Depoimento de Assunção Gonçalves
Quando
Padre Cícero morreu muita gente já foi ao seu enterro vestindo roupa preta em
sinal de luto. Mas no dia de sua missa do sétimo dia a multidão que compareceu à
igreja vestindo luto foi extremamente grande. Esgotou-se em poucas horas todo o
estoque de tecido de cor preta existente
nas lojas do Cariri e como não foi possível chegar nova remessa de Fortaleza,
muitas pessoas adotaram uma solução interessante e que deu certo. Compraram
tecido de outra cor e tingiram de preto, usando um preparado feito com semente
de jucá. As pessoas pilavam a vagem de jucá e faziam um chá que depois era
misturado com lama do rio Salgadinho e aí a roupa era imersa por algum tempo. O
resultado era um tecido de cor escura que servia perfeitamente para se
confeccionar roupa de luto. Só assim foi possível tanta gente comparecer à
missa do sétimo dia da morte de Padre Cícero vestindo roupa preta. Como Padre
Cícero pediu em seu testamente que no dia da sua morte fosse celebrada uma
missa em sufrágio da sua alma, até hoje esse costume é respeitado e muita gente
vai à missa vestindo roupa preta ou branca (também cor usada como luto). No começo
a roupa preta era mesmo em sinal de luto; depois a roupa preta passou a ser
usada como compromisso assumido por causa de graça alcançada. As pessoas fazem
promessa para ir à missa e passar o resto do dia com roupa preta, quando o
pedido é atendido. E pelo visto o costume pegou e aumenta a cada missa. Quem
visita Juazeiro no dia 20 de cada mês, fica admirado de ver tanta gente andando
nas ruas vestindo preto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário