sexta-feira, 3 de agosto de 2012

O GRÃO DE MOSTARDA EM JUAZEIRO DO PADRE CÍCERO Por: RODRIGO RIOS – diácono e jornalista.


Em uma de suas muitas parábolas, Jesus Cristo nos contou a do grão de mostarda, afirmando ser este uma pequeníssima semente que, ao ser plantada, cresce e se torna a maior das hortaliças, a ponto de poder abrigar pássaros em seus arbustos. O contraste entre a pequenez e o êxito de crescimento, Jesus utiliza para fazer entender o Reino dos Céus.

Todavia, o que tem a ver o grão de mostarda com Juazeiro de Padre Cícero, sugerido como tema deste artigo? Explicarei.

Recentemente, tive a oportunidade de ir em Romaria para Juazeiro do Norte (CE). Por ser nordestino, conhecia a história de Padre Cícero e, consequentemente, da cidade, junto aos diversos mitos existentes acerca deste sacerdote. Construí, assim, uma imagem, como a de muitos até hoje, de um Juazeiro não desenvolvido, pequeno, sem saneamento ou algum outro tipo de progresso, local de romarias, onde as pessoas iam em transportes com condições subumanas. Isto com certeza não me era nada atrativo.

Constatei no livro O Patriarca de Juazeiro, que lá recebi, ser esta a imagem de décadas atrás, quando Padre Cícero, nascido no Crato, foi enviado para Juazeiro. Segundo o autor, a localidade era “pouco mais do que um arraial desprezível, sendo retardatária, ignorante e pobríssima a sua população, cerca de mil e tantas almas, contadas as famílias de uma légua em redor; no povoado propriamente dito, havia umas cinquenta a sessenta casas, quase todas cobertas de palhas e de humílima aparência”.

Indo como verdadeiro missionário, Padre Cícero levou a presença de Deus para os que ali moravam, junto a um desenvolvimento inimaginável naquela época. Sendo o primeiro prefeito, fez história com suas iniciativas de progresso.

Atualmente, Juazeiro é considerado um dos maiores centros de religiosidade popular da América Latina, atraindo milhões de pessoas anualmente. Segundo o último censo do IBGE, a população do município é estimada em mais de 240 mil habitantes, que o torna o terceiro mais populoso do Ceará, sendo a taxa de urbanização de 95,3%.

De fato, o sacerdote plantou um pequeno grão de mostarda, desprezível para tantos em sua época, mas que hoje cresceu e se tornou viçoso, a ponto de deslumbrar quem visita Juazeiro nos tempos hodiernos