sexta-feira, 6 de julho de 2012

Faltou pano preto na missa do Padre Cícero

Depoimento de Assunção Gonçalves
Quando Padre Cícero morreu muita gente já foi ao seu enterro vestindo roupa preta em sinal de luto. Mas no dia de sua missa do sétimo dia a multidão que compareceu à igreja vestindo luto foi extremamente grande. Esgotou-se em poucas horas todo o estoque de tecido de cor  preta existente nas lojas do Cariri e como não foi possível chegar nova remessa de Fortaleza, muitas pessoas adotaram uma solução interessante e que deu certo. Compraram tecido de outra cor e tingiram de preto, usando um preparado feito com semente de jucá. As pessoas pilavam a vagem de jucá e faziam um chá que depois era misturado com lama do rio Salgadinho e aí a roupa era imersa por algum tempo. O resultado era um tecido de cor escura que servia perfeitamente para se confeccionar roupa de luto. Só assim foi possível tanta gente comparecer à missa do sétimo dia da morte de Padre Cícero vestindo roupa preta. Como Padre Cícero pediu em seu testamente que no dia da sua morte fosse celebrada uma missa em sufrágio da sua alma, até hoje esse costume é respeitado e muita gente vai à missa vestindo roupa preta ou branca (também cor usada como luto). No começo a roupa preta era mesmo em sinal de luto; depois a roupa preta passou a ser usada como compromisso assumido por causa de graça alcançada. As pessoas fazem promessa para ir à missa e passar o resto do dia com roupa preta, quando o pedido é atendido. E pelo visto o costume pegou e aumenta a cada missa. Quem visita Juazeiro no dia 20 de cada mês, fica admirado de ver tanta gente andando nas ruas vestindo preto.   

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