insatisfeito com a decisão do Santo Ofício, foi implicante mais uma vez e não permite que ele celebre em Juazeiro. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Comentário: diante dessa atitude do bispo fica claro que ele não estava nada satisfeito com o desdobramento favorável da viagem do Padre Cícero a Roma. E como Padre Cícero continuou residindo em Juazeiro, as proibições permaneceram. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">- 12 de julho de 1916. O Santo Ofício declara o Padre Cícero incurso na excomunhão latae sententiate. </span></div>
<div style="text-align: left;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjApHpVaM1uou0BJLRf6GJ5WIPbVY8qW44jo_h4O3D_8ehyXiU-pydLhLO6VW0vZRyX36B73sNHNPiOU-Ybmd4HMIei0g5ioWmdn552uEObqFboKJmC7UH0wQGBA06ntVCbReiAhpAZ4ogD/s1600/aanversa.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjApHpVaM1uou0BJLRf6GJ5WIPbVY8qW44jo_h4O3D_8ehyXiU-pydLhLO6VW0vZRyX36B73sNHNPiOU-Ybmd4HMIei0g5ioWmdn552uEObqFboKJmC7UH0wQGBA06ntVCbReiAhpAZ4ogD/s200/aanversa.jpg" width="151" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">D. José Anversa</td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-family: inherit;">Comentário: Este é um dos vários tipos de excomunhão adotados pela Igreja Católica e é aplicado quando o fiel incorre no momento que comete a falta previamente condenada pela religião. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Assim, está bastante claro: de fato, foi lavrado um documento de excomunhão do Padre Cícero pelo Santo Ofício. Em 27 de julho de 1916 o cardeal Merry Del Val comunica o fato oficialmente ao Núncio Apostólico, Dom José Anversa. Eis o decreto na íntegra:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">“Ilmo. e Rmo. Senhor,</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Por informações desta Nunciatura Apostólica às Sagradas Congregações Consistorial e dos Negócios Eclesiásticos Extraordinários resulta evidente que o famigerado Sacerdote Cícero Romão Baptista de Joaseiro no Estado do Ceará, diocese de Fortaleza, nunca obedeceu, como devia aos repetidos Decretos do S. Ofício a seu respeito; que a sua obstinada permanência em Joaseiro é de gravíssimo dano para as almas; e que gravíssimas consequências se havia de deplorar se o mesmo, que já é bastante avançado nos anos, viesse a morrer naquele lugar.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1lQL8TbMAT8mv6RUotnjwn80nCSyuIOPoF6yb89s1JttDUbRN1IN0pf0is0MX0PHEwYZfX_l3s1X2Z6naPmyKkHmwjgy9ObilMCladPMRQIDWLJfm3VA78emI4a4MIQGUq9YRcg2k_7c/s1600/merry.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1lQL8TbMAT8mv6RUotnjwn80nCSyuIOPoF6yb89s1JttDUbRN1IN0pf0is0MX0PHEwYZfX_l3s1X2Z6naPmyKkHmwjgy9ObilMCladPMRQIDWLJfm3VA78emI4a4MIQGUq9YRcg2k_7c/s200/merry.jpg" width="131" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="font-size: 12.8000001907349px; text-align: center;">Cadeal Merry</td></tr>
</tbody></table>
<div>
</div>
<span style="font-family: inherit;">Tendo sido tudo isto referido na Congregação Feria IV, 21 de junho pp., os Emos. Senhores Cardeais, Inquisidores Gerais, meus Colegas, ordenaram que os lugares da mencionada Diocese nos quais forem necessários e no modo que V.S. julgar mais oportuno seja emanada uma pública declaração com a qual resumidos os Decretos de 4 de abril de 1894, com os quais se declaravam falsos os pretensos milagres de Joaseiro e se condenava a protagonista da indigna comédia e os seus fautores, entre os quais especialmente o Cícero; o outro dia 10 de fevereiro de 1897, com o qual se impunha ao Cícero afastar-se de Joaseiro sub pena excomunicationis latae sententiae Romano Pontifici reservatae; e finalmente o de 17 de agosto de 1898, com o qual se confirmaram as precedentes disposições e se acrescentaram outras; faça-se claramente entender aos fieis que a S. Sé e confirmando tudo que foi ate agora estabelecido reprova decididamente e condena a conduta do Cícero, declara-o incorrido na excomunhão reservada ao Sumo Pontífice, e exorta calorosamente todos os fieis a não se deixar enganar pelas suas falácias e tergiversações.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Neste interim, tenho o cuidado e participar-lhe que queira providenciar a sua plena e pronta execução e lhe desejo todo o bem de Deus. De V. S.Ilma. e Rma. Devmo. Servidor verdadeiro R. Card. Merry Del Val”.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3e1jBlrC2NzZQIH3ELVPgL_8RSHCy4decurs2KTZyObEe4yEWYm8lmwNQTdMubgmS2Q1gpu-5aLRiJ4X4a5q6XRXWZYFI1jqOBS7SjK16tulHBLOkkHA1ZRqhVSWUMCARb2AjZuG7_Lw/s1600/dom+quintino.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3e1jBlrC2NzZQIH3ELVPgL_8RSHCy4decurs2KTZyObEe4yEWYm8lmwNQTdMubgmS2Q1gpu-5aLRiJ4X4a5q6XRXWZYFI1jqOBS7SjK16tulHBLOkkHA1ZRqhVSWUMCARb2AjZuG7_Lw/s200/dom+quintino.jpg" width="136" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="font-size: 12.8000001907349px; text-align: center;">Dom Quintino</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">D. Quintino, bispo do Crato, só tomou conhecimento desse documento no dia 14 de abril de 1917, portanto nove meses depois da sua publicação. E só resolveu comunicar por carta ao Padre Cícero no dia 29 de abril de 1920, portanto três anos depois. E aconteceu um fato curioso: a carta foi escrita e enviada, mas Padre Cícero não a recebeu por decisão de Dr. Floro Bartholomeu da Costa, cujo motivo depois explicaremos. Antes vamos mostrar o conteúdo da carta de Dom Quintino:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">“Crato 29 de abril de 1920</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Revmo. Sr. Pe. Cícero Romão Baptista</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Não tendo a Suprema Congregação do Santo Oficio, até hoje reformado a sua venerada decisão de 21 de junho de 1916, na qual, considerando que o sacerdote Cicero Romão Baptista desta diocese nunca obedeceu, como devia, aos repetidos Decretos do Santo Ofício a seu respeito; que a sua obstinada permanência em Joazeiro e de grandíssimo dano as almas e que gravíssimas consequências se haveriam de deplorar se o mesmo viesse a morrer naquele lugar... ordenou que nos lugares da mencionada Diocese, nos quais se julgar necessário e no modo o mais eficaz, seja emanada uma pública declaração, com a qual, retomados os Decretos de 4 de abril de 1894, com o qual se declaravam falsos os pretensos milagres de Joazeiro e se condenava a protagonista da indigna comédia e os seus fautores, entre os quais especialmente o Cícero; o outro de 19 de fevereiro de 1897, com o qual se impunha ao Cícero afastar-se de Joazeiro, sub pena excomunicationis latae sententiae Romano Pontificireserva qual se confirmaram as precedentes disposições e se acrescentar outras; se faça claramente entender aos fieis que a S. Sé mantém firme tudo o que foi até agora estabelecido, decididamente reprova e condena a conduta do Cícero, declara-o incurso na excomunli reservada ao Sumo Pontifice, e exorta calorosamente todos os fieis a não deixar-se levar em engano pelas suas falácias e tergiversações (Carta do Núncio Ap., de 14 de abril de 1917); não sem pesar no antes de tudo, fazemos sentir a V. Revma. que a provisão que lhe concedemos para celebrar nesta Diocese, já por se ter esgotado seu prazo, desde 31 de dezembro de 1917, já sobretudo pelo fato da supracitada decisão, que agora lhe intimamos, por escrito, está sem nenhum vigor e não poderá ser renovada enquanto não for para isto autorizado por aquele Sagrado Tribunal.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Deus guarde e ilumine V. Revma.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Ass. + Quintino, Bispo Diocesano”. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-pY33ONFJeWgGq1sRXSHPs4447Y8688GClTt7mffrO5-w7ukNZ3deuEFAIIUN0-63dVQbG6w0tferFqC9v6LIDCm_Afuys1oNLz8ERcwblaUw1jgsPoMaQeb4d5FV5pPh7yBhZnS5FD4/s1600/afloro.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-pY33ONFJeWgGq1sRXSHPs4447Y8688GClTt7mffrO5-w7ukNZ3deuEFAIIUN0-63dVQbG6w0tferFqC9v6LIDCm_Afuys1oNLz8ERcwblaUw1jgsPoMaQeb4d5FV5pPh7yBhZnS5FD4/s1600/afloro.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="font-size: 12.8000001907349px; text-align: center;">Dr. Floro</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Padre Cícero não chegou a receber essa carta porque Dr. Floro foi quem a viu primeiro e diante do conteúdo exposto achou por bem não lhe entregar, pois achava que em face da avançada idade Padre Cícero não estava em condições de saúde e psicológicas para suportar tamanho baque. E foi isso mesmo que Dr. Floro informou ao bispo, conseguindo convencê-lo a não dar conhecimento da gravíssima pena de excomunhão a que padre Cícero incorreu. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Dom Quintino tinha, então, um documento provando que Padre Cícero estava excomungado, mas mesmo assim deixou que ele continuasse celebrando missa fora de Juazeiro. Ele celebrava no sítio Saquinho, município do Crato. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">No dia 1º de janeiro de 1917, estando excomungado, mas sem saber, Padre Cícero recebe autorização do bispo para celebrar Missa na capela de Nossa Senhora das Dores, onde deixara de celebrar desde o dia 6 de agosto de 1892. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Tudo corria mais ou menos normal entre Padre Cícero e o bispo Dom Quintino. Mas no dia 2 de junho de 1921 Padre Cícero lhe escreve uma carta pedindo autorização para ser padrinho de batismo de uma criança, filha legítima do Sr. Antônio Luiz de Assis Chitafina e Lucila Tenório de Assis, residentes em Juazeiro. Para sua surpresa, Padre Cícero recebeu a seguinte resposta:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">“Visto como o Revdmo. suplicante não está cumprindo exatamente todas as cláusulas das declarações que em Dezembro de 1917 depositou em nossas mãos, depois de serem lidas em público; e não só está fomentando a venda e divulgação das medalhas proibidas (quais são as que têm a sua efigie), mas frequentando o estabelecimento do vendedor e benzendo-as, como ainda a certa mulher que deixou de confessar-se para casar por ter declarado que acreditava "Nos milagres do sangue precioso do Juazeiro" aconselhou-lhe que fosse para Cajazeiras, da Paraíba, onde há trabalhos públicos, e depois de algum tempo de estadia ali, efetuasse, lá mesmo, seu casamento; não podemos dar licença ao mesmo suplicante para apadrinhar crianças e nem lhe conceder uso de ordens nesta diocese.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Crato, 3 de junho de 1921</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Ass. Quintino, bispo diocesano”.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Comentário: Segundo escreveu Amália Xavier de Oliveira em seu livro O Padre Cícero que eu conheci, “este despacho só chegou ao conhecimento do Padre Cícero no dia 4 de junho, quando ele já havia celebrado, sem o saber, sua última Missa”. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUZcfd9U9tFStBcGSoKk7KayYkXbY7rVAUhPKf1nsvWIerr2JBNxV9mtELyCO_jkQF12ECJpO9WZS_6dZVV2ODv7Sj6XBfrEdgwz_RlqzcSzEFZJoMRGbeeQ9qPBy2g00IrJPhoFsJApw/s1600/papa+bento+xv.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUZcfd9U9tFStBcGSoKk7KayYkXbY7rVAUhPKf1nsvWIerr2JBNxV9mtELyCO_jkQF12ECJpO9WZS_6dZVV2ODv7Sj6XBfrEdgwz_RlqzcSzEFZJoMRGbeeQ9qPBy2g00IrJPhoFsJApw/s200/papa+bento+xv.jpg" width="136" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="font-size: 12.8000001907349px; text-align: center;">Papa Bento XV</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Apesar de muita gente ter o bispo dom Quintino como algoz e inimigo do Padre Cícero, ele, na verdade foi muito benevolente para com o Padre Cícero. Chegou a pedir a reabilitação do padre, conforme esclarece a carta transcrita a baixo que ele enviou (quando estava no Rio de Janeiro) ao Papa Bento XV</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">“Beatíssimo Padre,</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O Bispo do Crato, tendo recebido pelo Núncio Apostólico, em maio de 1917, o mandado de tornar pública em sua Diocese a sentença pela qual a Sé Apostólica declara que o sacerdote Cícero Romão Baptista, na mesma Diocese bem conhecido, incorreu na pena que lhe foi cominada de excomunhão latae sententiae, reservada ao Romano Pontifice, em virtude de ter negligenciado as determinações a ele impostas pela Sagrada Congregação do Santo Ofício nos três Decretos dos dias 4 de abril de 1894, 10 de fevereiro de 1897 e 17 de agosto de 1899, e por ter obstinadamente permanecido na cidade de Joazeiro, que pelo Decreto de 10 de fevereiro de 1897 deveria deixar, vem, prostrado aos pés de Vossa Santidade, humildemente implorar que lhe seja permitido expor o seguinte: O mencionado sacerdote Cícero Romão Baptista sofre há tempo de lesão cardíaca, de acordo com os atestados médicos, confirmados pelos sintomas que nele se manifestam; donde surge o grande perigo de que ele tenha um desenlace fatal, com a publicação da referida sentença. Em tais circunstâncias, o suplicante decidiu submeter ao sapientíssimo juízo da Sagrada Congregação do Santo Ofício, em cópia autentica, as declarações claras e categóricas que o mesmo Pe. Cicero escreveu, de livre e espontânea vontade, no mês de dezembro de 1917, e que foram lidas em sua presença a numerosa multidão de fieis, por ocasião de uma santa missão que, então, se realizava com grande fruto na referida cidade de Joazeiro. A partir disto, considerando,</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">1°) Que as condições religiosas da recente paroquia, depois da santa missão, ter melhorado sensivelmente, contando mais de mil comunhões mensalmente;</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">2°) Que a permanência do Pe. Cícero nessa cidade, com a faculdade de celebrar em qualquer outro lugar da Diocese, e bem assim o fato de ele ter se confessado sempre, e até feito duas vezes os exercícios espirituais do Clero, indicam que a autoridade diocesana tenha admitido a legitimidade dos motivos dessa permanência e tenha tolerado; </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">3°) Que o perigo de gravíssimas e deploráveis consequências, que se temia pela sua morte naquele lugar, vem sendo pouco a pouco, removido pela sensível diminuição de seu prestigio nos assuntos religiosos; e mesmo se assim não fosse, não haveria de se esperar o desejado efeito, nem pela sua ida para outro lugar nem pela declaração de sua excomunhão; </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">4a) Que, enfim, já alcançou a avançada idade de setenta e cinco anos e tem precário estado de saúde.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O mesmo suplicante pede permissão para manifestar o seu parecer de que não seja executada a publicação do mandado, e exprime seus desejos de que, pelo bem da paz, seja o Pe. Cicero Romão Baptista absolvido das censuras em que incorreu e lhe seja concedida a faculdade de celebrar a Santa Missa também em Juazeiro, suposta a cláusula especial de observar fielmente as declarações por ele emitidas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Rio de Janeiro, 9 de novembro do ano do Senhor 1920 +Quintino, Bispo Diocesano do Crato.”</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">No dia 23 de fevereiro de 1921, o Santo Ofício analisou a solicitação de Dom Quintino ao Papa, que pede a absolvição das censuras e a permissão de celebrar, e resolveu atender apenas à primeira parte (absolvição das censuras, aí incluindo a excomunhão), mas não concedeu o direito de celebrar, podendo o Padre Cícero receber os sacramentos como simples leigo. Também é feita mais uma vez a recomendação de ele deixar Juazeiro. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">- 3 de junho de 1926. Como Padre Cícero adotou a opção de permanecer em Juazeiro Dom Quintino acatando determinação do Santo Ofício o suspende novamente, retirando-lhe o uso de ordens. Foi esta a última e definitiva punição.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Comentário: foi nessa situação – suspenso de ordens e não excomungado - que Padre Cícero encerrou seus últimos dias de vida, em 20 de julho de 1934. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDwTqAw9r8w1TXm9oYDv8_fnQeo93f2pxDxAXv4bf1vIg6TqC0nqp4hEKcWWCR11f2QlHJ-Eqb3V7FoGTecHFuviMGOGYFRZIc_HR7Ri1gbO1XlxI8gNuZw3I4cHFF5Y0NzpW_Iwy7xG4/s1600/abentoxvi.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDwTqAw9r8w1TXm9oYDv8_fnQeo93f2pxDxAXv4bf1vIg6TqC0nqp4hEKcWWCR11f2QlHJ-Eqb3V7FoGTecHFuviMGOGYFRZIc_HR7Ri1gbO1XlxI8gNuZw3I4cHFF5Y0NzpW_Iwy7xG4/s200/abentoxvi.jpg" width="178" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="font-size: 12.8000001907349px; text-align: center;">Bento XVI</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">CONCLUSÃO: Pela explanação exposta neste trabalho fica evidente que Padre Cícero foi realmente excomungado, mas não morreu excomungado, pois a pena foi revogada pelo Papa Bento XV, permanecendo as outras censuras especialmente a proibição de celebrar. Muitos pedidos implorando a sua reabilitação foram enviados a Roma, todos em vão. O último, protocolado oficialmente e pessoalmente pelo atual bispo da Diocese do Crato, Dom Fernando Panico, na Congregação para Doutrina da Fé, no Vaticano, ocorreu no dia 31 de maio de 2006, mas até agora está sem resposta. A petição acompanhada de relatório e farta documentação, inclusive abaixo-assinado com mais de cem mil assinaturas de devotos do Padre Cícero e 254 de bispos do Brasil, com aval da CNBB, foi entregue ao Cardeal Josef William Levada, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. O Bispo acompanhado de alguns membros da</span><br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEir-V8n86ZGk0TKwU6KmD2fmPCf0bw3Y2MHLMykf274V1a3pP-IxWjzs4dicjStzzARxKxVHsqAPm0EEgasBpc3842iJPoOXnaF-kEYb1YbXsqA9G485cMNEzCY3xG2V0tc3oIYtK4ZFwg/s1600/alevada.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEir-V8n86ZGk0TKwU6KmD2fmPCf0bw3Y2MHLMykf274V1a3pP-IxWjzs4dicjStzzARxKxVHsqAPm0EEgasBpc3842iJPoOXnaF-kEYb1YbXsqA9G485cMNEzCY3xG2V0tc3oIYtK4ZFwg/s200/alevada.jpg" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="font-size: 12.8000001907349px; text-align: center;">Cardeal Josef Levada</td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-family: inherit;">Comitiva ainda conseguiu falar com o Papa Bento XVI numa deferência toda especial de Sua Santidade. Naquele momento histórico chamou a atenção dos membros o olhar de Sua Santidade à foto do Padre Cícero estampada nas camisas vestidas por vários membros da Comissão que foi a Roma. Irmã Annnette Dumoulin, uma das presentes, contou o seguinte: “Ana Teresa e eu, estávamos de cadeira de roda. O Papa cumprimentou todos os cadeirantes. E quando chegou para mim, falei em francês, mostrando a foto do Padre Cicero na minha camisa: "Santo Padre, em nome de milhões de Brasileiros, especialmente nordestinos, estamos aqui pedindo a reabilitação do Padre Cícero." E o Papa me respondeu em francês, olhando o Padre Cícero na minha camisa: "Sim, o Bispo acabou de me falar sobre ele." Então o papa viu Padre Cicero três vezes! Nas camisas de Ana Teresa, de Maria do Carmo e da minha.”</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Pelo exposto fica também evidente que se Padre Cícero saísse de Juazeiro e nunca mais falasse nos Milagres da Hóstia ele continuaria como padre católico. Aí é o caso de perguntar: se ele realmente saísse de Juazeiro e nunca mais falasse nos Milagres ele seria o mesmo Padre Cícero? E sua criação – Juazeiro - o que seria? Teria crescido ou ficaria para sempre como um simples povoado dependente do Crato? Impossível imaginar. Mas, raciocinando dentro do que realmente ocorreu, ousamos afirmar: pagando o alto preço de ter suas ordens suspensas porque preferiu permanecer em Juazeiro, o Padre Cícero certamente morreu consciente de ter feito a coisa certa e, com isso, seu filho - o Juazeiro - só teve a lucrar, pois só chegou aonde chegou (ser uma grande cidade e centro de romaria) por causa dele. E mais, não resta dúvida, a decisão de ficar em Juazeiro, mesmo sacrificando sua carreira eclesiástica, provocou o surgimento de um santo popular e a fundação de uma Nação Romeira. São dois fenômenos que a Igreja jamais destruirá porque ambos foram resultados de ação popular. </span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiw17UJYl9nY2kefzlrWbtDZDF3mq8KO4Y9h2BSF6l1hSJii6_ap_DBOI9qjMp-dUqTlbX46JDrC3tqpaOHqwOejoKwO6GvvzFEOYAbaeyepoTjoxXtCgBHlMt5rnXIFFFj8z6B1bmjD5Q/s1600/annet.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="164" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiw17UJYl9nY2kefzlrWbtDZDF3mq8KO4Y9h2BSF6l1hSJii6_ap_DBOI9qjMp-dUqTlbX46JDrC3tqpaOHqwOejoKwO6GvvzFEOYAbaeyepoTjoxXtCgBHlMt5rnXIFFFj8z6B1bmjD5Q/s640/annet.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="font-size: 12.8000001907349px; text-align: center;">Irmãs Annette e Ana Tereza e Maria do Carmo Pagan Forti quando eram cumprimentadas pelo Papa Bento XVI</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">FONTES</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Della Cava, Ralph. Milagre em Joaseiro. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Maia, Helvídio Martins. Pretensos milagres em Juazeiro. Petrópolis, 1974</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Neri, Feitosa (Pe). Padre Cícero e Juazeiro. Textos reunidos. Fortaleza, Imeph, 2011</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Neto, Lira. Padre Cícero, poder, fé e guerra no sertão. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Oliveira, Amália Xavier de. O padre Cícero que eu conheci. Rio de Janeiro, 1966.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Silva, Antenor de Andrade Silva. Padre Cícero: o calvário de um profeta dos sertões. Recife, 2015. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">_____. Cartas do Padre Cícero. Salvador: Escolas Profissionais Salesianas, 1982.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">_____. Padre Cícero mais documentos para sua história. Salvador: Escolas Profissionais Salesianas, 1989.</span></div>
Daniel Walkerhttp://www.blogger.com/profile/13137424418058559442noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3707568004086023732.post-69165038621634309412014-08-11T16:16:00.002-07:002014-08-11T16:16:45.519-07:00O MILAGRE DE JUAZEIRO (Fernando Maia da Nóbrega)<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1mwb7Vdc82RRUJ2BR95IfMmNHfWUDVH1FdoAgRtduyxn9IwX2RbWUwiXk8F25s-q3xL-SJl6oo6OwPygKwfQRilw7WGe_pU8hmVFgB4cL93TEWym3aDvm7GY0PN5itv05Gnycf45D05TR/s1600/milagre.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1mwb7Vdc82RRUJ2BR95IfMmNHfWUDVH1FdoAgRtduyxn9IwX2RbWUwiXk8F25s-q3xL-SJl6oo6OwPygKwfQRilw7WGe_pU8hmVFgB4cL93TEWym3aDvm7GY0PN5itv05Gnycf45D05TR/s1600/milagre.jpg" height="240" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
No ano do centenário de morte da Beata Maria de Araújo, bem como, decorridos oitenta anos do falecimento do Padre Cícero Romão Batista, é oportuno se debruçar sobre os pretensos milagres ocorridos em Juazeiro do Norte, a partir de 1889, envolvendo os dois protagonistas desses fatos.</div>
<div style="text-align: justify;">
Muito embora haja farta literatura abrangendo o assunto, a história real, verdadeira, ainda é bastante distorcida pelo público, gerando falsas interpretações e julgamentos tendenciosos, mormente por pessoas não especializadas na matéria, justificando, destarte, mais uma abordagem.</div>
<div style="text-align: justify;">
Tudo teve início em 1º de março de 1889. Após exaustivo dia de confissões e comunhões, Padre Cícero ao ministrar a eucaristia à beata Maria Magdalena do Espírito Santo Araújo, constatou estupefato que a hóstia consagrada havia se transformado em sangue! Diante da gravidade do assunto o reverendo achou por bem silenciar. Entretanto, Monsenhor Francisco Rodrigues Monteiro, contrariando os desejos do Padre Cícero, divulgou oficialmente perante mais de três mil pessoas assistentes de uma missa, na Igreja de Nossa Senhora das Dores, em Juazeiro do Norte, os acontecimentos extraordinários ocorridos anteriormente. Durante o ato litúrgico o reverendo exibiu aos atônitos fiéis as toalhas tintas de sangue!</div>
<div style="text-align: justify;">
A notícia se espalhou rapidamente por todo o nordeste brasileiro atraindo milhares de romeiros a Juazeiro. Em Iº de maio de 1891, 20 mil pessoas presentes à missa realizada na matriz de Juazeiro assistiram ao momento em que a hóstia, novamente em contato com a boca da Beata, se transformou em sangue! Entre todos se destacava um médico do Rio de janeiro, Dr. Marcos Madeira, que clinicou imediatamente Maria de Araújo, a qual apresentava um estado de êxtase, total arrebatamento espiritual, e de sua boca entreaberta, foi retirada a partícula de massa, ministrada na eucaristia, com marcas de sangue. Verificou também o médico que no corpo da Beata havia feridas sanguíneas nos pés, mãos, nas vértebras dorsais e testa. Para espanto de todos, do corpo de Maria de Araújo brotava sangue nos mesmos lugares do Cristo crucificado! Um milagre divino em pleno sertão nordestino!</div>
<div style="text-align: justify;">
Contrariando a expectativa geral, em 18 de novembro de 1891, a Igreja Católica se pronunciava sobre os fenômenos ocorridos em Juazeiro, taxando-os de enganosos e falsos e não aceitando como científico o laudo emitido pelo Dr. Marcos Madeira afirmando que Beata não estava doente e garantia que a aparição da hóstia era “(...) um fato sobrenatural para o qual não me foi possível encontrar explicação científica (...)”.</div>
<div style="text-align: justify;">
Vale ressaltar que Dom Joaquim, Bispo da Diocese do Ceará, enviou para Juazeiro uma Comissão de Inquérito com o intuito de apurar os fatos ocorridos e foi constatada pelos integrantes a veracidade absoluta dos fenômenos sucedidos. Inconformado, Dom Joaquim mandou uma segunda inquisitiva que chegou ao resultado aspirado pelo Reverendo negando, desta forma, a possibilidade de manifestação milagrosa.</div>
<div style="text-align: justify;">
Daí em diante a repressão eclesiástica se fez presente. No dia 10 de novembro de 1891, uma portaria de Dom Joaquim proibia a todos os sacerdotes de sua jurisdição de confessar, pregar e celebrar qualquer festa religiosa na cidade de Juazeiro.</div>
<div style="text-align: justify;">
Já em 1897, a Igreja católica ameaçava o Padre Cícero de excomunhão caso não se retirasse do povoado no prazo de 10(dez) dias.</div>
<div style="text-align: justify;">
Por fim, veio a palavra final da Igreja através da Suprema Congregação da Santa inquisição Romana Universal condenando definitivamente os milagres em Juazeiro.</div>
<div style="text-align: justify;">
Hoje, cento e vinte anos após a ocorrência dos pretensos milagres, cem anos depois o falecimento da Beata, a Igreja ainda reluta em aceitar a transformação da hóstia em sangue e os estigmas de Maria de Araújo como milagre. Ainda é difícil a Igreja concordar que Deus possa ter se manifestado a um povo subdesenvolvido... Ela aceita como milagroso qualquer fato inexplicável e provado... se ocorrido na Europa.</div>
<div style="text-align: justify;">
O povo, porém, teve a coragem de santificar um homem, o Padre Cícero, que um século antes da própria Igreja fez a opção pelos pobres. O povo teve a ousadia de cultuar uma mulher analfabeta, negra, no caso, Maria de Araújo. Quem pode duvidar? Afinal como disse o Profeta Isaías 43;13 “Agindo Deus quem impedirá?</div>
Daniel Walkerhttp://www.blogger.com/profile/13137424418058559442noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3707568004086023732.post-75999004937521656282014-07-23T08:45:00.001-07:002014-07-23T08:45:20.455-07:00Por que o Padre Cícero foi excomungado?<div class="Style2" style="margin-top: 0.5pt; text-align: justify;">
<span class="FontStyle12"><span lang="PT"><span style="font-size: large;"><b>José Pereira Gondim</b></span><span style="font-size: x-small;"><o:p></o:p></span></span></span></div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIzg7-TNaBsN2IyMblMcvwmGGp6P4ZOWa5CBfSfaT6aU_hc3DE30fg-p9UV2Uuo95vLii0YVMVkbCGoqwxM-Ee41jDZ0Pa4s0JqeYpnU3cFgsEFPXk07j2LjZ0_RM9RUfpP31vka-QXzM/s1600/apc.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIzg7-TNaBsN2IyMblMcvwmGGp6P4ZOWa5CBfSfaT6aU_hc3DE30fg-p9UV2Uuo95vLii0YVMVkbCGoqwxM-Ee41jDZ0Pa4s0JqeYpnU3cFgsEFPXk07j2LjZ0_RM9RUfpP31vka-QXzM/s1600/apc.jpg" height="206" width="320" /></a></div>
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Há mais de cem anos a Igreja Católica Apostólica Romana excomungou o Padre Cícero Romão Batista, todavia, ultimamente já chega a celebrar missas em honra de sua memória, nas quais lhe dá "vivas" em abundância, muito embora nunca tenha sinalizado com uma data certa, onde um perdão oficial por parte dessa Entidade seria adicionado a sua trajetória de bom cristão. Durante longo período, no Brasil e por todo mundo católico, beatos e santos foram surgindo, no entanto, um ato de amor e perdão por parte da Igreja, e no tocante ao Padre Cícero, jamais foi cogitado, o que suscita as indagações: Onde andará esse amor pregado pela Igreja? E o apregoado perdão, onde reside? O Imperador Romano Flávio Valério Constantino (São Constantino) foi "guindado" a santo pela Igreja, apesar de ter mandado matar um filho, a esposa, dois meios irmãos, três sobrinhos e o sogro, enquanto o Padre Cícero não se enquadra em nenhum ato de violência. Muito pelo contrário foi conselheiro da massa, dos miseráveis, Prefeito, Deputado Federal e Vice-governador do Estado do Ceará. Foi também eleito o cearense do século, homenageado com a terceira maior estátua de concreto do mundo, e, além do filho mais ilustre de Juazeiro do Norte, a segunda maior cidade do Ceará, seu nome, literalmente é responsável por uma das maiores romarias do Brasil, ou a visita, exclusivamente a seu túmulo, anualmente, por 2,5 milhões de romeiros, ou pessoas de todos os extratos sociais do Nordeste, do País.</div>
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Quando a Igreja vai devolver as ordens sacerdotais do filho mais ilustre do Juazeiro, Padre Cícero Romão Batista excomungado há mais de um século?</div>
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Quando também devolverá os restos mortais da beata Maria de Araújo exumados clandestinamente por monsenhor José Alves de Lima visando o seu "descanso" em local conhecido e de acordo com a tradição cristã?</div>
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O entendimento do pretenso milagre do Juazeiro é uma questão meramente de fé (assim como falou Pio XII sobre a existência de Jesus, num Congresso sobre História, em 1955), pois os fatos "miraculosos" envolvendo sangue, como San Genaro, em Nápoles, e outros mais na Europa, além de polêmicos não são unanimidade quanto à procedência sobrenatural. Se você é juazeirense, nordestino, simpatizante da causa da reabilitação do sacerdote, romeiro residente ou não na Cidade, admirador ou não do Padre Cícero, mas, uma pessoa inimiga de injustiças tem plena condição de atuar na reversão do quadro (devolução in memoriam das ordens sacerdotais) mostrando a Igreja que faz parte daqueles que não veem com bons olhos esse comportamento cínico (celebra missas, e dá "vivas" ao Padre Cícero, no entanto, se nega a dar-lhe o perdão) e oportunista da Entidade. Junte-se a mim nessa "cruzada" e quando formos milhares, milhões a gente marca a data desses eventos, pois nada nesse mundo pode ir contra a vontade do povo unido e ciente do que quer, e nem mesmo a Igreja. O Vaticano sabe disso pode crer!</div>
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"Não seria justo e honesto trocar-se tanta missa e "vivas" em homenagem ao Padre Cícero por um pouco de amor e perdão através da Igreja e traduzidos na devolução de suas ordens sacerdotais"? "O "perdão informal" é ganhar tempo, não tem valor"!</div>
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"A Igreja pode até não querer, mas, os devotos e admiradores do Padre Cícero exigem dela a devolução de suas ordens sacerdotais, plenamente confiantes de que a 'voz do povo é a voz de deus', ou essa Entidade ignora ou não sabe disso"?</div>
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O perdão do Padre Cícero só depende de você! Use uma camisa, porte um cartaz ou uma faixa exigindo esse perdão que a Igreja cede. Faça circular um manifesto igual a este, na próxima semana, no próximo mês que a Igreja muda de atitude!</div>
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Durante quase um século, os fiéis, devotos e admiradores do Padre Cícero rezaram benditos, jaculatórias e nada conseguiram. E chegado o momento dos "manifestos, das passeatas", do contrário vamos morrer sem constatar a mínima mudança!</div>
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Afinal, que significam amor e perdão para a Igreja? Esperar mais cem anos? Já basta de Comissão de Estudos que a nada leva. Se a Igreja a não muda, mude você!</div>
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Assim como eu tome a iniciativa e reproduza esse manifesto, ou crie outro, no entanto, junte-se a mim e quando formos milhões a Igreja acorda, desce do muro!</div>
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NOTA: Não vai ser completamente estranho pra esse Autor, se pessoas que se dizem devotos, admiradores do Padre Cícero, mas, que nunca tiveram qualquer tipo de iniciativa para com o problema, ou de se exigir formalmente uma solução da Igreja sobre o assunto entenderem que o mesmo procura se promover. Pensem o que quiserem, mas, seu objetivo está ligado ao combate à injustiça tomando por base uma declaração de Martin Luther King: "Para criar inimigos não é necessário declarar guerra a eles, basta somente que você diga o que pensa". AMÉM!</div>
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José Pereira Gondim é um cidadão que abomina oportunismo e injustiças, autor das trilogias (livros): A Forja do Cinismo e Jesus e o Cristianismo, onde esse e outros temas conflitantes são tratados com responsabilidade, mas, sem eufemismos. Como não se trata de denúncia anônima o documento é assinado, pois a Igreja poderá optar em excomungá-lo, processá-lo, ou mesmo torná-lo "persona non grata" por se manifestar diferentemente da maioria.<br />
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Daniel Walkerhttp://www.blogger.com/profile/13137424418058559442noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3707568004086023732.post-44895292746040391292014-06-24T05:45:00.003-07:002014-06-24T05:45:25.200-07:00O Padre Cícero é santo - Fernando Azevedo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbTL1EeulhryQUtNtniVbkFQKsiJvzjKAZEVagOP3729enmv34royhPMdDKzxS3BLY3HBmFXkP8ORZVsoPJez1EBXqaceAfL5t9XtGa_EAYsSGSEr5FAX6Hn7VeiaETC-8rDQpieUgvWCO/s1600/ffoto26.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbTL1EeulhryQUtNtniVbkFQKsiJvzjKAZEVagOP3729enmv34royhPMdDKzxS3BLY3HBmFXkP8ORZVsoPJez1EBXqaceAfL5t9XtGa_EAYsSGSEr5FAX6Hn7VeiaETC-8rDQpieUgvWCO/s1600/ffoto26.jpg" height="320" width="260" /></a></div>
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É Deus o único Santo por Si próprio, assim nos ensina a Tradição Católica. Dizemos muitas vezes na Missa: Só Vós sois o Santo, Só vós o Senhor. Entretanto, graças à Redenção operada por Nosso Senhor Jesus Cristo, atualizada na Igreja pelo Espírito Santo, todo batizado é portador da santidade, presença viva nele, do próprio Jesus Cristo; cujo Espírito nos santifica, e conduz à santificação completa, "sem a qual ninguém verá o Senhor". Não é a Igreja que santifica, mas Cristo, Vivo e atuante na Igreja, Quem santifica os fiéis pelo Seu Santo Espírito. A Graça, com efeito, não é dada somente para remissão dos pecados, mas também para incremento de vida sobrenatural, sempre frutífera, fecunda em boas obras. Jesus deu a receita para que todos tivéssemos nEle a santidade, que é a vida espiritual da Graça. "Todo ramo que permanece unido a mim, frutifica". O Padre Cicero é santo, porque sua vida, suas boas obras, seu testemunho de fidelidade à Igreja, mesmo em contradições institucionais, são inegáveis. O próprio Jesus nos deu o sinal de verdadeiros profetas: "Pelos seus frutos os conhecereis". O Padre Cícero foi e é até hoje, arauto da unidade na Igreja, símbolo vivo de uma Igreja que é ao mesmo tempo militante, padecente e triunfante. Uma Igreja composta de homens, mas por Graça e Presença Viva do Fundador, SANTA. Todos nós somos chamados a ser santos. "Sede santos como Eu Sou Santo". E para ser santo não precisa, como já foi dito, nem rezar muito, nem sofrer muito...Mas AMAR muito. Cada um de nós pode amar e dar um pouco mais de amor à Igreja, à humanidade, e ao mundo. O Padre Cícero fez isso a vida toda, amando e servindo os irmãos. Não fez dos "milagres" sua bandeira, mas dos pobres, a sua missão, como genuíno seguidor de Cristo pobre. Foi aos pobres que destinou Deus por Jesus, o anúncio do Evangelho. Ele mesmo o afirmou: "para proclamar o Evangelho aos pobres". E o Padre Cícero foi fiel, como santificado pelo Espírito da Vida e da Verdade, a lutar pela vida, e proclamar a Verdade da libertação evangélica aos pobres, dos quais é o Reino dos Céus. À medida que a Igreja se aproxima mais das suas fontes primitivas, reconhecendo seu tesouro verdadeiro, que é como já dizia São Clemente, Papa...OS POBRES...Aqueles testemunhos mais vivos da santidade próxima da santa pobreza, são reconhecidos, são declarados santos e assim canonizados. Temos agora um Papa com nome de FRANCISCO, e é de esperar que em breve tenhamos mais um santo dos pobres, um santo do povo, o Padre Cícero de Juazeiro. Assim Seja. </div>
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Daniel Walkerhttp://www.blogger.com/profile/13137424418058559442noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3707568004086023732.post-65030106886102831752014-05-05T10:33:00.000-07:002014-05-05T10:33:13.721-07:00Dom Samuel Dantas de Araújo: três sonetos sobre figuras da história do Ceará <b>O BISPO DOM JOAQUIM…</b><br />
<br />
Como tantos outros antes de vós<br />
Ao funesto cancro da inveja sucumbistes<br />
Movendo a nosso padim, perseguição sem limites<br />
Injusta, iniqua, criminosa e atroz<br />
<br />
Vós, um alto dignitário da santa Igreja<br />
Procedestes como um feroz tirano<br />
Impiedoso, autoritário e desumano<br />
Vítima do monstro chamado inveja<br />
<br />
Por vossa causa, um homem justo e santo<br />
No silêncio do seu calvário, padeceu tanto!<br />
Como se da humana justiça fosse um réu…<br />
<br />
Vos comportastes como os vís algozes<br />
De Jesus, que entre sarcasmos e blasfêmias atrozes<br />
Deram-lhe para beber, amaríssimo fel.<br />
<br />
<b>A BEATA MARIA DE ARAÚJO</b><br />
<br />
A semelhança do divino e manso cordeiro<br />
Fostes neste mundo duramente perseguida<br />
Passastes todo o curso de vossa sofrida vida<br />
Misticamente cravada em um madeiro<br />
<br />
Sem terdes tido jamais um instante de sossego<br />
Trazíeis em vosso peito, de Cristo o amor<br />
No corpo portáveis as dores do vosso Senhor<br />
Perseguida por um invejoso néscio e cego<br />
<br />
Deus porém, que não deixa sem copiosa recompensa<br />
Quem nesta vida o serve, buscando-lhe a glória<br />
Vos reservou no céu uma alegria imensa!<br />
<br />
E já que estais, ó beata, de Deus tão perto<br />
Rogai pelos que defendem na terra vossa memória<br />
Enquanto peregrinam neste árido deserto.<br />
<br />
<b>AO PADRE CÍCERO ROMÃO BATISTA</b><br />
<br />
Fidelíssimo dispenseiro da palavra divina<br />
Digno administrador dos santos sacramentos<br />
Santo entre os santos, bento entre os bentos<br />
Cuja vida, nosso Cariri até hoje ilumina.<br />
<br />
Pastor piedoso, que elegestes a dama pobreza<br />
Como a suave companheira de vossa vida<br />
Que fizestes da salvação do próximo, vossa ocupação preferida<br />
E tivestes somente no céu, a única e verdadeira riqueza.<br />
<br />
Vós que passastes por este mundo qual uma estrela<br />
Peregrina, por Deus destinada a espargir a divina luz<br />
Nos miseráveis perdidos que não conseguiam vê-la…<br />
<br />
Ó santo já canonizado por todo querido nordeste<br />
Na excelsa ventura da pátria eterna e celeste<br />
Rogue por seus devotos ao Senhor Jesus…<br />
<br />
<br />Daniel Walkerhttp://www.blogger.com/profile/13137424418058559442noreply@blogger.com0